quarta-feira, 6 de junho de 2012

Ele não é um Deus de mortos mas de vivos! (Mc 12,27)

A parábola dos vinhateiros assassinos continua a provocar reacções e assim encontramos um grupo de saduceus a interrogar Jesus sobre a ressurreição. Eles que não acreditavam na ressurreição, apresentam a Jesus uma história, um caso de escola por demais rocambolesco, pois é pouco provável que sete irmãos casassem com a mesma mulher.
Esta história e a armadilha que comporta são a oportunidade para Jesus apresentar e confrontar aqueles homens com uma verdade inquestionável. O Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob, o Deus em que diziam acreditar era um Deus de vivos, ao contrário do que eles queriam fazer crer com aquela história considerando-o como um Deus de mortos, ou para a morte.
Esta verdade que Jesus apresenta é extremamente importante e tem inevitavelmente repercussões na nossa vida, ou melhor, na forma como nos situamos na vida e face à vida, pois ela transforma-se numa realidade que exige qualidade.
E ao falarmos de qualidade de vida não nos estamos a referir à qualidade de vida material, a uma vida boa, ainda que também seja necessária e no contexto social e económico em que nos encontramos se apresente como um grande desafio.
Ao falarmos de qualidade de vida estamos a falar da sua plenitude, numa necessidade de realização enquanto homens e mulheres de forma plena. Ao acreditarmos que Deus é um Deus de vivos não podemos deixar de buscar na nossa vida o máximo do que ela encerra.
E ainda que a morte se nos apresente como inevitável, ela perde todo o seu carácter trágico, fatal, na medida em que a vida foi vivida em plenitude, foi uma manifestação de uma outra vida superior que fundamenta todos os gestos, todas as atitudes e todas as palavras. É a vida divina em nós que dá sentido e transforma a vida física e histórica.
Neste sentido, mesmo aqueles que consideramos mortos não morreram se viveram em plenitude a sua vida, se acreditaram que a sua vida fazia parte da grande vida de que Jesus ressuscitado é a grande testemunha, se pelo amor com que amaram manifestaram o Deus dos vivos. Tudo vive naquele que é a vida.
Procuremos pois em cada gesto do dia a dia, em cada palavra e em cada sentimento manifestar a vida que nos habita, a plenitude a que somos convidados, a eternidade do amor de Deus que nos abraça e nos sustém vivos.

Ilustração: Monumento funerário de peregrino de Málaga falecido entre Castrojeriz e Puente Fitero. Caminho de Santiago. 11 de Maio de 2010.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,


    Ao recordar-nos o Evangelho do dia, no qual Jesus aproveita a interrogação dos saduceus para lhes recordar que no episódio da sarça “Deus disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob, não um Deus de mortos mas de vivos”, afirma-nos e explica-nos como, no texto da Meditação, …” Esta verdade que Jesus apresenta é extremamente importante e tem inevitavelmente repercussões na nossa vida, ou melhor, na forma como nos situamos na vida e face à vida, pois ela transforma-se numa realidade que exige qualidade.”…
    Bem-haja por salientar-nos que (…) “Ao acreditarmos que Deus é um Deus de vivos não podemos deixar de buscar na nossa vida o máximo do que ela encerra.(…)
    (...) É a vida divina em nós que dá sentido e transforma a vida física e histórica. (…)
    (…) Tudo vive naquele que é a vida.”
    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, profunda, que nos desinstala, pela exortação que nos deixa, convidando-nos a “procurar em cada gesto do dia a dia, em cada palavra e em cada sentimento manifestar a vida que nos habita, a plenitude a que somos convidados, a eternidade do amor de Deus que nos abraça e nos sustém vivos.”
    Que o Senhor o abençoe e o guarde. Continuação de boa semana. Um Santo Dia do Corpo de Deus.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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