Carta ao Prior da Cartuxa D. Joaquim José de Santa Ana
Por vezes, quando menos esperamos acontece algo, encontramos alguma coisa, que nos enche de surpresa e de alegria. Pode ser algo grandioso que nos enche os olhos, mas pode ser também uma coisa tão pequena, ou tão banal, que o facto de ainda existir ou a encontrarmos nos enche de alegria.
Desfolhando um livro antigo, marcando a última página lida por alguém encontrei uma carta, ou melhor, o resto de uma carta, porque o tempo ou alguma mão menos caridosa a rasgou e lhe roubou uma parte do papel e portanto da mensagem que transportava.
É um papel insignificante e por isso mesmo surpreendente; o que me interroga é como conseguiu escapar à voragem do tempo e à nossa inclinação para nos livrarmos do imperfeito e do que tantas vezes consideramos lixo.
Mas ainda bem que escapou, que este livro lhe serviu de protecção e guarda, porque desta forma chegou até nós a carta de alguém que não está tranquilo, uma pessoa que sabe da próxima chegada dos franceses e do que isso acarreta. A esse texto acresce um outro, de outro punho, já com um assunto diferente, como se pode ver pela fotografia. É um testemunho documental, mais um, das invasões francesas em 1807-1808, e da zona de Évora, face ao endereço que encontramos, bem como das relações pessoais existentes entre o emissário e o receptor do documento. Diz assim:
Endereço
Ao Reverendíssimo Padre Senhor Dom Joaquim José de Santa Ana
Guarde Deus muitos anos
No seu Convento da Cartuxa
Carta
[…] contínuos avisos que tenho de Caste[la] […] [in]falível a entrada dos Franceses, […] consequência a guerra entre estas […] nossa, me obriga a partir já, para ver […] alguma coisa do estrago que todos temem […] [av]iso que me demorarei, e assim de Albu[…] [esc]reverei por Campo Maior, e avisarei do destino […] [re]solvo tomar, segundo as circunstâncias. Não [tenho] tempo para mais, que me dá pressa o Re(?). Sou teu do C. N
Recomendações às parentas e Senhoras Conhecidas
A Madre Abadessa outra vez me manda dizer a Vossa Reverência não se agaste pelo que vai, pois assim como nós estimamos tudo de Vossa reverência nos manda por esmola assim deve Vossa Reverência aceitar o que vai sem enfado para nos dar a doutrina com o exemplo. São formais palavras de Vossa Reverencia […]
Por vezes, quando menos esperamos acontece algo, encontramos alguma coisa, que nos enche de surpresa e de alegria. Pode ser algo grandioso que nos enche os olhos, mas pode ser também uma coisa tão pequena, ou tão banal, que o facto de ainda existir ou a encontrarmos nos enche de alegria.
Desfolhando um livro antigo, marcando a última página lida por alguém encontrei uma carta, ou melhor, o resto de uma carta, porque o tempo ou alguma mão menos caridosa a rasgou e lhe roubou uma parte do papel e portanto da mensagem que transportava.
É um papel insignificante e por isso mesmo surpreendente; o que me interroga é como conseguiu escapar à voragem do tempo e à nossa inclinação para nos livrarmos do imperfeito e do que tantas vezes consideramos lixo.
Mas ainda bem que escapou, que este livro lhe serviu de protecção e guarda, porque desta forma chegou até nós a carta de alguém que não está tranquilo, uma pessoa que sabe da próxima chegada dos franceses e do que isso acarreta. A esse texto acresce um outro, de outro punho, já com um assunto diferente, como se pode ver pela fotografia. É um testemunho documental, mais um, das invasões francesas em 1807-1808, e da zona de Évora, face ao endereço que encontramos, bem como das relações pessoais existentes entre o emissário e o receptor do documento. Diz assim:
Endereço
Ao Reverendíssimo Padre Senhor Dom Joaquim José de Santa Ana
Guarde Deus muitos anos
No seu Convento da Cartuxa
Carta
[…] contínuos avisos que tenho de Caste[la] […] [in]falível a entrada dos Franceses, […] consequência a guerra entre estas […] nossa, me obriga a partir já, para ver […] alguma coisa do estrago que todos temem […] [av]iso que me demorarei, e assim de Albu[…] [esc]reverei por Campo Maior, e avisarei do destino […] [re]solvo tomar, segundo as circunstâncias. Não [tenho] tempo para mais, que me dá pressa o Re(?). Sou teu do C. N
Recomendações às parentas e Senhoras Conhecidas
A Madre Abadessa outra vez me manda dizer a Vossa Reverência não se agaste pelo que vai, pois assim como nós estimamos tudo de Vossa reverência nos manda por esmola assim deve Vossa Reverência aceitar o que vai sem enfado para nos dar a doutrina com o exemplo. São formais palavras de Vossa Reverencia […]
Fantastico!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarPreciosa nota, de enorme curiosidade para as relações entre as comunidades religiosas.
ResponderEliminarPena não existirem mais...