No meio da cidade é difícil
apreciar devidamente a noite das estrelas e o brilho do luar. Contudo, e como à
volta deste convento nos encontramos ainda com algum espaço verde selvagem e umas
quantas árvores que já plantámos para nos protegerem do ruido, aproveitei um
bocadinho do tempo a seguir ao jantar para tirar umas quantas fotografias a
este momento único e de rara beleza.
Deixo-as aqui, as
poucas aproveitáveis, fazendo jus ao ditado que diz que o luar de agosto lhe dá
no rosto, neste caso no rosto de lioz que cobre a parede da sacristia.
Frei José Carlos,
ResponderEliminar“Luar de Janeiro não tem parceiro; mas lá vem o de Agosto que lhe dá no rosto”. Que bela surpresa, Frei José Carlos. Que bom lê-lo e apreciar as fotografias que nos oferece. Com excepção da primeira, quando ampliadas todas são muito belas e fez uma composição das mesmas de forma sublime. A última faz-me meditar e recordar com muita satisfação algumas noites de Vigília Pascal e de luar partilhadas com os irmãos Dominicanos. Esta partilha fez-me sorrir por múltiplos motivos. Passo os dias do ano a observar o firmamento à vista “desarmada” tendo em conta a experiência falhada das observações do Bernardo com um par de “binóculos” quando era pequeno que confirmou-me que não valia a pena investirmos num pequeno telescópio para colocar numa das varandas mais escuras da casa face à luz da cidade. Durante um tempo ainda fui arranjando algum tempo para irmos ao Parque das Nações (Ciência Viva), antiga Fac de Ciências ou o Observ. Ast. de Lisboa quando havia alguma iniciativa o que se tornou cada vez mais raro. Vou seguindo o astrónomo Máximo Ferreira pelo interesse que a minha mãe conseguiu passar-me e que provinha do convívio com os avós quando vinha a casa em tempo de férias do liceu durante a adolecescência. Foi uma relação que passou pela leitura dos sinais do tempo (sem precisar de boletins meteorológicos) e é talvez uma forma de cadeia invisível que nos liga e que tento passar ao Bernardo. Houve outro motivo que levou-me a sorrir: não me apercebi que houve duas luas cheias durante este mês de Agosto. Talvez para isso tenha contribuído o trabalho profissional pouco tranquilo e alguma turbulência na penúltima semana de Agosto para não quebrar o figurino iniciado há meses. Mas esta semana fui observando a evolução da lua até porque tentei arranjar uma explicação para a agitação das ondas antes da proximidade do próximo equinócio e que tantas situações de sofrimento tem causado, seja por incúria, distracção humana ou outro(s) fenómeno(s.) Fui lembrando, esta semana, a alguns familiares ou amigas (os) o provérbio até porque costumo oferecer a observação que faço do quarto crescente ou da lua cheia, como um gesto de fraternidade.
Hoje, já havia observado duas ou três vezes a lua cheia (consegui oferecer ao Bernardo um encontro junto do rio Tejo para observamos não só a noite como as obras de remodelação do Terreiro do Paço ...). Afinal foi um verão em que tivemos tão pouco tempo para estarmos e falarmos.
Se me permite, nesta noite de luar único, vou oferecê-lo também ao Frei José Carlos, desejando-lhe que a luz que irradia dele se espalhe pelos lugares aonde é visível, e que seja o símbolo da Luz que desejo que ilumine particularmente o Convento dos Dominicanos, no Alto dos Moinhos. E, recordar também alguém que nos deixou recentemente: Neil Armstrong e acerca de quem um articulista da revista Visão de 30 de Agosto escreveu ...” o homem da Lua partiu pois agora para a terceira e mais longa das suas prodigiosas viagens, rumo ao mundo do desconhecido mas não do esquecimento”. ...
Grata, Frei José Carlos, pela partilha tão oportuna e tão bela, como outra forma de meditar e de orar. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e proteja e faço (zemos) votos de que os caminhos que trilhe sejam de alegria, de esperança, de liberdade e coragem. O Senhor nunca nos abandona. Os familiares, os irmãos e irmãs, os amigos (as), estão sempre presentes, de forma amiga e fraterna, Frei José Carlos.
Votos de um bom-fim-de-semana.
Bom descanso.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
P.S. Permita-me que partilhe uma oração tradicional da religiosidade popular.
Sempre com Deus
Olhei para o Céu, estava estrelado/Capela de rosas, Menino deitado./Olhei para o Céu, vi uma Cruz/
Capela de rosas, Menino Jesus./Com Deus me deito, com Deus me levanto,/com o Pai, Filho e Espírito Santo.
Alandroal-Évora
(In, Orações tradicionais, da religiosidade popular, Senra Coelho (Org.), Paulus Editora, 2012)