Para além das informações que já aqui divulgámos das notícias surgidas na impressa sobre a abertura do Convento e Noviciado Dominicano na Quinta de São Pedro em Sintra, outra descobrimos no conjunto do espólio do Arquivo Provincial Dominicano.
Assim, numa folha certamente solicitada pelos padres dominicanos, o Secretariado Nacional da Informação informa que o artigo elaborado por aqueles serviços e publicado no boletim “Informações”, nº 524, de 17 de Dezembro de 1949, foi transcrito para os seguintes jornais:
“Boa Nova”, na sua edição de 23 de Dezembro de 1949; “O Marcoense” no dia 24 de Dezembro; “Notícias de Viana”, na sua edição de 25 de Dezembro de 1949; “Notícias de Ourém”, na edição de 1 de Janeiro de 1950; e “O Castelovidense”, também na edição do mesmo dia 1 de Janeiro.
A notícia, de que juntam um recorte, e que é interessante pela apologia política que lhe subjaz nas entrelinhas, dizia o seguinte:
Os Dominicanos em Portugal
Acaba de ser restaurada em Portugal a Ordem dos Dominicanos. Esta nobilíssima Ordem foi introduzida em Portugal nos fins do primeiro quartel do século XIII por Frei Sueiro Gomes, companheiro de S. Domingos, que fundou o primeiro convento dominicano português na serra de Montejunto, perto de Alenquer, sob os auspícios da infanta D. Sancha, filha do rei D. Sancho I. pouco depois, outro convento foi construído na cidade de Coimbra. Pode-se pois dizer que a entrada dos dominicanos em Portugal é contemporânea dos princípios da nossa nacionalidade.
Há mais de um século que esta nobilíssima Ordem foi expulsa de Portugal (1834) por influências do laicismo que imbuía os políticos do tempo.
A inauguração, agora, do seu amplo convento, sob a invocação de S. Pedro Mártir, na quinta de S. Pedro, em S. Pedro de Sintra, revestiu-se de grande solenidade íntima, de acordo com a tradição da Ordem que tão altos benefícios prestou ao País e que deu à História da Igreja e de Portugal figuras de sábios e de santos como a de Santo Alberto Magno, São Tomás de Aquino, pintores Fra Angélico e Fra Bartolomeu apóstolos como S. Gonçalo de Amarante, Frei Bartolomeu dos Mártires, Frei Jerónimo de Azambuja, o clássico Frei Luís de Sousa, Frei Francisco Foreiro, São Gil de Santarém, Santa Joana de Aveiro, Frei Luís de Sotto-Maior e Frei Luís de Granada que foi Provincial em Portugal.
Já longe vão os tempos, felizmente para Portugal, em que a liberdade religiosa se concretizava na liberdade de ataque contra os sentimentos religiosos do Povo Português que são bem profundos e sinceros.
Desejosos de continuar a sua missão apostólica e cultural em nome de Deus e a favor dos homens, a nobre Ordem dos Pregadores terá agora um ambiente propício para realizar o seu ideal, gozando de liberdade de acção que lhe garante um Estado compreensivo da liberdade religiosa.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada pela descoberta e divulgação do artigo publicado pelo Secretariado Nacional da Informação aquando da restauração em Portugal da Ordem dos Dominicanos. É como diz, é preciso saber ler nas entrelinhas.
Peçamos ao Senhor que a memória do ser humano não seja curta e saibamos aprender com o passado.
Bem-haja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva