terça-feira, 7 de agosto de 2012

Jesus foi caminhando sobre o mar (Mt 15,25)

Desafiando as leis mais básicas da natureza Jesus aparece aos discípulos caminhando sobre as águas do mar de Tiberiades. Facto inusitado e portanto passível de provocar a confusão e o medo naqueles que o presenciam. Quem mais que um fantasma poderia caminhar sobre as águas?
Ao apresentar-se dessa forma aos discípulos, ocupados com a condução e salvação da barca no meio da tormenta da noite, Jesus apresenta-se como aquele que tem o poder de salvar, que pode caminhar sobre as águas que preenchem o abismo e representam a morte.
E ao fazê-lo apresenta-se também como oferta de possibilidade àqueles que acreditarem nele, que confiarem nele. A ordem dada a Pedro de que vá ter com ele, caminhando sobre as águas à sua semelhança, é uma ordem que é dada a todos os homens, a todos aqueles que arriscarem acreditar e confiar nele.
Com Jesus, de olhos fitos no seu olhar, podemos atravessar o mar da morte e dominar o medo face aos perigos que o mesmo mar nos apresenta e representa. Tal como aconteceu com os discípulos, Jesus não está longe, e vem sempre ao encontro daqueles que se encontram em aflição.
À semelhança do que aconteceu com Pedro, Jesus dá aos homens, aos que confiam nele, o poder e a autoridade sobre o mal, sobre as águas tumultuosas, um poder que se torna efectivo e actuante na medida e na dimensão da mesma confiança depositada nele.
Necessitamos por isso, e face às situações de perigo e ameaça não nos deixarmos dominar pelo medo, não ceder na confiança que depositámos em Deus, porque muito frequentemente as forças do mal têm apenas sobre nós o poder que lhe concedemos.
Que na nossa caminhada de fé, e nos desafios que ela acarreta, bem como na nossa caminhada humana, com tantas fragilidades, saibamos sempre manter o olhar fixo em Jesus, a nossa confiança depositada em Deus, que como sentinela vigilante não afasta de nós o seu olhar e a sua atenção.

Ilustração: “Jesus caminhando sobre as águas”, de Alexander Andreyevich Ivanov, Galeria Tretyakov, Moscovo.  

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,


    No texto da Meditação que teceu é importante afirmar-nos que ...” À semelhança do que aconteceu com Pedro, Jesus dá aos homens, aos que confiam nele, o poder e a autoridade sobre o mal, sobre as águas tumultuosas, um poder que se torna efectivo e actuante na medida e na dimensão da mesma confiança depositada nele.
    Necessitamos por isso, e face às situações de perigo e ameaça não nos deixarmos dominar pelo medo, não ceder na confiança que depositámos em Deus, porque muito frequentemente as forças do mal têm apenas sobre nós o poder que lhe concedemos.”…
    Obrigada, Frei José Carlos, pelas palavras partilhas, pela força e orientação que nos transmitem, ao recordar-nos … “Que na nossa caminhada de fé, e nos desafios que ela acarreta, bem como na nossa caminhada humana, com tantas fragilidades, saibamos sempre manter o olhar fixo em Jesus, a nossa confiança depositada em Deus, que como sentinela vigilante não afasta de nós o seu olhar e a sua atenção”.
    Que o Senhor o ilumine, o guarde e o abençoe.
    Continuação de boa semana. Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe um poema de Frei José Augusto Mourão, OP

    caminho, verdade e vida

    Deus, tu és o Caminho, a Verdade e a Vida/que se dão as mãos/porque a verdade do caminho
    é a vida que a tece/e a engloba, aberta/e é a polifonia da ternura que acorda os caminhos/
    e age e cura a vida//

    tu és o caminho que precede todos os caminhos,/a visitação do corpo/no que o corpo esquece,/
    o nunca visto da paz e da alegria//

    dá a este corpo que o teu dom reúne/um instante de fome e de aflição/para que deste tempo-fora-do tempo/
    se erga a verdade dos caminhos/da nossa vida e do nosso louvor,/Deus que vens em Jesus Cristo/
    e no Espírito que nos ensina a rezar.

    (In, “O nome e a Forma”, Pedra Angular, 2009)

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