terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Senhor compadeceu-se dela e disse-lhe: Não chores. (Lc 7,13)

Jesus vai a caminho da cidade de Naim e encontra-se com uma pobre viúva que acompanhada pela multidão vai a sepultar o seu único filho. Diante de tal cena é impossível ficar insensível, e Jesus cheio de compaixão aproxima-se daquela pobre mulher e do cortejo fúnebre.
Jesus sabe a fragilidade em que aquela mulher se encontra, pois sem marido e sem filho a sua sobrevivência fica dependente da caridade dos outros, da família e do grupo dos vizinhos. Mais tarde entregará a sua própria mãe ao discípulo mais querido para que não lhe aconteça o mesmo.
Ao aproximar-se desta mulher e ao compadecer-se da sua situação de perda e fragilidade Jesus revela o coração do Pai, revela a sua missão mais profunda, pois também por causa da fragilidade da humanidade o Pai o enviou ao mundo. Jesus vem ao encontro das lágrimas da humanidade, do sofrimento provocado pela perda do que é mais querido.
Ao ordenar ao filho desta pobre viúva que se levante e recobre a vida, Jesus anuncia já a sua vitória sobre a morte e a ressurreição que é oferecida a todos os homens. Jesus anuncia a possibilidade do fim das lágrimas por causa da morte.
Ao fazê-lo, Jesus revela uma outra realidade, tantas vezes esquecida; Deus é um Deus de vivos, e é um Deus de relação, um Deus que se mantém próximo e sensível às preocupações e sofrimentos da humanidade, não é um Deus distante e insensível, encerrado na sua glória egoisticamente.
O nosso Deus é um Deus de amor, um Deus de compaixão, um Deus que arriscou partilhar a nossa condição humana, a nossa fragilidade, e experimentar o sofrimento nas suas mais diversas formas, físicas e espirituais, para nos libertar da condenação desse mesmo sofrimento.
Hoje, Jesus continua a vir ao nosso encontro compadecido, e convida-nos também a ir ao encontro dos nossos irmãos de coração aberto, dispostos a partilhar e a aliviar as suas dores e o seu sofrimento.
Hoje, Jesus continua a convidar-nos a não chorar. Não será a oportunidade e o momento para olharmos o nosso dia e à nossa volta com outro olhar?
 
Ilustração: “Ressurreição do filho da viúva de Naim”, de Eustache Le Sueur, igreja de Saint Roch, Paris.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Leio e fico a reflectir no texto da Meditação que partilha, profundo, que me toca especialmente, que vem ao nosso encontro, da nossa realidade, das nossas fragilidades e que simultaneamente nos conforta e desafia. Permita-me que respigue alguns excertos.
    ...” O nosso Deus é um Deus de amor, um Deus de compaixão, um Deus que arriscou partilhar a nossa condição humana, a nossa fragilidade, e experimentar o sofrimento nas suas mais diversas formas, físicas e espirituais, para nos libertar da condenação desse mesmo sofrimento.
    Hoje, Jesus continua a vir ao nosso encontro compadecido, e convida-nos também a ir ao encontro dos nossos irmãos de coração aberto, dispostos a partilhar e a aliviar as suas dores e o seu sofrimento.
    Hoje, Jesus continua a convidar-nos a não chorar.”… Que difícil não chorar no nosso peregrinar, silenciosamente, ainda que Frei José Carlos nos convide a “olharmos o nosso dia e à nossa volta com outro olhar”.
    Que o Senhor nos conforte e ensine a compaixão, a misericórdia para com o nosso próximo.
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas e que ilustrou maravilhosamente. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e proteja.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva


    O Bom Samaritano

    Senhor, abre hoje os nossos corações,
    para que eles estejam sempre disponíveis para os nossos próximos.
    Que nós os reconheçamos em todos os momentos
    e em todas as situações.
    Que nós estejamos sempre dispostos a ajudar,
    a servir os nossos próximos,
    não para aliviarmos as nossas consciências,
    mas por amor Senhor, por amor.
    Para que seja verdade e vida em nós
    o Teu Mandamento:
    «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com
    toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento,
    e ao teu próximo como a ti mesmo.»
    Ámen.

    (extraído da internet, “apenas oracão”)

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