segunda-feira, 29 de abril de 2013

Uma Carta de Santa Catarina de Sena

Neste dia em que celebramos a festa de Santa Catarina de Sena, Padroeira da Europa juntamente com Santa Brígida da Suécia e Santa Benedita da Cruz, é bom recordar um excerto da Carta que dirigiu ao dominicano frei Tomás della Fonte.
 
“Peço-vos meu querido padre, que queirais satisfazer o desejo que tenho de vos ver unido a Deus e transformado nele. Nós não seremos transformados se não estivermos unidos à sua vontade.
Ó doce Bondade eterna, vós que nos ensinastes a maneira de conhecer a vossa vontade!
Se nós perguntarmos a este doce e muito amável e jovem e muito clemente Pai, qual é a sua vontade, ele nos dirá: ‘Se quereis conhecer e sentir o ardor da minha vontade, empenhai-vos em permanecer sempre na célula da vossa alma’.
Esta célula é um poço, e este poço contém água e terra. Por esta terra, meu Pai muito amado, entendo a nossa miséria, uma vez que devemos reconhecer que não somos nada por nós próprios e que recebemos a nossa existência de Deus.
Ó inefável e ardente caridade! A água viva brotou, conhecemos por fim a sua doce e verdadeira vontade que não quer outra coisa que a nossa santificação.
Desçamos portanto às profundezas deste poço, aí habitando seremos obrigados a conhecer-nos e a conhecer a bondade de Deus. Conhecendo o nosso nada, nós nos humilharemos, nos abaixaremos e penetraremos nesse coração inflamado, consumido e aberto, tal como uma janela sem portas que não se fecha jamais.
Então, fixando nele o olhar da vontade livre que Deus nos dará, nós conheceremos e veremos que a Sua vontade não quer outra coisa que a nossa santificação.
Amor, doce amor, abre a nossa memória, para que ela receba e retenha toda a bondade de Deus e para que ela a compreenda, porque o que compreendemos nós amamos, e amando nós nos descobriremos unidos e transformados pela dilecção da caridade, nossa mãe.
Desde que sejais passados pela porta de Cristo crucificado, ele ficará no meio de vós, porque ele disse aos seus discípulos: ‘Eu virei e permanecerei perto de vós’. Eis o meu desejo, ver-vos transformado e a habitar nesta permanência.
É o que a minha alma deseja acima de tudo para vós e para todas as outras criaturas. Conjuro-vos pois a ficar agarrado e pregado sobre a Cruz.”
 
In: Catherine de Sienne, Lettres à sa famille, aux disciples e aux mantellate. Paris, Cerf, 2012, 51-52.
 
Ilustração: Imagem de Santa Catarina de Sena na igreja de São Domingos de Guimarães.

3 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Grata pela partilha do excerto da carta que Santa Catarina de Sena dirigiu ao dominicano Frei Tomás della Fonte, profunda, bela.
    No nosso peregrinar, saibamos tomar Santa Catarina de Sena como exemplo a seguir, como companheira. Que o Senhor o ilumine, o guarde e o abençoe.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    ResponderEliminar
  2. Frei José Carlos,

    Ao ler esta magnifica Carta de Santa Catarina de Sena,no dia da sua festa,tão profunda e rica de sentido para todos nós,que o Senhor nos conceda o dom da graça de fazermos sempre a sua vontade,como Santa Catarina fazia,é o que a minha alma deseja acima de tudo.Obrigada,Frei José Carlos,pelas palavras partilhadas connosco,muito profundas para a nossa reflexão.Que o Senhor o ilumine o guarde e o proteja.Bem-haja.Desejo-lhe um bom dia e continuação de uma boa semana.
    Um abraço fraterno.
    AD

    ResponderEliminar
  3. Quem me dera que os votos de Santa Catarina fossem extensivos a mim e aos meus amigos!...Inter Pars

    ResponderEliminar