quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Tudo é vosso mas vós sois de Cristo (1Cor 3,23)

Não nos poderia ser dada maior liberdade, mas também maior responsabilidade.
Quanto maior é a liberdade maior é a responsabilidade do que fazemos com ela.
São Paulo oferece e apresenta aos Coríntios todas as realidades, materiais e espirituais, faculta-lhes a liberdade de tudo usufruir, mas recorda-lhes que antes e depois dessas mesmas realidades está a pertença a Cristo. Vós sois de Cristo!
Se tivéssemos presente em cada momento e em cada acção esta pertença como certamente as coisas seriam diferentes, como teríamos já mudado o mundo à nossa volta.
Porque o sentido e a consciência de pertencer a Cristo nos libertaria da pretensão de tudo possuir, do centralismo do nosso egoísmo, nos facultaria a paz e a alegria de nos sentirmos irmão e colaboradores de uma obra que é comum.
Este é o desafio, ser de Cristo, em tudo e com todos; nos sentimentos, nas palavras, nas acções, no uso da terra e dos bens, no respeito pela natureza e pela liberdade do outro, na construção pessoal e comunitária em ordem à plenitude.
Ser de Cristo é saber-se convocado à vida em plenitude, à completa realização em todos os âmbitos, mas igualmente convocado a transfigurar essa mesma realização humana com o amor que identifica o homem como filho e herdeiro de Deus.
 
Ilustração: “Família de Alexandre III da Rússia recebendo a bênção de Jesus”, de Ivan Makarov, Museus da Russia.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Ao recordar-nos um dos excertos da Primeira Epístola do Apóstolo S.Paulo aos Coríntios, coloca-nos perante “ um desafio no qual usufruímos de toda a liberdade mas também temos a maior responsabilidade do que fazemos com ela”.
    Como nos diz esse desafio é …” ser de Cristo, em tudo e com todos; nos sentimentos, nas palavras, nas acções, no uso da terra e dos bens, no respeito pela natureza e pela liberdade do outro, na construção pessoal e comunitária em ordem à plenitude.” …
    Se esta pertença a Cristo, Frei José Carlos, é uma verdade e realidade para muitos de nós, Interrogo-me frequentemente, porque falhámos e continuamos a afastar-nos da construção de um mundo mais justo, de paz, mais solidário. Como fazer para que este desejo de transformação pessoal, comunitária, universal não seja uma mera utopia?
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas que nos desinstalam.
    Continuação de um bom dia. Que o Senhor o ilumine, abençoe e o guarde.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe de novo o texto de uma oração.


    ENSINA-ME
    A COMPAIXÃO

    Peço-te, Senhor, pela compaixão. Não me permitas subir pelo tempo fora aparelhado de uma indiferença crescente. Não me deixes supor o mundo, com todas as suas dores, como um flagelo distante. Não consintas no meu virar de cara rotineiro; na minha surdez aos desgostos alheios; na dureza prática com que encaro as fragilidades que irrompem na vida dos outros. Ensina-me a compaixão, a misericórdia, o cuidado. Ensina-me a prece verdadeira que dos gestos do bom samaritano subia até Ti.

    (In, Um Deus Que Dança, Itinerários para a Oração, José Tolentino Mendonça, 2011)

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