sábado, 18 de agosto de 2012

Apresentaram a Jesus umas crianças (Mt 19,13)


Encontramo-nos hoje com umas das cenas mais doces e comoventes dos Evangelhos, Jesus é convidado, certamente pelas mães das crianças, a impor as mãos sobre elas e a abençoá-las. 
É um momento terno, desprovido de qualquer drama, de qualquer perigo ou ameaça para Jesus, e contudo, é o momento em que os discípulos se apresentam como os maiores defensores de Jesus, os mais zelosos pelo seu bem-estar e tranquilidade.
Em outros momentos, em grandes discussões e até em momentos de perigo quase se anularão, desaparecerão, mas ali e face àquelas crianças procuram demonstrar o seu poder impedindo-lhes o acesso a Jesus, à acção mais simples da bênção.
Certamente por serem crianças, e representarem por isso um movimento insignificante face às suas expectativas, actuam desta maneira. Com outros actuariam de forma diferente, seriam mais benévolos ou até cooperantes, como foram no caso daqueles gregos que queriam ver Jesus e foram solicitar a intervenção de André e Filipe.
Também nós muitas vezes nos deixamos levar por estas mesmas atitudes, e consideramos que o trabalho que realizamos ou as pessoas que nos foram afectadas como colaboradoras são insignificantes, merecíamos mais e melhor. A nossa vaidade e orgulho parecem sempre desprestigiados com qualquer coisa mais simples que fazemos.
E contudo, é na simplicidade que Jesus se manifesta, é às crianças que Jesus proporciona a sua bênção e é àqueles que se assumirem como crianças que está destinado o Reino dos Céus.
Acolher o insignificante, o simples, o mais pobre, é a oportunidade de deixarmos Jesus vir ao nosso encontro com a sua bênção e a imposição das suas mãos, é a oportunidade de o acolhermos na simplicidade da sua acção em nós, no perdão e na cura das nossas fragilidades e faltas.
Ilustração: “Jesus e as crianças”, de Marie Ellenrieder.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Leio e fico a reflectir no texto da Meditação que teceu e que me (nos) desinstala. A atitude de Jesus com os discípulos tem um duplo sentido e Frei José Carlos ajuda-nos a compreendê-lo, levando-nos ao mundo dos adultos, às nossas atitudes com os mais insignificantes, com aqueles que não tão brilhantes intelectualmente, pelos mais diversos motivos, que tiveram menos oportunidades, ou como reagimos quando as coisas simples nos são solicitadas e não conseguimos, no imediato, valorizar a sua importância e/ou necessidade.
    Como nos salienta ...” Acolher o insignificante, o simples, o mais pobre, é a oportunidade de deixarmos Jesus vir ao nosso encontro com a sua bênção e a imposição das suas mãos, é a oportunidade de o acolhermos na simplicidade da sua acção em nós, no perdão e na cura das nossas fragilidades e faltas.”
    Como nos recordava numa partilha anterior (Se não vos tornardes como as crianças não entrareis no Reino do Céu “Mt 18,3) “necessitamos converter-nos, necessitamos alterar bastantes coisas na nossa vida, abrir o nosso coração pequenino ao dom de Deus que nos transforma”.
    Peçamos ao Senhor que no nosso processo de transformação, saibamos ser humildes, sem complexos de qualquer natureza, e amar verdadeiramente o nosso póximo, para participarmos na construção de um mundo melhor, justo, mais fraterno, sem excluídos.
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas e belas que nos fazem reflectir sobre os nosos comportamentos, na necessidade da coerência das palavras e dos actos. Obrigada pela maravilhosa ilustração. Que o Senhor ilumine, abençoe e guarde o Frei José Carlos.
    Votos de um bom domingo, com paz interior e alegria.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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