domingo, 10 de maio de 2009

ABERTURA SALA MUSEU MADRE TERESA DE SALDANHA

A Sala Museu Madre Teresa de Saldanha

Poderão os objectos dizer-nos algo da vida e daqueles que os possuíram? Parece que sim, e a inauguração neste sábado, dia 9 de Maio, da sala museu Madre Teresa de Saldanha, é disso um exemplo.
Dispostos por algumas salas encontramos objectos que pertenceram à Madre Teresa de Saldanha, objectos pessoais, jóias, roupa, objectos de devoção e culto, documentos, livros e mobiliário, pinturas e fotografias. Encontramos também objectos que pertencem à Congregação na medida em que são testemunho mais da vida do grupo que da pessoa em si. E encontramos ainda objectos que nos dizem algo do passado, do passado anterior à Madre Teresa de Saldanha, objectos recuperados dos antigos mosteiros dominicanos e que as irmãs ocuparam nos primeiros anos de vida da Congregação.
São objectos que nos dizem muito, que nos podem dizer muito, ainda que isolados por detrás do vidro das vitrinas onde estão expostos para o nosso olhar curioso, e iluminados por uma luz que de tão artificial e técnica nos deixa uma sensação de incomunicabilidade.
O quadro com a pintura de Santa Rosa de Viterbo conta-nos a data do seu nascimento no Palácio da Anunciada a 4 de Setembro de 1837, três anos depois do decreto de exclaustração das Ordens Religiosas. Conta-nos também a profunda espiritualidade cristológica da Madre Teresa, de como nos momentos de decisão e de perigo foi no Senhor Jesus que se refugiou. Os outros crucifixos que se encontram na exposição, as relíquias de Santos e os livros de devoções confirmam-nos essa espiritualidade e devoção.
O piano, que tocou enquanto menina e depois mulher conta-nos a sua alegria, mas também o seu nível social, a sua origem e a sua educação. Os outros objectos de mobiliários mostram-nos a sua condição económica e como o seguimento de Jesus obriga a um desprendimento, a uma revalorização de tudo o que temos à luz do serviço do reino a que destinamos esses mesmos objectos. São nossos, mas são fundamentalmente de Deus e estão ao nosso serviço para servir os irmãos e as irmãs. Podemos imaginar a música que Teresa de Saldanha tocava neste piano para alegrar algum momento de festa comunitária.
A imagem de São Domingos que a Madre Teresa de Saldanha quis ter como patrono e pai para a sua obra. É interessante notar a estreita relação ideológica e registar como uma mulher do século XIX foi capaz de dizer “quem é liberal não pode deixar de ser dominicano”. Que visão alargada, audaz e tão próxima do Nosso Pai São Domingos.
Os objectos contam-nos assim muito, mas para uma mais profunda comunicação necessitam de tempo de contemplação, de tempo para uma relação perspectiva e comunicativa. Espero ter um dia destes esse tempo, porque acredito que ainda não me disseram tudo do que há para dizer. Há sempre mais a dizer…

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