segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Nenhum sinal lhes será dado senão o sinal de Jonas. (Lc 11,29)

É extremamente fácil pedir uma prova, pedir um sinal, tal como faz a multidão a Jesus para que possa acreditar nele.
Um sinal é algo externo, uma convenção que tacitamente é aceite pelas duas partes e nessa medida se torna garantia de verdade e de confiança.
O sinal, ou a prova, é por outro lado uma certa passividade, uma abdicação da nossa responsabilidade, do risco de ir mais além, é uma barreira ao confronto com o desconhecido ou o imprevisto.
Talvez por isso, por essa abdicação da responsabilidade, Jesus se recusa a apresentar qualquer sinal à multidão, talvez porque o sinal é ele próprio e portanto não se pode exteriorizar, não se pode transferir a outra realidade convencionada.
Jesus é pessoa, é a possibilidade de relação, alguém que se oferece e se faz caminho para o Pai e para a felicidade prometida desde a criação. Jesus é nesta medida um anti sinal, pois tal como aconteceu com Jonas, é necessário acreditar nele para perceber e ver o que ele diz e o que ele significa.
Jesus não permite a exterioridade, não permite a convenção, mas bem pelo contrário exige o arrependimento e a conversão, a adequação àquilo que ele é, à sua pessoa, e é nesta adequação e adesão que acontece a significatividade.
É pela vida que dá de forma abundante e livre, pela possibilidade de transformação da nossa vida com a sua aceitação, que Jesus se torna sinal, um sinal vivo e vivificante. Necessitamos por isso acolhê-la com confiança para conseguir interpretar o sinal que nos é oferecido.
 
Ilustração: “Profeta Jonas”, Miguel Ângelo, Capela Sistina, Vaticano.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Leio e fico a reflectir sobre o excerto do Evangelho (Lc 11, 29-32) e o texto da Meditação que elaborou e sobre a forma que cada um de nós manifesta na busca de um sinal de Deus. “Disse Jesus a Tomé: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto»". E quantas vezes, ao longo da nossa vida, o Senhor deu-nos provas da Sua manifestação, mas não fomos sensíveis ou capazes de interpretar o invisível. É importante sermos nós próprios procurando em liberdade e ao longo do nosso peregrinar construir uma relação de intimidade com Deus, sabendo que o caminho é acidentado.
    Como nos salienta …” Jesus é pessoa, é a possibilidade de relação, alguém que se oferece e se faz caminho para o Pai e para a felicidade prometida desde a criação. Jesus é nesta medida um anti sinal, pois tal como aconteceu com Jonas, é necessário acreditar nele para perceber e ver o que ele diz e o que ele significa.” …
    Grata, Frei Carlos, pela partilha da Meditação, profunda, que nos encoraja e dá confiança, por recordar-nos que …” pela vida que dá de forma abundante e livre, pela possibilidade de transformação da nossa vida com a sua aceitação, que Jesus se torna sinal, um sinal vivo e vivificante.”…
    Que o Senhor o ilumine, o abençoe e proteja.
    Continuação de boa semana. Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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