É certamente correcto
dizer que todos nós já nos encontrámos pelo menos uma vez envolvidos num diálogo
de surdos, ainda que nem nós nem os nossos oponentes sofrêssemos de algum
problema de audição.
Nessa situação vemo-nos
envolvidos numa incapacidade de compreender ou de nos fazermos compreender, num
beco sem saída, que faz desesperar e conduz muito frequentemente a rupturas irreversíveis.
Também Jesus se
encontrou nesta situação, e de modo particular naquele momento em que pela
festa da dedicação do Templo se encontrava em Jerusalém e passeava pelo
pórtico. Os judeus, inquietos sobre as repercussões da opção por Jesus,
pediam-lhe um sinal, uma prova, de que ele era o Messias esperado. Se havia
alguma opção a fazer era bom que os dados fossem claros!
Este pedido é contudo
contraditório, e Jesus mostra essa contradição quando responde aos seus
interlocutores, àqueles que o acusam e acusarão no futuro, dizendo-lhes que a
resposta que eles procuravam e desejavam já tinha sido dada.
A acção de Jesus, o
testemunho das obras realizadas, era a resposta que eles desejavam; uma resposta
que ainda que patente e visível se tornava imperceptível por falta de vontade,
por falta de acolhimento, por não quererem acreditar.
Esta acusação de
Jesus, a resposta que lhes dá, é para nós uma interpelação extremamente
significativa, porque de facto Deus vai falando, Deus vai-se revelando na nossa
história e na história dos homens.
Contudo, para
escutarmos essa palavra, essa revelação, a resposta de Jesus às nossas questões
e aspirações, tem que haver da nossa parte uma vontade, uma abertura, uma
disponibilidade para a acolher. Não podemos exigir uma resposta de Deus se não
estamos dispostos a escutá-la, se não acreditamos na resposta.
Necessitamos portanto
abrir-nos à resposta, às manifestações da resposta, para que ela aconteça, para
que se nos torne audível e compreensível.
Necessitamos abrir os
olhos e os ouvidos do coração para discernir a presença e a revelação de Deus
nos gestos e nas realidades mais simples, nas manifestações divinas dos nossos
irmãos como são a amizade, o carinho, a atenção, a justiça ou a partilha da
luta pela verdade, entre tantas outras.
Ilustração: “Os
fariseus interrogam Jesus”, de James Tissot, Brooklyn Museum.
Jesus responde com sabedoria. Pois ensina-nos a a escutar com paciência o que nos é proposto.
ResponderEliminarAo responder na presença dos que se manifestam dispostos a acreditar.
Mas que ainda desconhecem a realidade que Deus em Seu gesto de atenção connosco, trouxe.
Partilhando a justiça e a verdade e escutando para além dos que O procuravam.
Ao discernir a história para um caminho onde se acredita ter como certa a revelação de Deus Pai. Numa visão atenta da humilde pregação, que os testemunhos herdados pela fé são compreensíveis.
Acho que é muito pela amizade, o carinho, a confiança que vamos sendo capazes
ResponderEliminarde abrir os ouvidos e o coração à Palavra e à Verdade e vamos mudando a nossa vida e caminhando para a santidade. Inter Pars
Frei José Carlos,
ResponderEliminarMuito grata,pela maravilhosa e profunda Meditação que partilhou connosco,sobre o Evangelho de São João,e pela magnífica ilustração.Como nos diz o Frei José Carlos,necessitamos abrir os olhos e os ouvidos do coração,para discernir a presença e a revelação de Deus nos gestos e nas realidades mais simples,nas manifestações divinas dos nossos irmãos como são a amizade,o carinho, a atenção,a justiça ou a partilha da luta,pela verdade, entre tantas coisas.Obrigada,Frei José Carlos,pelas palavras partilhadas,que nos ajudam e dão força para a caminhada no nosso dia a dia.Bem-haja.Votos de uma boa noite e bom descanso.Que o Senhor o ilumine o guarde e o proteja.
Um abraço fraterno.
AD
Frei José Carlos,
ResponderEliminarA leitura e a reflexão do texto da Meditação que teceu desinstalou-me, fez-me recordar alguns dos diálogos de Jesus com judeus, fariseus e com os próprios discípulos. Levou-me mais uma vez a questionar sobre a procura de tantas explicações, sobre as questões que nunca me abandonam, quando o importante é estar disponível para escutar e ouvir a Deus, sem que as minhas necessidades e anseios sejam o centro, mas o amor, o dom, o gratuito, o outro, e saber aceitar os desafios que se vão colocando, libertar-me das teias que bloqueiam. Afinal tenho (emos) tantas pprovas …
Como nos salienta no texto …” Deus vai falando, Deus vai-se revelando na nossa história e na história dos homens.(…)
(…)Não podemos exigir uma resposta de Deus se não estamos dispostos a escutá-la, se não acreditamos na resposta.(…)
(…)Necessitamos abrir os olhos e os ouvidos do coração para discernir a presença e a revelação de Deus nos gestos e nas realidades mais simples, nas manifestações divinas dos nossos irmãos como são a amizade, o carinho, a atenção, a justiça ou a partilha da luta pela verdade, entre tantas outras.”
Um grande obrigada, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas, que nos questionam e ajudam no nosso peregrinar, a descobrir o invisível e a valorizar a simplicidade que Deus coloca ao nosso alcance.
Que o Senhor o ilumine, o guarde e abençoe.
Bom descanso.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva