quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dez leprosos curados (Lc 17,14)

Jesus ia a caminho de Jerusalém quando no seu caminho apareceram dez leprosos, doentes que se postaram à distância para não contaminarem aqueles que passavam, a própria pessoa de Jesus a quem recorriam pedindo compaixão.
Também de longe Jesus os cura e os envia, de acordo com a lei, a certificarem junto das autoridades religiosas a alteração operada e a possibilidade de integrarem de novo a vida social e a comunidade.
De entre os dez leprosos um era samaritano e é esse que perante a cura, confrontado com a mudança da sua vida, regressa para louvar a Deus. Já nesta condição abeira-se de Jesus e junto dos seus pés prostra-se para lhe agradecer a cura.
A atitude de Jesus e a presença desta samaritano, um homem que acumula o estigma de uma doença e de uma outra fé, e portanto uma dupla rejeição social e religiosa, mostra a gratuidade do dom de Deus, a gratuidade da salvação oferecida por Jesus, pois não exige nenhuma contrapartida prévia à realização da cura, assim como a sua universalidade, pois mostra que essa cura não se dirige apenas a alguns, a uns quantos escolhidos, mas dirige-se a todos.
Perante este milagre e aqueles que são o objecto da acção temos que reconhecer que também nós somos chamados a esta universalidade e gratuidade, não podemos querer apenas o bem dos que estão do nosso lado ou nos são próximos, nem querer que haja alguma contrapartida em virtude do bem que fazemos ou possamos fazer. Há uma liberalidade que nos deve marcar enquanto despojamento de qualquer recompensa ou gratificação, e enquanto abertura a todos, mesmo àqueles que possam ser diferentes de nós.
Peçamos ao Senhor Jesus esta liberalidade dizendo com as palavras dos leprosos “Senhor tem compaixão de nós” que andamos aferrados ao que é nosso e aos que estão connosco.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    A Meditação que hoje partilha connosco, com origem no Evangelho de hoje, a “Cura de dez leprosos por Jesus (Lc 17,14)” centra-se na atitude de Jesus para nos lembrar ...” a gratuidade do dom de Deus, a gratuidade da salvação oferecida por Jesus, pois não exige nenhuma contrapartida prévia à realização da cura, assim como a sua universalidade, pois mostra que essa cura não se dirige apenas a alguns, a uns quantos escolhidos, mas dirige-se a todos.”
    E como os nove leprosos, facilmente esquecemos a acção de graças a Deus, “sem contrapartida prévia”, uma vez conseguidos os “nossos pedidos” ou resultado das “acções que realizamos”.
    Por outro lado, se a “lepra” enquanto doença é rara, hoje criámos outras formas mais “sofistificadas” de lepra que continua a separar-nos socialmente, o racismo, a indiferença, o egoísmo, a não aceitação de quem não partilha a nossa forma de ser e de estar, enfim, criámos outras formas de “excluídos”.
    Obrigada por nos salientar que …”Há uma liberalidade que nos deve marcar enquanto despojamento de qualquer recompensa ou gratificação, e enquanto abertura a todos, mesmo àqueles que possam ser diferentes de nós.”
    Que a fé, o amor e a misericórdia de Jesus nos salvem e saibamos agradecer-Lhe os dons que nos foram conferidos. Tenhamos a coragem de estabelecer um compromisso presente e futuro na construção de um Mundo melhor, mais fraterno, assente nas relações “desinteressadas”.
    Bem haja Frei José Carlos por nos ajudar a meditar diariamente, a elevar espiritualmente o nosso quotidiano através da palavra e do exemplo.
    Um abraço fraterno
    MJS

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