quarta-feira, 30 de maio de 2012

Concede-nos que na tua glória nos sentemos (Mc 10,37)

Se ainda havia alguma dúvida, Tiago e João acabaram de a desfazer ao pedirem ao Mestre que permita sentarem-se ao seu lado na glória. E como se não bastasse, os outros ainda se manifestam contra eles, revelando desta forma como afinal estavam todos na mesma barca, eram devorados igualmente pelos mesmos desejos e aspirações.
E face ao pedido de uns e à murmuração condenatória dos outros, Jesus volta a chamar a atenção para a radicalidade do seguimento, para a necessidade de aceitar o sofrimento do desprendimento e da pobreza, o cálice e o baptismo de sangue, e para a humildade e o serviço como resposta às pretensões de poder e glória.
De facto, só na humildade e no serviço se pode abrir a brecha que permite a acção de Deus, só na humildade e no serviço gratuito se pode combater a vaidade e o orgulho, a pretensão de que fazemos alguma coisa apenas por nós próprios.
Ao dizer-nos que Jesus caminhava à frente do grupo enquanto se dirigiam para Jerusalém, São Marcos coloca em evidência o desbravamento do terreno operado por Jesus, o caminho aberto e experimentado para que nenhum de nós pudesse duvidar da sua possibilidade e da vitória final.
Deste modo, quando aceitamos também beber a taça e passar o baptismo, quando aceitamos em humildade a acção de Deus em nós, sabemos que não estamos sós e recebemos a consolação e a força daquele que também não recuou nem recusou fazê-lo por cada um de nós e por todos os homens.
Há uma vida vivida já em nós, uma vitória que nos alenta e nos fortalece e por isso podemos responder como Tiago e João, “sim Senhor, podemos, contigo poderemos”.

Ilustração: “Jesus em viagem”, de James Joseph Jacques Tissot, Brooklyn Museum.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Bem-haja por nos recordar que ...” quando aceitamos também beber a taça e passar o baptismo, quando aceitamos em humildade a acção de Deus em nós, sabemos que não estamos sós e recebemos a consolação e a força daquele que também não recuou nem recusou fazê-lo por cada um de nós e por todos os homens.”…
    No nosso peregrinar, peçamos ao Senhor que reforce a nossa fé e nos dê a humildade e a sabedoria para acolhermos e servirmos o nosso próximo com amor e misericórdia como um gesto gratuito.
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas que são sempre fonte de inspiração, formação e reflexão. Que o Senhor o abençõe e proteja.
    Continuação de uma boa semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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