sábado, 13 de outubro de 2012

Felizes os que escutam a Palavra e a põem em prática (Lc 11,28

É uma mulher que do meio da multidão elogia a mãe de Jesus, colocando a sua grandeza e felicidade na maternidade, no facto de ter dado à luz e amamentado um filho tão especial.
É um elogio que podemos dizer que fica bem, porque como diz o povo “quem meu filho beija minha boca adoça”. Neste caso os polos invertem-se e é a mãe que é beijada pelo elogio para ser adoçado o filho.
Jesus não precisa destes subterfúgios para fazer o bem e sabe também que a grandeza daquela que lhe deu a vida não está na maternidade mas no acolhimento da proposta de Deus de participar com a sua maternidade no projecto de salvação.
A grandeza de Maria radica no acolhimento da Palavra de Deus, no convite feito pelo anjo Gabriel para ser mãe do Salvador, com tudo o que isso implicava de desconhecido, de risco, de um futuro insuspeito.
Foi esse acolhimento, essa aceitação, que lhe permitiu ser mãe, que lhe permitiu que o Verbo se gerasse no seu seio e o pudesse amamentar depois de nascer. Foi esse acolhimento que lhe permitiu enfrentar todos os desafios e situações que derivaram desse mesmo nascimento, como a fuga para o Egipto ou a perda do menino em Jerusalém.
Também a nós, a cada um de nós, é feito o mesmo convite, é oferecida a mesma oportunidade. Também nós podemos gerar o Verbo e alimentá-lo na nossa carne. Todos estamos chamados e convidados a essa felicidade, a poder realizar a maternidade ou a paternidade da Palavra de Deus.
E em verdade, cada um pode e tem a sua maneira pessoal de a realizar. A Palavra não se copia em cada um de nós, não é o fruto de um processo de clonagem, mas incarna-se verdadeiramente assumindo a realidade da nossa própria humanidade e da história que vivemos. A Palavra faz-se Verbo em cada um de nós.
Para tal necessitamos dispor-nos a isso, acolhê-la na nossa vida e tal como diz Jesus, guardá-la na nossa vida nesses pequenos gestos do quotidiano que a fazem carne e a fazem vivente, que a fazem incarnação aqui e agora.
Apesar de todas as nossas interrogações e fragilidades, da nossa pequenez e descuidos, que saibamos como Maria dizer sim, que se faça em nós a tua Palavra.
Ilustração: “Virgem com o menino”, Fresco de Pinturicchio, Capela do Bispo de Eroli, Catedral de Spoleto.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Muito grata pelo excelente texto do Evangelho de S.Lucas,que partilhou connosco.Como nos diz o Frei José Carlos e muito bem,a grandeza de Maria radica no acolhimento da Palavra de Deus,no convite feito pelo Anjo Gabriel para ser mãe do Salvador,com tudo o que isso implicava de desconhecido,de risco,de um futuro insuspeito.
    Também a cada um de nós,é feito o mesmo convite.Apesar de todas as nossas interrogações e fragilidades da nossa pequenez e descuidos,que saibamos como Maria dizer sim,que se faça em nós a tua Palavra.Obrigada,Frei José Carlos,pelas suas maravilhosas palavras,que nos ajudam a Meditar mais profundamente.Desejo-lhe um bom fim de semana.Que o Senhor o ajude e o abençõe e proteja.Um abraço fraterno.
    AD

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  2. Frei José Carlos,

    “Felizes os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática,” (Lc 11,28), como fez Maria ao acolher o convite do anjo São Gabriel para ser mãe do Salvador com as consequências daí provenientes que passarão pela alegria e pelo sofrimento intangível. Jesus não rejeitou o elogio que aquela mulher dedicava a Sua mãe mas vai mais além, como Frei José Carlos no texto que partilha ao recordar-nos que esse convite também é dirigido a todos nós.
    ...” Também a nós, a cada um de nós, é feito o mesmo convite, é oferecida a mesma oportunidade. Também nós podemos gerar o Verbo e alimentá-lo na nossa carne. Todos estamos chamados e convidados a essa felicidade, a poder realizar a maternidade ou a paternidade da Palavra de Deus.
    E em verdade, cada um pode e tem a sua maneira pessoal de a realizar.”… Mas como nos recorda …“A Palavra faz-se Verbo em cada um de nós” se estivermos disponíveis a isso, a “acolhê-la na nossa vida e tal como diz Jesus, guardá-la na nossa vida nesses pequenos gestos do quotidiano que a fazem carne e a fazem vivente, que a fazem incarnação aqui e agora.”…
    Um grande obrigada, Frei José Carlos, pela partilha da Mediatação, de grande espiritualidade, humanidade e beleza, por exortar-nos a seguir o exemplo de Maria ao convidar-nos … “apesar de todas as nossas interrogações e fragilidades, da nossa pequenez e descuidos, que saibamos como Maria dizer sim, que se faça em nós a tua Palavra.”
    Que a graça do Senhor o abençoe e o ajude sempre, particularmente, nos momentos mais difíceis. Bem-haja.
    Votos de um bom domingo.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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