Se ontem divulgávamos as notícias relativas à abertura do Noviciado Dominicano em São Pedro de Sintra, saídas na imprensa na véspera do dia da inauguração do convento, hoje apresentamos as crónicas que foram publicadas dias depois pelos mesmos jornais.
Uma vez mais o texto repete-se, nomeadamente nos jornais “Novidades”, que publica a notícia no dia 10 de Dezembro, no “Diário do Minho”, saído a 13 de Dezembro, e no jornal eborense “A Defesa” do dia 12. Contudo, este último não publica o trecho relativo ao cartão de felicitações do Arcebispo de Mitilene.
O “Jornal do Comércio”, através do seu colaborador Armando de Araújo, desenvolve de uma forma mais pormenorizada o relato do acontecimento, razão para que a sua divulgação seja feita num outro momento.
Inauguração do Noviciado da Ordem Dominicana em Portugal
Realizou-se, no passado dia 7, às 15 horas, a inauguração do convento prioral da Ordem de S. Domingos e do Noviciado da Província Dominicana Portuguesa, na Quinta de S. Pedro, Sintra.
Perante numerosa assistência que imprimia à circunstância um cunho de solenidade, usou, primeiramente, da palavra o Muito Reverendo Padre Pio Gaudrault, OP, Vigário do Mestre Geral da Ordem, em Portugal, para exprimir a sua alegria ao inaugurar um convento e Noviciado dominicano em terra portuguesa.
Exprimiu o seu reconhecimento ao Reverendíssimo Mestre Geral pela sua paternal solicitude e carinho para com os Dominicanos portugueses. Agradeceu também ao Eminentíssimo Cardeal Patriarca a autorização concedida para a instalação do convento e Noviciado no território do Patriarcado. Agradeceu ainda à ilustre Família Posser de Andrade as facilidades concedidas para a instalação do convento no seu solar, aos Padres da Ordem vindos de várias casas: do Porto, de Aldeia Nova e de Lisboa, aos padres Dominicanos do Corpo Santo, à Reverendíssima Madre Geral e Religiosas Dominicanas do Colégio de S. José do Ramalhão, aos Irmãos Terceiros e a todos os presentes o terem vindo associar-se à alegrai daquela casa e da Ordem.
Procedeu-se, em seguida, à leitura dos documentos de erecção do convento e do Noviciado e das patentes de nomeação do primeiro Prior, Sub Prior, Mestre e Sub Mestre de Noviços, Mestre dos Irmãos Leigos e Sindico (Ecónomo) do convento. Pelo Reverendíssimo Mestre Geral da Ordem foi nomeado Prior e Mestre de Noviços o Muito Reverendo Padre Leitor em Teologia e Doutor em Direito Canónico Luís Maria Sylvain. Pelo Muito Reverendo Vigário do Mestre Geral em Portugal foram nomeados, como Sub Prior e Sub Mestre dos Noviços o Reverendo Padre Bartolomeu Martins, e como Mestre dos Irmãos Leigos e Sindico, o Reverendo Padre Gerardo Maria Reed. De todos os documentos, lidos no texto latina, ia sendo dada aos assistentes tradução portuguesa.
Procedeu-se, em seguida, à leitura dos documentos de erecção do convento e do Noviciado e das patentes de nomeação do primeiro Prior, Sub Prior, Mestre e Sub Mestre de Noviços, Mestre dos Irmãos Leigos e Sindico (Ecónomo) do convento. Pelo Reverendíssimo Mestre Geral da Ordem foi nomeado Prior e Mestre de Noviços o Muito Reverendo Padre Leitor em Teologia e Doutor em Direito Canónico Luís Maria Sylvain. Pelo Muito Reverendo Vigário do Mestre Geral em Portugal foram nomeados, como Sub Prior e Sub Mestre dos Noviços o Reverendo Padre Bartolomeu Martins, e como Mestre dos Irmãos Leigos e Sindico, o Reverendo Padre Gerardo Maria Reed. De todos os documentos, lidos no texto latina, ia sendo dada aos assistentes tradução portuguesa.
A seguir, realizou-se a Tomada de Hábito de seis Noviços. São eles: Frei Rosário Francisco (no século Francisco Mendes da Fonseca), de Ourém, Frei Pedro António (no século António Augusto Vasco Leitão), de Bismula, Frei Raimundo Luís (no século Luís de Gonzaga Duarte de Oliveira), de Avança, Frei Gonçalo Manuel (no século Manuel António Vaz), de Aboadela, Frei Pio José) no século José da Rocha de Sousa), de Doze Ribeiras, Terceira, Açores, e frei João Firmino (no século Firmino Pacheco de Sousa), da mesma localidade.
Esta cerimónia, pelo seu expressivo simbolismo e poder de evocação, muito impressionou e comoveu os assistentes. Com efeito, prostrados por terra, de braços em cruz e rosto colado ao chão, os Postulantes humilham-se diante de Deus e da Igreja, reconhecem o seu nada, ao mesmo tempo que se despedem para sempre do mundo e das suas vaidades. O Prelado pergunta-lhes o que desejam e eles respondem que suplicam a misericórdia de Deus e da Ordem. O Prelado manda os levantar e expõe-lhes em resumo as obrigações e austeridades que encontrarão na vida religiosa. E, perguntando-lhes no fim se estão dispostos a aceitar tudo aquilo, os Postulantes respondem que sim. O Prelado veste-os então com o Hábito da Ordem enquanto se canta o “Veni Creator Spiritus”. Vestidos todos, o Prelado o abraço fraterno e eles vão depois abraçar todos os seus Irmãos de Hábito que estão presentes. Canta-se entretanto o “Te Deum”, depois do que o Prelado lhes dá um nome novo e lhes comunica que terão uma ano de provação – o noviciado – durante o qual conservam a liberdade de voltar para o século se não se sentiram com vocação, e a Ordem de os despedir se não os achar idóneos.
Em seguida usou da palavra o Muito Reverendo Padre Tomás Maria Videira, Superior do Seminário Dominicano de Aldeia Nova que, inspirando-se nas palavras “Magnificat anima mea Dominum”, agradeceu a Deus, a Nossa Senhora do Rosário de Fátima e ao Patriarca São Domingos o permitirem que os Dominicanos portugueses comecem a ver germinar o grão dominicano lançado à terra portuguesa, há já muitos anos, com grandes sacrifícios, dos primeiros semeadores, alguns dos quais já caíram no campo da labuta, entre os quais é justo salientar o Senhor D. Domingos Frutuoso, saudoso Bispo de Portalegre. Frisou que esta graça do Noviciado foi por Nossa Senhora concedida aos Dominicanos portugueses por intermédio da Província Dominicana do Canadá que levou a sua generosidade até privar-se de cinco Religiosos de grande valor para auxiliar a restauração da Ordem em Portugal.
Seguidamente foram cantadas “Completas” que finalizaram, como de costume desde os inícios da Ordem, com o suave canto do “Salve Regina” com a aspersão de água benta.
A cerimónia religiosa terminou pela bênção solene do Santíssimo dada pelo Muito Reverendo Vigário Geral, acolitado pelos Reverendos Padres Gil Alferes, primeiro Superior português dos Dominicanos, e João de Oliveira, Director do Colégio Clenardo, de Lisboa.
Estavam presentes, além da família Posser de Andrade, proprietária da casa, as Religiosas Dominicanas do Ramalhão, o Padre Peirone dos Padres da Consulata, de Fátima, uma numerosa deputação de alunas do Colégio do Ramalhão, outra de alunos do Colégio Clenardo com alguns professores, Irmãos e Irmãs Terceiros Dominicanos e outros convidados e pessoas de Sintra.
Durante o dia foram recebidos numerosos telegramas e cartas de diversos pontos do país, felicitando os Dominicanos por esta faustosa ocorrência. Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Arcebispo de Mitilene, que os Dominicanos têm a subida honra de contar entre os seus Irmãos Terceiros, dignou-se enviar ao Prior do Convento o seguinte cartão:
“Manuel, Arcebispo de Mitilene, com afectuosos cumprimentos e fervoroso parabéns jubilosamente se associa à linda festa de amanhã, que marca uma data faustosa na História da Ordem de S. Domingos em Portugal. 6.12.49”.
Os Dominicanos portugueses agradecem a sua Excelência Reverendíssima este penhorante gesto de fraternal congratulação. Patenteiam também o seu agradecimento á imprensa pela publicidade e relevo que deu ao facto.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada pela publicação do texto que nos faz partilhar da alegria da festa aquando da inauguração do convento da Ordem de S.Domingos e do Noviciado da Província Dominicana Portuguesa, na Quinta de S. Pedro, em Sintra, aquando da restauração da Ordem. Na realidade, foi um momento importante da História da Ordem, em Portugal.
Leio com interesse esta forma de partilha que nos revela diferentes detalhes de como a História da Ordem, no século XX, se foi construindo. Se me permite, diria que a História em sentido latu é feita também de “histórias”. É como disse recentemente numa crónica o Padre José Tolentino de Mendonça …” A herança dessas histórias constitui um património cultural. …
Bem-haja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva