segunda-feira, 11 de junho de 2012

Ide… (Mt 10,7)

A missão que Jesus entrega aos discípulos é algo verdadeiramente surpreendente, uma missão na qual as forças humanas não podem ser o ponto de partida, pois de contrário tudo esbarraria numa impotência frustrante.
A missão começa por ter uma dimensão activa, pois os discípulos não são somente enviados a anunciar que o reino dos céus está perto, mas também a curar os enfermos, a ressuscitar os mortos, a sarar os leprosos e a expulsar os demónios.
Poderiam e poderemos fazer isto apenas fiados nas nossas forças? Não está subjacente a esta missão a confiança num poder que os supera, que está para lá de nós e ao qual devemos recorrer para tentar cumprir a missão?
E se as realidades da confiança e da fé não estivessem muito claras, Jesus ordena aos discípulos que não adquiram ouro nem prata, que não levem alforge para o caminho, nem duas túnicas ou sandálias, ou até um cajado. Porque o trabalhador merece o seu salário.
Jesus convida desta forma os discípulos à confiança total, a acreditarem que há uma paga, não só divina mas também humana. Jesus convoca assim os discípulos para a gratuidade e para a generosidade, para a hospitalidade. Procurai alguém digno e ficai em sua casa, e se a casa for digna a vossa paz permanecerá sobre ela.
É no âmbito das relações que a mensagem e salvação de Jesus pode ser veiculada, mas para isso é necessário estar aberto, ser generoso e acolher também o dom e generosidade do outro, acolher a paz que constrói as relações.
A missão dos discípulos não é assim uma missão mimética da missão de Jesus, eles não vão repetir os gestos de Jesus, tal como nós não somos chamados a repetir os gestos de Jesus. A missão do discípulo realiza-se na identificação com o centro que constituía a missão de Jesus e portanto podemos ter gestos parecidos, porque assumimos a paz e o bem que Jesus veio trazer a todos os homens, o dom de Deus oferecido.
A missão dos discípulos, de todos os discípulos, é assim fazer presente no meio de nós a vida de Deus, tal como Jesus o fez no seu tempo.

Ilustração: Cajados de peregrinos no Albergue O Tear em Hospital da Condesa. Caminho Santiago. 21 de Maio de 2010.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Bem-haja por salientar-nos que ... “A missão dos discípulos, de todos os discípulos, é assim fazer presente no meio de nós a vida de Deus, tal como Jesus o fez no seu tempo” e que …” É no âmbito das relações que a mensagem e salvação de Jesus pode ser veiculada, mas para isso é necessário estar aberto, ser generoso e acolher também o dom e generosidade do outro, acolher a paz que constrói as relações.” …
    Para dar é preciso saber aceitar, como oportunamente, nos recordou, Frei José Carlos. Que o Senhor o abençõe e o guarde.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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