sexta-feira, 4 de maio de 2012

Não se perturbe o vosso coração. (Jo 14,1)

É no ambiente da última ceia, depois de ter anunciado a traição de Judas e a negação de Pedro, que Jesus exorta os seus discípulos à paz, que os convida a não se deixarem perturbar pelos acontecimentos e sobretudo pelo sentimento de culpa diante das infidelidades. Jesus assume o papel de Moisés, que apela à confiança e à paz face ao medo do povo de Israel perante a entrada na terra prometida
O povo de Israel, pelos emissários enviados sabia que a terra estava à sua mão, pela experiência do deserto sabia que Deus os acompanhava, mas ainda assim teme, vacila na sua confiança e na sua fé e por isso recusa-se a entrar na terra prometida.
Moisés vê-se por isso obrigado a exortar o povo a não se deixar dominar pelo medo, a não deixar o seu coração perturbar-se, uma vez que Deus sempre tinha caminhado à sua frente, o tinha precedido em todas as experiências e aventuras no deserto.
O convite de Jesus à paz de coração é o mesmo convite, representa a mesma realidade e a mesma precedência, pois também Jesus caminha à frente dos discípulos, de cada um de nós nas diversas experiências que nos podem perturbar.
E esta experiência da perturbação do coração é bem patente na oração que Jesus faz no jardim das oliveiras antes da sua prisão. Contudo, e precedendo-nos na experiência, Jesus entrega-se à vontade do Pai, confia, e aceita que na dor e na morte o amor do Pai não o abandonará, estará sempre presente e à sua frente. Jesus não teme entrar na travessia da morte, pois conhece o amor do Pai.
Nós, nas nossas fragilidades, vivemos muitas vezes esta perturbação de coração, deixamos que o medo, o sentimento de abandono, a angústia da separação, nos perturbe o coração, nos roube a paz. Perante tais realidades, tais desafios, o Senhor convida-nos à paz e à confiança, reitera a exortação feita aos discípulos: “que não se perturbe o vosso coração”.
Este convite e esta exortação ganham ainda mais força na medida em que nos encontramos com Jesus ressuscitado. Num dos encontros com os discípulos, Jesus diz-lhes mesmo, “não temais eu venci a morte”. A experiência, as experiências de Jesus, precedem-nos assim no nosso caminhar e por isso devem iluminar-nos, devem alentar o nosso coração, uma vez que sabemos que nada, nem a morte, nos poderá separar dele, do seu amor e do que viveu por nós.
A nossa confiança no amor de Deus, à semelhança da confiança de Jesus, será a nossa fortaleza, será a certeza da nossa vitória.

Ilustração: “Jesus no jardim das oliveiras”, de Giacinto Brandi, Pinacoteca Vaticana.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    O texto da Meditação que teceu sobre o diálogo de Jesus com os discípulos, no ambiente da última ceia, recorda-nos a confiança e a paz que podemos e devemos ter em Jesus. Quantas vezes, Frei José Carlos, na vida que vivemos, de stress, de pouca serenidade, de receios múltiplos, no nosso peregrinar, andamos sobressaltados, inquietos, no presente e face ao futuro, de coração perturbado, esquecendo-nos que Jesus não nos abandona, que faz connosco a Caminhada, que nos precede.
    Como nos salienta, ...” Perante tais realidades, tais desafios, o Senhor convida-nos à paz e à confiança, reitera a exortação feita aos discípulos: “que não se perturbe o vosso coração”.
    Bem-haja, por nos recordar que …”este convite e esta exortação ganham ainda mais força na medida em que nos encontramos com Jesus ressuscitado. Num dos encontros com os discípulos, Jesus diz-lhes mesmo, “não temais eu venci a morte”. A experiência, as experiências de Jesus, precedem-nos assim no nosso caminhar e por isso devem iluminar-nos, devem alentar o nosso coração, uma vez que sabemos que nada, nem a morte, nos poderá separar dele, do seu amor e do que viveu por nós.”…
    Obrigada, Frei José Carlos, por nos exortar a que …” A nossa confiança no amor de Deus, à semelhança da confiança de Jesus, será a nossa fortaleza, será a certeza da nossa vitória,” pela confiança ilimitada que nos transmite. Que o Senhor o ilumine e o proteja.
    Votos de um bom fim-de-semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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