Há pessoas que nos
irritam pelas suas atitudes irreverentes, anárquicas, insubmissas, que suscitam
em nós sentimentos pouco cristãos quando nos ultrapassam ou enganam. Certamente
já todos tivemos uma dessas experiências, ou quem poderá dizer que nunca foi
ultrapassado numa fila de trânsito por um “esperto”, ou num fila de
supermercado por alguém que nos pede para deixarmos passar à frente porque só
tem um sumo para pagar e depois nunca mais de despacha com o pagamento com o
cartão de crédito?
No caso da mulher com
um fluxo de sangue, que se aproxima de Jesus quando este se dirige para a casa
de Jairo, podemos dizer que estamos numa situação parecida. É quando Jesus está
já a caminho para salvar a filha de Jairo que aquela pobre mulher se vem
interpor, se apresenta como um obstáculo à realização imediata do pedido feito
anteriormente.
Podemos imaginar
perfeitamente os sentimentos de Jairo, daqueles que estavam com ele, a
irritação por aquela mulher se dirigir a Jesus naquele momento. Não o poderia
fazer depois? Como é que tinha tido a ousadia, ela que nem sequer se devia aproximar
de alguém devido à doença que tinha?
Contudo, não podia ser
de outra maneira, tinha que ser desta forma “esperta”, não havia outra maneira,
era a última solução. Neste sentido, a mulher e Jairo, estão no mesmo patamar,
na mesma situação, não têm já outra resposta, não têm outra solução, só lhes
resta a fé em Jesus e a confiança de que só ele pode fazer alguma coisa.
Se para a mulher a fé
em Jesus e na possibilidade da cura significou arriscar um toque, aproximar-se
por trás, meio às escondidas, correndo o risco de não alcançar nada e até ser
escorraçada pela multidão, para Jairo a fé em Jesus e na possibilidade da
ressurreição da sua filha significou lançar-se aos pés de Jesus, descer da sua
dignidade e importância e humilhar-se aos pés daquele que diziam ser profeta.
Assim, tanto Jairo
como a mulher que sofria de um fluxo de sangue são para nós, para cada um de
nós, um exemplo, um horizonte de uma resposta nova que se abre. Quando nos
encontramos perante a eminência de não termos mais nenhuma escolha, nenhuma
outra solução, nenhuma resposta, continuar a restar sempre Jesus, continua a
restar a resposta que Jesus nos pode alcançar se nos arriscarmos a lançar aos
seus pés, a tocar-lhe ao de leve que seja.
Ilustração: “cura da
mulher com um fluxo de sangue”, fresco das Catacumbas de Marcelino e Pedro em
Roma.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarQue a humildade, a fé e a confiança em Jesus nunca nos faltem. É importante não deixar fechar todas as janelas para a vida, para o mundo, mas se tal acontecer , saibamos reconhecer e aceitar as nossas fragilidades, e como nos afirma e exorta …” Quando nos encontramos perante a eminência de não termos mais nenhuma escolha, nenhuma outra solução, nenhuma resposta, continua a restar sempre Jesus, continua a restar a resposta que Jesus nos pode alcançar se nos arriscarmos a lançar aos seus pés, a tocar-lhe ao de leve que seja.”
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, pela força e pela coragem que nos transmitem para não desistirmos.
Que o Senhor o cumule de todas as graças.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
É verdade! Quando já nada nos resta, quando a esperança parece afastar-se resta--nos sempre a última solução que é uma certeza: Jesus Cristo. Precisamos é de ter a ousadia, a coragem de nos colocarmos aos seus pés e dizer~lhe que precisamos que nos cure. Inter Pars
ResponderEliminarFrei José Carlos,
ResponderEliminarAo ler este belo texto do Evangelho de São Mateus,muito rico de sentido e profundo que propôs para nossa reflexão.As suas palavras cheias de confiança em Jesus que nos dão um pouco de coragem e força na nossa caminhada,que neste momento está a ser pessoalmente bem difícil de ultrapassar.Como nos diz o Frei José Carlos..." Quando nos encontramos perante a eminência de não termos mais nenhuma escolha,nenhuma outra solução,saibamos reconhecer com humildade e confiança as nossas fragilidades e infidelidades e lançarmo-nos nos braços d'Aquele que nos ama com um Amor de Pai,e o mais importante é arriscarmos a lançar aos seus pés,a tocar-lhe ao de leve que seja."Assim fez ,tanto Jairo como a mulher que sofria de um fluxo de sangue são para nós,para cada um de nós,um exemplo,um horizonte de uma resposta nova que se abre.Obrigada,Frei José Carlos,pelas palavras maravilhosas que partilhou connosco.Que o Senhor o ilumine o abençoe e o proteja.Desejo-lhe um bom dia com alegria e paz.Bem-haja.
Um abraço fraterno.
AD