Como já tinha feito
outras vezes, Jesus retirou-se sozinho para rezar ao Pai. Durante algum tempo
assim se manteve e os discípulos puderam apreciar o momento e questionar-se
sobre o que rezava, como rezava.
Um deles, mais afoito
que os outros, não teve vergonha e ao ver regressar Jesus pede-lhe que os
ensine a rezar, e como que desculpando-se pela ousadia diz-lhe que também João Baptista
tinha ensinado os seus discípulos a orar.
À luz da missão de
Jesus e da missão que Jesus apresentava aos discípulos, até mesmo à luz das
suas expectativas mais humanas e mundanas de poder e governo, não deixa de ser inusitado
este pedido.
Afinal não tinham eles
muito mais que fazer, não tinham muito mais com que se preocupar? O próprio
Jesus não tinha tanta gente à sua espera, tantos doentes que esperavam uma
cura? Porquê desperdiçar o tempo em oração, deixar aqueles homens e mulheres à
espera?
O pedido do discípulo não
é contudo descabido nem está equivocado, porque aquilo que pede é fundamental,
é ponto de partida e ponto de chegada, é possibilidade de força para todas as
outras coisas que há para fazer, mesmo para aquelas que estão marcadas pela
mundanidade.
Senhor ensina-nos a
rezar, ensina-nos a perder o nosso tempo, o nosso tempo tão precioso e tão
ocupado, para que possamos apreciar verdadeiramente o seu valor e as suas
potencialidades. Senhor ensina-nos a graça e o valor da gratuidade, do dom sem
retorno e sem recompensa, que a oração nos proporciona. Senhor ensina-nos o amor
que a oração nos aporta.
“É o tempo perdido com
a tua rosa que faz a tua rosa importante”, diz a raposa ao Principezinho. É o
tempo perdido com a nossa oração que faz o nosso tempo importante. O tempo
considerado desperdiçado é afinal a experiência do dom gratuito do tempo e do
seu valor eterno.
Necessitamos por isso
de ter a coragem de perder o nosso tempo, de nos dispormos a esse desperdício
que apenas nos enriquece e faz apreciar o verdadeiro valor de todas as coisas
nesse clamar a Deus como Pai-Nosso.
Ilustração: “Oração de
Jesus no Horto”, de Tiziano, Mosteiro de São Lourenço do Escorial, Espanha.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarLeio as palavras partilhadas do texto da Meditação que me alegram pelo tema que aborda: a oração, e implicitamente a oração mais espiritual, mais completa o “Pai-Nosso” ensinado por Jesus, sentindo-nos filhos de tal Pai, a questão da gestão do tempo e porque podemos partilhar a Meditação Diária. É um texto profundo, importante, ilustrado com beleza.
Cultivar a oração não é perder tempo, é outro tempo que nos aperfeiçoa, é buscar uma presença, alimentar uma relação com Deus e ajuda-nos a humanizar as relações com os outros e a dar-nos serenidade nos trabalhos que temos que realizar. Sem oração, a fé torna-se vazia. Permite que a chama não se apague.
Como Frei José Carlos nos afirma ...” O pedido do discípulo não é contudo descabido nem está equivocado, porque aquilo que pede é fundamental, é ponto de partida e ponto de chegada, é possibilidade de força para todas as outras coisas que há para fazer, mesmo para aquelas que estão marcadas pela mundanidade. (…)
Grata, Frei José Carlos, pela partilha, pela exortação que nos faz para …”nos dispormos a esse desperdício que apenas nos enriquece e faz apreciar o verdadeiro valor de todas as coisas nesse clamar a Deus como Pai-Nosso.”
Façamos nossas as palavras de Frei José Carlos e peçamos ao “Senhor que nos ensine a graça e o valor da gratuidade, do dom sem retorno e sem recompensa, que a oração nos proporciona. Senhor ensina-nos o amor que a oração nos aporta.”
Que o Senhor o ilumine, o abençoe e proteja.
Bom descanso.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva