terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sede como homens que esperam o seu senhor voltar (Lc 12,36)

Jesus ao regressar ao seio do Pai prometeu que voltaria e por essa razão não só os primeiros discípulos como as primitivas comunidades viveram numa grande expectativa face a essa vinda. Esperavam a vinda eminente do Senhor, tal como o noivo que regressa do sue banquete de núpcias.
À medida que o tempo foi passando e a promessa de Jesus parecia ficar por cumprir foi-se instalando um certo desconforto, uma certa desconfiança e sobretudo uma grande tentação face ao imediato.
Porquê viver vigilante e expectante quando o Senhor não chega e quando há tantas coisas aliciantes à nossa disposição? Porquê viver na tensão de uma espera, abdicando do que se apresenta para fruir e nos satisfazer?
Nos nossos dias e no nosso mundo, em que prevalece e reina a regra do máximo e do mais rápido, do tudo e já agora de imediato, essa tentação de não aguardar nem vigiar é mais forte que nunca, funcionamos e vivemos como se o Senhor fosse chegar dentro de momentos e tivéssemos que ter tudo feito, tudo gozado, tudo vivido, porque depois já não é possível.
E no entanto, o Senhor aconselha-nos a aguardar com fidelidade, a estar vigilantes, a ser homens que esperam, e portanto homens e mulheres que sabem que a sua realização não se concretiza num momento nem numa experiência, que um crescimento e um caminhar são imprescindíveis.
Vivemos na tensão da realidade, mas numa tensão de vigilância e espera, numa tensão de crescimento, porque não sabemos a que hora chega o Senhor. Contudo, mais importante que a hora da chegada são os preparativos para o seu acolhimento, para a recepção daquele que vem para amar.
Podemos fazer uma ideia desta experiência na medida em que sabemos como nos alegramos e como preparamos as nossas casas e as nossas mesas para os amigos que vêem para jantar, como queremos que tudo esteja para que eles se sintam bem, felizes connosco.
Face a esta experiência como não preparar com cuidado a vinda daquele que nos ama, daquele que pode dar sentido a tudo o que fazemos, experimentamos, construímos, ou sofremos, na medida em que o fazemos com amor e por amor, na expectativa da sua vinda?
Não se trata de uma condenação, nem de uma privação, não temos que deixar de fruir e viver as várias realidades do nosso ser humano e histórico, as nossas circunstâncias vitais, trata-se de as viver com amor, com a consciência que são para o nosso crescimento e maturidade, são para fazer frutificar os dons e as qualidades com que fomos dotados.
Sabemos que o Senhor, ainda que não saibamos nem a hora nem o dia, e sabemos também que vem por amor e com amor. Procuremos por isso preparar a sua vinda com amor.
Ilustração: “As virgens loucas e sensatas”, de Eleanor Fortescue Brickdale.  

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Agradeço-lhe as suas palavras imprescindívas e esclarecedoras deste texto do Evangelho de São Lucas,que nos ajudam a reflectir com mais profundidade.Como nos diz o Frei José Carlos,procuremos por isso preparar a sua vinda com amor.,embora não saibamos a hora nem o dia.Obrigada,pela bela partilha e pela ilustração maravilhosa.Bem-haja,Frei José Carlos.Desejo-lhe uma boa noite e continuação de uma boa semana.Que o Senhor o proteja e abençõe.
    Um abraço fraterno.
    AD

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  2. Frei José Carlos,

    O texto da Meditação que teceu é profundo e importante para reflectirmos nos nossos comportamentos. Como nos salienta, ...” Vivemos na tensão da realidade, mas numa tensão de vigilância e espera, numa tensão de crescimento, porque não sabemos a que hora chega o Senhor. Contudo, mais importante que a hora da chegada são os preparativos para o seu acolhimento, para a recepção daquele que vem para amar.(…)
    (...) Não se trata de uma condenação, nem de uma privação, não temos que deixar de fruir e viver as várias realidades do nosso ser humano e histórico, as nossas circunstâncias vitais, trata-se de as viver com amor, com a consciência que são para o nosso crescimento e maturidade, são para fazer frutificar os dons e as qualidades com que fomos dotados.”…
    A escuta da Palavra do Senhor, o seguimento do testemunho de Jesus, a oração e uma vida simples e coerente ajudam-nos a preparar a Sua vinda com amor.
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha. Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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