Discurso na Abertura do Noviciado em São Pedro de Sintra a 7 de Dezembro de 1949

Continuamos a divulgação do espólio documental da Restauração da Província Dominicana de Portugal apresentando o discurso que o Vigário Geral, o Padre Gaudrault, proferiu na cerimónia de abertura do Noviciado e Tomada de Hábito dos noviços que nessa data e ali iniciavam o seu noviciado.

Discurso do Padre Gaudrault

Meus Reverendos Padre e Irmãos, caros Terceiros e Amigos da Ordem:

Sinto uma grande alegria por ver-vos reunidos, neste dia, junto de nós porque o ensejo desta reunião nos proporciona uma felicidade que não esperávamos tão cedo.

Deus abençoou-nos muito além de toda a expectativa pois que, a partir, de hoje, podemos proceder à reabertura do Noviciado dominicano em Portugal, depois de uma infeliz e funesta interrupção de cento e quinze anos.

É, pois, histórico o acontecimento a que estais assistindo. Ele é muito importante e decisivo para a obra da Restauração da Província Lusitana que outrora conheceu tanta glória.

Como Vigário do Reverendíssimo Padre Geral, constitui para mim uma grande alegria presidir a esta erecção canónica do primeiro Noviciado português depois de 1834, e dar o Hábito dominicano a seis noviços portugueses no seu país natal.

Quero aqui agradecer ao Reverendíssimo Padre Geral toda a solicitude que Sua Paternidade tem manifestado pelos seus filhos portugueses. Foi esta benevolência do Reverendíssimo Padre Geral que tornou possível o acontecimento tão prenhe de promessas que hoje celebramos. Exprimo, pois, ao Reverendíssimo Padre Geral a viva gratidão do Vicariato de Portugal.

Um outro dever de reconhecimento, e este muito agradável, me faz voltar-me para Sua Eminência o Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa para lhe exprimir a nossa indelével gratidão pela bondade com que nos recebeu no Patriarcado e a autorização por escrito que nos deu para a erecção canónica do Noviciado. Neste dia solene, constitui para nós verdadeiro prazer garantir a Sua Eminência que tudo faremos para lhe sermos agradáveis, para o servirmos, assim como à Igreja de Lisboa, na inteira medida do nosso reconhecimento e das nossas possibilidades.

E nos nossos testemunhos de gratidão não poderei esquecer a ilustre Família Posser de Andrade que considero como benfeitores insignes por nos terem recebido com tanta generosidade nesta Quinta de São Pedro. Asseguro-lhes que terão largo quinhão a vida religiosa e de penitência que será vivida no seu palacete e nas orações que serão dirigidas a Deus na tão linda capelinha deste solar.

Agradeço-vos a todos vós que tivestes a amabilidade de comparecer aqui acedendo ao nosso convite. Obrigado especialmente aos que vieram de longe: alguns vieram do Porto; obrigado aos Padres que aqui representam as diversas Casas: Porto, Aldeia Nova, o Colégio Clenardo; obrigado aos Padre Irlandeses do Corpo Santo que mostram a sua simpatia para com a Província ora renascente tomando parte em todas as nossas festas, particularmente nesta cerimónia de Tomada de Hábito; obrigado à Reverendíssima Madre Geral e às Irmãs do Colégio de São José do Ramalhão, que, desde a primeira hora nos mostraram uma benevolência de que largamente temos beneficiado. Viestes aqui todos para vos congratulardes connosco pela hora feliz que vivemos, obrigado a todos. “Haec est dies quam fecit Dominus, exultemus et laetemur in ea”.

Depois da cerimónia da Vestição, o Muito Reverendo Padre Tomás Videira, Superior do Seminário de Aldeia Nova vos dirigirá a palavra.

Vou proceder imediatamente à leitura dos documentos de erecção, de que vos será lida tradução em português, e a seguir, será a cerimónia da Tomada de Hábito. Convido-vos a orar pelos novos Noviços que iniciam hoje a sua vida religiosa, para que estejam sempre à altura do que Deus deles espera e também pelo Vicariato afim de que continuemos sempre a merecer as bênçãos do nosso Bem-Aventurado Patriarca São Domingos.

Tenho dito.