quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Jornada Dominicana por Coimbra

A convite das Irmãs Dominicanas do Colégio de São José de Coimbra passei o final do dia de ontem e parte do dia de hoje na cidade de Coimbra. Pelas diversas actividades levadas a cabo foi uma total jornada dominicana.
Assim, ontem depois do jantar estive com um grupo dos Amigos de Teresa de Saldanha e alguns professores do colégio. Já há algum tempo que tínhamos combinado que passaria por ali para estar com eles e falar-lhes um pouco de São Tomás. Foi um momento de formação para o grupo e participantes, mas também para mim, uma vez que me obrigou a reencontrar-me com São Tomás, a sua vida e a sua obra.
Hoje, pela manhã fui visitar o que existe visível do antigo convento de São Domingos, uma fachada discreta para a Rua da Sofia e no interior do que era a antiga igreja, hoje transformada em centro comercial, o tecto renascentista que resta daquela que era a capela de Jesus. No espaço da capela está hoje um café, com uma mezanine que nos permite observar de mais perto o fabuloso trabalho renascentista do escultor João de Ruão, ou seus colaboradores, pois se o retábulo e capela do Tesoureiro, retirado há muito para o museu Machado de Castro, era da sua autoria podemos supor que também este tecto magnificamente trabalhado é da sua autoria.
O café de São Domingos, pois é assim que se chama, tem na parede onde antigamente estava o retábulo uma bonita tela de São Domingos, uma pintura a óleo de 2007 cujo autor agora não consigo identificar, mas que nos comove pela simplicidade, e pelo lugar de destaque lhe foi dado.
Dali fui visitar já não um lugar mas alguém que se chama também Domingos, o padre Domingos que desde há uns tempos a esta data está na casa sacerdotal de Coimbra, junto ao seminário diocesano. Os cuidados de saúde e as viagens constantes aos hospitais de Coimbra recomendaram e conduziram a esta opção, à saída do convento de Fátima e instalação neste espaço, por sinal bastante acolhedor.
Como esperava não me reconheceu, ou melhor, não sabia dizer quem eu era, o que não me surpreendeu, pois foram muito poucas as vezes que nos encontrámos em Fátima e quase sempre de fugida. Pelo contrário surpreendeu-me a sua agilidade, a sua memória e capacidade de estar quase duas horas a contar-me coisas do passado, quer distante como a estadia em Roma no ano de 1950, estudava no Angélicum, quer mais recente quando alguém o procurou para explicar porque razão o refeitório da Batalha tinha um púlpito numa das paredes.
Das poucas vezes que o encontrei em Fátima nestes últimos anos apercebi-me como o computador era para ele algo essencial, uma ferramenta de trabalho ou comunicação sem a qual já não sabia viver. Hoje encontrei-o uma vez mais diante do seu computador, trabalhando para a Revista do Rosário, um texto que certamente leremos num dos próximos números. Fiquei surpreendido, prazenteiramente surpreendido, porque vi que apesar de estar a viver num daqueles lugares que tão frequentemente chamamos antecâmaras da morte, o frei Domingos continua a levar uma vida de estudo, de trabalho, dignificante do seu ser humano e dominicano. É o nosso irmão mais velho, em idade e em profissão. Por isso e por tudo o que deu à Ordem e certamente dará até que o Senhor o permita, merece o nosso carinho e o nosso respeito.
Por tudo, por todas estas andanças dominicanas valeu a pena a passagem por Coimbra. Obrigado às irmãs pelo convite que proporcionou estas jornada.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Obrigada por ter partilhada connosco a Jornada por Coimbra a que apropriadamente intitulou de “Dominicana”. É interessante a descrição de certos pormenores e a curiosidade que nos deixa para uma visita ao que existe visível do antigo convento de São Domingos. Foi, na realidade, uma verdadeira Jornada Dominicana, plenamente vivida, onde não faltou o convívio, a formação, o gesto piedoso, a curiosidade histórica.
    Foi uma bonita partilha. Realizamo-nos, Frei José Carlos, administrando da melhor forma os dons que Deus nos concedeu. Bem haja.
    Um abraço fraterno

    Maria José Silva

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  2. Bom dia Frei José Carlos,
    Mais uma vez nos leva em visita guiada a lugares dominicanos. Aguça-nos a curiosidade no que se refere à localização do púlpito no Mosteiro da Batalha.Encanta-nos com a apresentação do Frei Domingos e da sua vida exemplar de homem e de dominicano, deixando-nos adivinhar a vivência do seu amor a Deus e aos homens até pelo seu trabalho coadjuvado pelas novas tecnologias.É enternecedora esta sua partilha.
    GVA

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