A parábola que Jesus
conta sobre a avareza é verdadeiramente impressionante, pois o homem cuja
colheita foi abundante não tem culpa disso e o mais natural é que aumente os
seus celeiros para poder recolher a produção.
No âmbito da cultura
semita a produção, e uma excelente produção, era uma manifestação da bênção de
Deus. Os rebanhos que se multiplicavam, os frutos que cresciam, os negócios que
prosperavam eram um sinal da presença de Deus, da sua protecção e auxílio, um
sinal também da fidelidade dessa mesma pessoa a Deus.
Contudo, tudo isto, a bênção
de Deus, torna-se condenação quando como o homem da parábola não há o
reconhecimento do outro, que pode precisar e com quem podemos partilhar.
A bênção de Deus é
sempre um dom e um meio para a frutificação, para a realização da salvação do
outro e com o outro. Não podemos por isso encerrar-nos na nossa
individualidade, no nosso egoísmo, assumindo o outro num duplo de nós próprios com
quem falamos como fala o homem da parábola.
Não poderemos dizer a
nós próprios, como acontece na parábola, porque a bênção de Deus, os dons e as
riquezas, são para dizer ao outro, para manifestar ao outro a graça e o amor de
Deus, para o despertar para essa bênção se tal for necessário.
Por isso a grande
questão na hora da morte, para quem serão os bens que acumulastes? Porque não
te enriquecestes aos olhos de Deus enriquecendo os teus irmãos, partilhando com
eles a mesma bênção que tinhas recebido?
Afinal, é esse o fim
de todos os dons de Deus, de todas as riquezas materiais ou espirituais que nos
chegam, servirem de meio e possibilidade para o encontro dos outros com Deus
que abençoa e enriquece.
Devemos por isso
aproveitar todas as oportunidades, todas as realidades, todos os nossos dons e bênçãos,
para proporcionar o encontro e a multiplicação da bênção de Deus. Somos instrumentos,
pontes, caminhos que devem levar a Deus, e a bênção de Deus é o sinal do
sentido obrigatório a seguir.
Ilustração: “Homem
comendo num campo”, de David Gilmour Blythe, Museu de Arte de Pittsburgh,
Pensilvânia.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarO texto da Meditação que teceu e partilha é profundo, constitui uma importante reflexão para cada um de nós. Como nos afirma ...” A bênção de Deus é sempre um dom e um meio para a frutificação, para a realização da salvação do outro e com o outro. Não podemos por isso encerrar-nos na nossa individualidade, no nosso egoísmo, assumindo o outro num duplo de nós próprios com quem falamos como fala o homem da parábola.(…)
(…) Por isso a grande questão na hora da morte, para quem serão os bens que acumulastes? Porque não te enriquecestes aos olhos de Deus enriquecendo os teus irmãos, partilhando com eles a mesma bênção que tinhas recebido?
Afinal, é esse o fim de todos os dons de Deus, de todas as riquezas materiais ou espirituais que nos chegam, servirem de meio e possibilidade para o encontro dos outros com Deus que abençoa e enriquece.”…
Grata, Frei José Carlos, pela partilha. Bem-haja, por recordar-nos que …” Somos instrumentos, pontes, caminhos que devem levar a Deus, e a bênção de Deus é o sinal do sentido obrigatório a seguir.”
Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva