quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O amigo do meio da noite (Lc 11,5)

Poderá a história de um amigo impertinente suscitar a atenção? Se tivermos em conta a parábola de Jesus que encontramos no Evangelho de São Lucas parece que sim, pois Jesus serve-se da inoportunidade de um amigo para falar da oração, da força da oração.
Assim, por causa de um amigo que chega sem avisar, um homem vai a casa de outro amigo e sem qualquer preocupação com a hora adiantada da noite coloca em alvoroço toda a família para poder obter três pães para alimentar o amigo que tinha chegado. À delicadeza e à atenção para com um opõe-se a indelicadeza e a impertinência para com o outro.
Não podemos deixar de nos interrogar sobre este amigo que chega, sobre a sua dignidade para provocar tal alarido e tal esforço. Não é nada mais que o próprio Deus, e aquele que bate à porta e incomoda o seu amigo que já dorme é o Espirito Santo.
Àquele que se dispõe a acolhê-lo, que o procura ou procura a sua ajuda, a cada um de nós, Deus envia o seu Espirito, o amigo inoportuno e impertinente. É ele que tem a missão de nos despertar da nossa sonolência e solicitar os pães do nosso trabalho e da nossa casa, é ele que prepara o acolhimento para aquele que vem e não deixará de vir.
Neste sentido, não podemos deixar de atender à porta, não podemos deixar de atender aos seus rogos, à sua inspiração, à luz que nos oferece na noite da nossa fé. O Espirito está em vigilância e desperta-nos para nos colocar igualmente vigilantes e acolhedores face Àquele que vem.
Saibamos nós ouvir a sua chamada à porta do nosso coração e disponibilizar o pão da nossa fé, da nossa esperança e da nossa caridade para celebrarmos todos juntos o banquete da sua amizade.
 
Ilustração: “O astrónomo”, de Gerard Dou, Museu de Lakenhal, Holanda.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Reflicto no Evangelho do dia de hoje e no texto da Meditação que teceu e partilha e que convoca a espiritualidade, a Bíblia e a nossa relação com Deus. Como nos refere no texto …” Não podemos deixar de nos interrogar sobre este amigo que chega, sobre a sua dignidade para provocar tal alarido e tal esforço. Não é nada mais que o próprio Deus, e aquele que bate à porta e incomoda o seu amigo que já dorme é o Espirito Santo.
    Àquele que se dispõe a acolhê-lo, que o procura ou procura a sua ajuda, a cada um de nós, Deus envia o seu Espirito, o amigo inoportuno e impertinente. É ele que tem a missão de nos despertar da nossa sonolência e solicitar os pães do nosso trabalho e da nossa casa, é ele que prepara o acolhimento para aquele que vem e não deixará de vir.”
    É o amigo que nos procura e que buscamos. É o “amigo do meio da noite”, título com que Frei José Carlos intitulou o texto, e a quem não devemos ter receio de ousar pedir o que precisamos, seguir e dar testemunho, que espera por nós ou simplesmente contemplar em silêncio, a nossa condição de filhos muito amados, a Sua misericórdia, compaixão, porque Deus conhece o que cada um de nós precisa.
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, profunda, bela, por exortar-nos a que …” Saibamos nós ouvir a sua chamada à porta do nosso coração e disponibilizar o pão da nossa fé, da nossa esperança e da nossa caridade para celebrarmos todos juntos o banquete da sua amizade.”
    Que o Senhor o ilumine, o abençoe e proteja.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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