sábado, 9 de junho de 2012

Uma pobre viúva deitou duas moedinhas (Mc 12,42)

Jesus está no templo a ensinar e chama a atenção dos seus discípulos para a vaidade, para a vã glória do mundo que os fariseus procuram quando se sentam nos primeiros lugares dos banquetes ou procuram exibir as suas longas vestes e orações públicas.
Se tal acontece com os fariseus não deve acontecer com os seus discípulos e por isso Jesus vai ao encontro de um testemunho, de um gesto que possa servir de paradigma aos seus discípulos na questão da humildade e da discrição.
Sentado frente à arca do tesouro, Jesus descobre a pobre viúva que vem entregar a sua pobre esmola, duas pequenas moedas. Silenciosamente aparece no conjunto da multidão, sem dar nas vistas, tal como no Evangelho no qual ocupa apenas três breves versículos.
Contudo, Jesus reparou nela, tal como a Igreja e os primeiros discípulos ao testemunharem o acontecimento no Evangelho. Aquela pobre viúva era um exemplo vivo e por isso Jesus a fez aparecer do anonimato e o Evangelho a fixou para a eternidade.
Nas duas pequenas moedas que entregou no tesouro do templo a viúva entregou toda a sua vida, tudo o que possuía, sem alarido nem queixumes. Era o que tinha, foi o que deu; pouco aos olhos dos fariseus mas muito aos olhos de Jesus, pois foi com total liberdade e confiança que foi dado.
Ao evidenciar o gesto da viúva Jesus chama a atenção não só para a humildade e discrição da mulher que faz a sua oferta, mas sobretudo coloca em evidência a pessoa face ao dom. Mais do que o oferecido o importante é aquele que oferece.
Este episódio lança-nos assim um desafio sobre a forma como nos situamos face ao dom, face às ofertas que recebemos ou ofertamos, sobre a importância que lhes atribuímos. Para Jesus o verdadeiramente importante é a pessoa humana.

Ilustração: “O óbulo da viúva”, fresco da Basílica de Ottobeuren.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Como nos salienta no texto da Meditação ...” Ao evidenciar o gesto da viúva Jesus chama a atenção não só para a humildade e discrição da mulher que faz a sua oferta, mas sobretudo coloca em evidência a pessoa face ao dom. Mais do que o oferecido o importante é aquele que oferece.
    Este episódio lança-nos assim um desafio sobre a forma como nos situamos face ao dom, face às ofertas que recebemos ou ofertamos, sobre a importância que lhes atribuímos”. …
    O que dá valor à esmola não é a quantidade, é a pureza da intenção, é a generosidade, a confiança e o amor a Deus e ao próximo. Tudo está na fé, na consciência, no coração de cada um de nós.
    Como nos afirma, …”Para Jesus o verdadeiramente importante é a pessoa humana”.
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, profunda, bela, que nos leva a reflectir sobre “o que é verdadeiramente importante para Jesus” e sobre a verdadeira intenção dos nossos gestos gerados num quotidiano apressado, num tempo sem tempo, para o que é importante no dom da vida de cada dia, de toda a vida.
    Que o Senhor o ilumine, o abençõe e o guarde.
    Votos de um bom domingo.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me que partilhe um poema para rezar.

    UMA
    EXIGÊNCIA QUE
    DESCOBRIMOS
    DENTRO DO
    DOM



    Tu estás perto, Senhor, de quem vive com misericórdia, pois Tu és misericordioso e compassivo. Ajuda-nos
    a entender e a praticar a esmola como uma exigência que descobrimos dentro do dom que é, afinal, toda a vida.
    Recebemos de graça aquilo que somos chamados a dar. É claro que não se trata apenas de uns tostões que metemos apressadamente nas mãos de alguém, se somos chamados a isso. A esmola é condivisão real, solidária, empenhada. A esmola
    é expressão de uma justiça a que não estamos obrigados, mas à qual o Teu amor nos impele. Ensina-nos a partilhar, e a fazê-lo com alegria.

    (In, “Um Deus que Dança”, Itinerários para a oração, José Tolentino Mendonça)

    ResponderEliminar