Jesus ao regressar ao
seio do Pai prometeu que voltaria e por essa razão não só os primeiros discípulos
como as primitivas comunidades viveram numa grande expectativa face a essa
vinda. Esperavam a vinda eminente do Senhor, tal como o noivo que regressa do
sue banquete de núpcias.
À medida que o tempo
foi passando e a promessa de Jesus parecia ficar por cumprir foi-se instalando
um certo desconforto, uma certa desconfiança e sobretudo uma grande tentação
face ao imediato.
Porquê viver vigilante
e expectante quando o Senhor não chega e quando há tantas coisas aliciantes à
nossa disposição? Porquê viver na tensão de uma espera, abdicando do que se
apresenta para fruir e nos satisfazer?
Nos nossos dias e no
nosso mundo, em que prevalece e reina a regra do máximo e do mais rápido, do
tudo e já agora de imediato, essa tentação de não aguardar nem vigiar é mais
forte que nunca, funcionamos e vivemos como se o Senhor fosse chegar dentro de
momentos e tivéssemos que ter tudo feito, tudo gozado, tudo vivido, porque
depois já não é possível.
E no entanto, o Senhor
aconselha-nos a aguardar com fidelidade, a estar vigilantes, a ser homens que
esperam, e portanto homens e mulheres que sabem que a sua realização não se
concretiza num momento nem numa experiência, que um crescimento e um caminhar
são imprescindíveis.
Vivemos na tensão da
realidade, mas numa tensão de vigilância e espera, numa tensão de crescimento,
porque não sabemos a que hora chega o Senhor. Contudo, mais importante que a
hora da chegada são os preparativos para o seu acolhimento, para a recepção
daquele que vem para amar.
Podemos fazer uma
ideia desta experiência na medida em que sabemos como nos alegramos e como
preparamos as nossas casas e as nossas mesas para os amigos que vêem para
jantar, como queremos que tudo esteja para que eles se sintam bem, felizes
connosco.
Face a esta
experiência como não preparar com cuidado a vinda daquele que nos ama, daquele
que pode dar sentido a tudo o que fazemos, experimentamos, construímos, ou
sofremos, na medida em que o fazemos com amor e por amor, na expectativa da sua
vinda?
Não se trata de uma
condenação, nem de uma privação, não temos que deixar de fruir e viver as
várias realidades do nosso ser humano e histórico, as nossas circunstâncias
vitais, trata-se de as viver com amor, com a consciência que são para o nosso
crescimento e maturidade, são para fazer frutificar os dons e as qualidades com
que fomos dotados.
Sabemos que o Senhor,
ainda que não saibamos nem a hora nem o dia, e sabemos também que vem por amor
e com amor. Procuremos por isso preparar a sua vinda com amor.
Ilustração: “As
virgens loucas e sensatas”, de Eleanor Fortescue Brickdale.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarAgradeço-lhe as suas palavras imprescindívas e esclarecedoras deste texto do Evangelho de São Lucas,que nos ajudam a reflectir com mais profundidade.Como nos diz o Frei José Carlos,procuremos por isso preparar a sua vinda com amor.,embora não saibamos a hora nem o dia.Obrigada,pela bela partilha e pela ilustração maravilhosa.Bem-haja,Frei José Carlos.Desejo-lhe uma boa noite e continuação de uma boa semana.Que o Senhor o proteja e abençõe.
Um abraço fraterno.
AD
Frei José Carlos,
ResponderEliminarO texto da Meditação que teceu é profundo e importante para reflectirmos nos nossos comportamentos. Como nos salienta, ...” Vivemos na tensão da realidade, mas numa tensão de vigilância e espera, numa tensão de crescimento, porque não sabemos a que hora chega o Senhor. Contudo, mais importante que a hora da chegada são os preparativos para o seu acolhimento, para a recepção daquele que vem para amar.(…)
(...) Não se trata de uma condenação, nem de uma privação, não temos que deixar de fruir e viver as várias realidades do nosso ser humano e histórico, as nossas circunstâncias vitais, trata-se de as viver com amor, com a consciência que são para o nosso crescimento e maturidade, são para fazer frutificar os dons e as qualidades com que fomos dotados.”…
A escuta da Palavra do Senhor, o seguimento do testemunho de Jesus, a oração e uma vida simples e coerente ajudam-nos a preparar a Sua vinda com amor.
Grata, Frei José Carlos, pela partilha. Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva