sábado, 5 de maio de 2012

Quem acredita em mim fará obras ainda maiores. (Jo 14,12)

Jesus proclama solenemente que quem acredita nele não só fará as obras que ele fez mas fará obras ainda maiores.
Promessa surpreendente e simultaneamente intrigante, pois nas nossas fragilidades e limitações de seres humanos, de criaturas, que obras poderemos fazer que sejam ou possam ser maiores que a obra que Jesus fez? Que obra de amor poderemos fazer como fez Jesus?
Inevitavelmente a resposta é negativa, pois todas as nossas obras estão e estarão condicionadas às nossas limitações, à nossa natureza finita e por isso serão sempre ínfimas comparadas com a obra de Jesus.
Contudo, a promessa de Jesus não é uma mentira, nem é um engodo para nos colocar em situação de otários; ela corresponde à verdade daquele mesmo que a enuncia, pelo que temos que acreditar e confiar que podemos e realizamos obras tão grandes ou maiores que as obras de Jesus.
Tal acontece na medida da fé, porque como condição prévia para a realização das obras Jesus exige a fé na sua pessoa, a fé no Filho do homem que é Filho de Deus. Na medida em que acreditamos podemos realizar grandes obras. Jesus diz-nos noutro momento que se tivéssemos fé, mesmo que fosse do tamanho de um grão de mostarda, poderíamos ordenar a mudança de um monte para o mar.
Por outro lado, e é a outra condição para que possamos fazer grandes obras, não podemos esquecer que devemos pedir ao Pai por Jesus a obra que desejamos realizar. Devemos portanto colocar-nos em sintonia com o Pai e o Filho, percebendo que as obras que desejamos, pelas quais pedimos, não podem deixar de estar no seguimento das obras realizadas por Jesus, não podem distanciar-se ou opor-se à vontade do Pai.
E ainda, se realizamos as obras, se tal é possível, é porque o Filho está junto do Pai, Jesus subiu ao céu e dessa forma é Senhor do universo, tudo lhe foi subjugado e está aos seus pés, tem portanto poder sobre todas as realidades, inclusive sobre a nossa acção.
Com toda a razão alguém perguntará, então porque não fazemos as obras, porque não somos capazes até de fazer as obras mais simples?
Poderíamos responder basicamente porque nos falta a fé, ou nos falta a oração de petição verdadeira e profunda. Mas o cerne da resposta é-nos dado pelo próprio Jesus quando nos diz que responderá aos nossos pedidos para que o Pai seja glorificado no Filho.
São as nossas obras, e os nossos pedidos, continuidade da obra de glorificação que Jesus operou, tanto na dimensão humana como na dimensão divina? As obras que pretendemos realizar, e para as quais pedimos a ajuda de Deus, dignificam o homem, os irmãos com quem vivemos, e dignificam o Deus que se nos revelou em Jesus como amor e misericórdia, como pai que nos ama? São verdadeiramente obras de salvação, obras de amor?
Certamente se ainda não conseguimos realizar as obras que Jesus nos prometeu é porque ainda muito nos falta amar.

Ilustração: “Cristo Rei Salvador”, de Nikolai Andreevich Koshelev, para a Catedral do Salvador de São Petersburgo.

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