Ao voltar-se, Pedro vê que é seguido pelo discípulo amado, por aquele que na última ceia reclinado sobre o peito do Senhor lhe tinha perguntado pelo traidor. Ao vê-lo segui-los, Pedro interpela o Mestre sobre a situação, sobre o futuro daquele que tinha descoberto tão profundamente o amor: “que será deste?”.
Notamos na sua pergunta uma preocupação, um carinho por aquele que era o mais jovem, por aquele que certamente sentiria de forma mais intensa a partida do Mestre. Que será deste que se sentiu sempre tão amado?
A resposta de Jesus à questão de Pedro é surpreendente em predilecção por João, “se eu quiser que ele fique até que eu venha”, mas igualmente surpreendente em clarificação do verdadeiramente fundamental para Pedro, “que te importa, tu segue-me”.
Jesus coloca diante da pergunta de Pedro o verdadeiramente fundamental, o seguimento, a missão que lhe tinha sido destinada, tudo o mais era relativo, mesmo o discípulo amado. Ele tinha a sua missão e o seu seguimento a fazer.
Esta resposta de Jesus vem ao encontro de muitas das nossas atitudes, das nossas posições face a pessoas e situações que encontramos na Igreja e na nossa vida e que por vezes nos escandalizam, nos fazem vacilar na nossa fé e no nosso seguimento de Jesus.
Quantas vezes não dizemos que por isto ou por aquilo deixámos de acreditar, deixámos de frequentar a igreja, as nossas comunidades, abdicámos de um papel mais interventivo na vida das comunidades? Quantas vezes a incoerência e infidelidade dos outros nos fez vacilar e até afastar?
E contudo, tal como a Pedro, Jesus continua a dizer a cada um de nós, “a ti que te importa, tu segue-me”. O teu ponto de referência não é o outro mas sou eu próprio. Não foi o outro que te chamou, mas fui eu; não foi o outro que deu por ti a vida, fui eu. E à infidelidade do outro contrapõe-se a minha fidelidade, com ela podes contar sempre, ainda que também sejas infiel.
Que o convite de Jesus nos leve a segui-lo sem que mais nada importe. Ele sabe o convite que fez a cada um e como cada um lhe responde.
Ilustração: “São João Evangelista”, de Frans Hals, Getty Center, Los Angeles.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarApós a leitura da Meditação que partilha fico a reflectir nas razões que alguns de nós davam no passado e dão no presente para afastarem-se do seguimento de Jesus. Todos nós sabemos que as instituições não são entidades abstractas e estáticas. São formadas por mulheres e homens, os que estão “intramuros” e os que estão fora dela e nela também participam. É normal e importante que não aceitemos o que não está bem, menos bem ou errado segundo o nosso julgamento. Na minha modesta opinião, até as situações mais gravosas, tomadas as necessárias medidas têm de ser objecto de perdão, de misericórdia como cada um de nós espera a mesma atitude de quem pode interceder por nós. Aliás, esta forma de escusa nunca foi tão actual e serve inclusive como desculpa para não partilhar, para não ser solidário com o nosso próximo em sofrimento. Jesus deu-nos liberdade para decidirmos, convida-nos a segui-Lo, não nos obriga, e se eu sou uma ovelha tresmalhada, devo olhar-me interiormente, procurar as razões da minha infidelidade, as dificuldades e fragilidades que me levam ao afastamento. Mas acredito que Jesus vem buscar-nos para a Caminhada no momento menos esperado. É a fidelidade de Jesus que nos serve de referência, que nos enlaça, de forma invisível no nosso processo de conversão. Que difícil, Frei José Carlos, é, no presente, o diálogo sobre o seguimento de Jesus a começar nos nossos círculos mais próximos, familiares ou de amizade.
Mas centro-me no texto que partilha e é muito afectiva a forma como interpreta a interpelação de Pedro a Jesus e passo a transcrever ...” Notamos na sua pergunta uma preocupação, um carinho por aquele que era o mais jovem, por aquele que certamente sentiria de forma mais intensa a partida do Mestre. Que será deste que se sentiu sempre tão amado?” Maravilhosa interpretação que nos deve servir de exemplo. (…)
(...) tal como a Pedro, Jesus continua a dizer a cada um de nós, “a ti que te importa, tu segue-me”. O teu ponto de referência não é o outro mas sou eu próprio. Não foi o outro que te chamou, mas fui eu; não foi o outro que deu por ti a vida, fui eu. E à infidelidade do outro contrapõe-se a minha fidelidade, com ela podes contar sempre, ainda que também sejas infiel.”
Façamos nossas as palavras de Frei José Carlos ...” Que o convite de Jesus nos leve a segui-lo sem que mais nada importe. Ele sabe o convite que fez a cada um e como cada um lhe responde.”
Na vígilia de Pentecostes o Espírito Santo renove o nosso interior, cientes que a riqueza da unidade é feita da diversidade.
Grata, Frei josé Carlos, pelas palavras partilhadas, simples e profundas, que ilustrou com tanta beleza. Que o Senhor o ilmunine e o guarde.
Votos de um bom domingo.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
Frei José Carlos,
ResponderEliminarApós a leitura da Meditação que partilha fico a reflectir nas razões que alguns de nós davam no passado e dão no presente para afastarem-se do seguimento de Jesus. Todos nós sabemos que as instituições não são entidades abstractas e estáticas. São formadas por mulheres e homens, os que estão “intramuros” e os que estão fora dela e nela também participam. É normal e importante que não aceitemos o que não está bem, menos bem ou errado segundo o nosso julgamento. Na minha modesta opinião, até as situações mais gravosas, tomadas as necessárias medidas têm de ser objecto de perdão, de misericórdia como cada um de nós espera a mesma atitude de quem pode interceder por nós. Aliás, esta forma de escusa nunca foi tão actual e serve inclusive como desculpa para não partilhar, para não ser solidário com o nosso próximo em sofrimento. Jesus deu-nos liberdade para decidirmos, convida-nos a segui-Lo, não nos obriga, e se eu sou uma ovelha tresmalhada, devo olhar-me interiormente, procurar as razões da minha infidelidade, as dificuldades e fragilidades que me levam ao afastamento. Mas acredito que Jesus vem buscar-nos para a Caminhada no momento menos esperado. É a fidelidade de Jesus que nos serve de referência, que nos enlaça, de forma invisível no nosso processo de conversão. Que difícil, Frei José Carlos, é, no presente, o diálogo sobre o seguimento de Jesus a começar nos nossos círculos mais próximos, familiares ou de amizade.
Mas centro-me no texto que partilha e é muito afectiva a forma como interpreta a interpelação de Pedro a Jesus e passo a transcrever ...” Notamos na sua pergunta uma preocupação, um carinho por aquele que era o mais jovem, por aquele que certamente sentiria de forma mais intensa a partida do Mestre. Que será deste que se sentiu sempre tão amado?” Maravilhosa interpretação que nos deve servir de exemplo. (…)
(...) tal como a Pedro, Jesus continua a dizer a cada um de nós, “a ti que te importa, tu segue-me”. O teu ponto de referência não é o outro mas sou eu próprio. Não foi o outro que te chamou, mas fui eu; não foi o outro que deu por ti a vida, fui eu. E à infidelidade do outro contrapõe-se a minha fidelidade, com ela podes contar sempre, ainda que também sejas infiel.”
Façamos nossas as palavras de Frei José Carlos ...” Que o convite de Jesus nos leve a segui-lo sem que mais nada importe. Ele sabe o convite que fez a cada um e como cada um lhe responde.”
Na vígilia de Pentecostes o Espírito Santo renove o nosso interior, cientes que a riqueza da unidade é feita da diversidade.
Grata, Frei josé Carlos, pelas palavras partilhadas, simples e profundas, que ilustrou com tanta beleza. Que o Senhor o ilmunine e o guarde.
Votos de um bom domingo.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
É um episódio do Evangelho que não deixa de me fazer sorrir, é carregado de ternura. Jesus não esconde nada nem censura ninguém por aceder lentamente à sabedoria do seu Mistério. Mas o gesto de olharmos para trás é tão humano e também somos livres de o fazer com a ternura da preocupação que leio também no comentário da Maria José quando refere o difícil que é “, no presente, o diálogo sobre o seguimento de Jesus a começar nos nossos círculos mais próximos, familiares ou de amizade.”.
ResponderEliminar“O que te importa, tu segue-me”, são palavras de uma profundidade imensa que criam um vínculo único e que é impossível não querer partilhar com alguma preocupação. Falta-me pois compreender nesta frase de Jesus qual deve ser a minha forma de agir, que não é simplesmente ir atrás d’Ele mas dizer não a tudo o que me afaste d ‘ Ele, ou de mim própria. Isto não deverá incluir – correndo um risco – aproximar-me daqueles que me “escandalizam” sem os oprimir?