Continuamos a divulgação do fundo documental da história recente dos dominicanos em Portugal e assim apresentamos a correspondência trocada entre o Padre Sylvain e o Senhor José de São Romão Posser de Andrade no sentido de um contrato de locação do Palácio e Quinta que a família Posser de Andrade tinha em São Pedro de Sintra.
Esta negociação, certamente intermediada pelas Irmãs Dominicanas do Colégio de São José do Ramalhão, de onde a carta do Padre Sylvain é escrita, visa a obtenção de um espaço habitacional com condições para o estabelecimento do Convento do Noviciado, que se vai manter nesta Quinta até ao final do verão de 1952.
O preço elevado da renda da Quinta, três mil escudos, foi uma das razões que pesaram no abandono da Quinta e à transferência do Noviciado para o Convento de Fátima ainda antes deste estar terminado.
Carta do Padre Sylvain
Colégio de São José, Ramalhão, 1/10/49
Ao Senhor José de São Romão Posser de Andrade
Estoril
Caro Senhor
No seguimento da nossa conversa dos últimos dias, venho propor-vos, em nome dos Padres Dominicanos de Portugal, o aluguer do vosso Palácio de São Pedro, no estado actual em que se encontra a casa e o seu conteúdo, incluindo a utilização do parque à excepção das hortas. Tudo pelo preço de (3000$00) três mil escudos por mês a pagar no início de cada mês, e por um período inicial de seis meses a partir do primeiro de Outubro de 1949.
Salvo aviso prévio de 60 dias, a locação do dito Palácio renovar-se-á nas mesmas condições, automaticamente, mas de três em três meses.
Nós vos consideramos, a vós e à vossa família, como benfeitores insignes dos Dominicanos, o que vos dá direito aos benefícios espirituais dos membros de toda a Ordem de São Domingos.
Aceite, caro Senhor, a expressão da minha alta consideração e da minha profunda gratidão.
Père Louis-Marie Sylvain, OP
Pró-Vigário Geral dos Dominicanos de Portugal
Carta Resposta do Senhor José Posser de Andrade
10/10/49
José de São Romão Posser de Andrade
Casa dos Cedros, Rua Dr. Oliveira Salazar, Estoril
Padre Louis-Marie Sylvain, OP
Pró-Vigário Geral dos Dominicanos em Portugal
Caro Senhor
Recebi a vossa amável carta de 1710/1949 e estou de acordo com todas as condições que vós me propondes para alugar o meu Palácio da Quinta de São Pedro, em Sintra, no estado actual em que se encontra a casa e o seu conteúdo, incluindo a utilização do parque à excepção das hortas. Tudo pelo preço de Três mil escudos por mês, a pagar no início de cada mês, e por um período de seis meses, a partir do primeiro de Outubro de 1949.
Salvo aviso prévio de 60 dias, a locação do dito Palácio renovar-se-á nas mesmas condições, automaticamente, mas de três em três meses.
Agradeço-vos infinitamente o vosso amável voto de incluir a minha família e a mim, como benfeitores insignes dos Dominicanos, pelo que sou profundamente honrado.
Desejo-vos a vós e toda a vossa comunidade todos os votos de felicidade e de saúde e que Deus vos proteja na sua infinita misericórdia.
Aceite, Mon Pére, a expressão da minha profunda gratidão.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada pela divulgação da correspondência trocada para a celebração de um contrato de locação para a obtenção de um espaço habitacional para o estabelecimento do Convento do Noviciado. É interessante conhecer os documentos que vão ilustrando alguns dos passos dados para a reinstação dos dominicanos em Portugal. A divulgação deste fundo documental ultrapassa a curiosidade que se possa ter sobre o passado, e no caso em apreço, a história recente dos dominicanos em Portugal. É também uma forma de recordar e fazer justiça à memória de todos os dominicanos que se empenharam com denodo para que a reinstalação da Ordem dos Pregadores em Portugal fosse uma realidade. E … o conhecimento do passado convida-nos a reflectir sobre o presente num horizonte de longo prazo.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva