sábado, 27 de novembro de 2010

Vigai e orai (Lc 21,36)

Terminamos o ano litúrgico e preparamo-nos para iniciar um outro a partir de amanhã, primeiro domingo do Advento. E não podia ser mais eloquente o conselho que o Senhor nos deixa nesta passagem de anos litúrgicos, em cada passagem de ano, em cada momento da nossa vida. Vigiai e orai.
E vigiamos e oramos porque nos sabemos débeis, frágeis, porque vivemos num mundo e em diversas circunstâncias que atentam contra a nossa fidelidade ao Senhor Jesus, que nos empecilham na caminhada de uma vida mais consentânea com o seu mandamento do Amor, com o mistério da sua encarnação.
Por todas estas razões é necessário vigiar, porque sem vigilância o nosso corpo e o nosso espírito tendem a deixar-se enredar na intemperança, nas múltiplas embriaguezes, nos excessos que nos corroem o corpo e a alma; porque sem vigilância nos deixamos submergir pelas preocupações da vida, enterrando-nos muitas vezes em necessidades que são puros devaneios ou gratificações de um vazio que ainda não soubemos ou não quisemos preencher com o que de verdade o preenche.
E oramos porque sabemos que há uma força que nos pode ajudar a superar as dificuldades e as tentações, porque sabemos que não somos deste mundo ainda que estejamos nele, estamos apenas de passagem, e por isso é necessário manter orientada a nossa bússola no norte que é Deus. E oramos porque tal como comemos para nos mantermos vivos, e fazemos exercício físico para nos mantermos saudáveis, também a alma e o espírito necessitam exercitar-se e alimentar-se. A oração é o exercício e a mesma alimentação.
O peregrino russo nos seus relatos conta-nos que foi esta mesma recomendação de Jesus que o levou a peregrinar em busca da forma como viver esta recomendação, afinal como vigiar e orar em todo o tempo. Nós não podemos peregrinar como ele por terras longínquas em busca de um mestre que nos ensine, as circunstâncias da vida não nos permitem. Por essa razão, e porque mais longe que vaiamos existe apenas um mestre, temos que nos satisfazer com buscar esse único mestre que mais longe ou mais perto está sempre ao nosso dispor, Jesus o Filho de Deus.
O mistério da Encarnação de Jesus, que a partir de amanhã começamos a preparar com o tempo litúrgico do Advento, é o mapa da nossa busca, o caminho certo por onde vigilantes e de coração aberto podemos peregrinar ao encontro daquele nos deseja colmar de todos os prazeres e delícias. Caminhemos confiantes ao encontro do Senhor.

2 comentários:

  1. Boa noite Frei José Carlos,
    E como é bom experimentar a confiança no Senhor, a deleitosa paz que inspira a oração, a alegria e a satisfação vivenciadas, quando se compreendem melhor as Escrituras que mais uma vez os Dominicanos nos proporcionaram com a exposição desta manhã,qual fome saciada pela Palavra.
    Tenha uma santa noite,
    GVA

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  2. Frei José Carlos,

    Obrigada por esta partilha que nos conduz a uma meditação especial na véspera do I Domingo do Advento. “Vigiai e Orai” que em diferentes momentos e textos, nomeadamente Homílias e Meditações Diárias, o Frei José Carlos nos tem lembrado as razões para vigiar, a necessidade de orar, exortando-nos a fazê-lo.
    São as nossas fragilidades, as nossas imperfeições, o mundo em que vivemos, os escolhos no “Caminho” que dificultam como afirma, ...” a nossa fidelidade ao Senhor Jesus, que nos empecilham na caminhada de uma vida mais consentânea com o seu mandamento do Amor, com o mistério da sua encarnação.”
    E como nos lembra ...” oramos porque sabemos que há uma força que nos pode ajudar a superar as dificuldades e as tentações (…)” ....”afinal como vigiar e orar em todo o tempo”. …, sabendo que Jesus “está sempre ao nosso dispor”.
    Saibamos aproveitar o tempo litúrgico do Advento para que “vigilantes e disponíveis” …”Caminhemos confiantes ao encontro do Senhor.”
    Bem haja Frei José Carlos por nos lembrar que …”é necessário manter orientada a nossa bússola no norte que é Deus” e que a oração é a nossa “sentinela”.
    Desejo ao Frei José Carlos um bom Domingo.
    Um abraço fraterno
    Maria José Silva

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