A celebração da
Memória de Santa Maria Madalena é uma oportunidade para nos encontrarmos com a
tristeza e a alegria de uma mulher que soube permanecer, que soube confiar, e
por causa dessa esperança e confiança passou da condição daquela que procura
àquela que foi encontrada, daquela que deseja possuir àquela que é já propriedade.
Na manhã de Páscoa
Maria Madalena corre ao sepulcro e sem o suspeitar encontra-se com um vazio, um
vazio preenchido pela presença divina e que os dois anjos assinalam tal como os
querubins que ornavam a Arca da Aliança.
Perdida no seu sofrimento
Maria Madalena é incapaz de ver a presença na ausência, apenas a sua dor e a
perda do Mestre amado a guiam, ainda que a conduzam ao vazio.
O apelo e a pergunta
dos anjos descobrem a perda de Maria Madalena e o seu sentimento de posse: “Levaram
o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. Maria Madalena considera o Mestre
como seu, como um património pessoal. Mas tal não era para menos desde o
momento que em casa de Simão o tinha ungido com perfume de nardo puro.
Tal como a Amada do
Cântico dos Cânticos canta o diadema com que Salomão foi coroado por sua mãe,
assim Maria Madalena cantava o perfume com que tinha ungido o seu rei, a cabeça
do seu amado Mestre.
Nem a presença do
jardineiro a desperta da sua dor e do seu sentimento de posse defraudado,
somente o nome “Maria”, a traz à realidade e ao encontro, à visão daquele que
ela buscava e tinha estado sempre ali.
“Não me prendas”, pede
Jesus, “porque ainda não subi para o meu e vosso Pai, para o meu e vosso Deus”.
É a liberdade necessária, a liberdade de uma relação, a liberdade expressa no
nome que é igualmente um título de posse.
Maria parte a anunciar
que vira o Senhor, não apenas o seu Senhor, aquela que considerava seu, mas o
Senhor de todos, aquele que tinha subido para o Pai de todos. Maria Madalena
perde a posse do seu “Rabouni”, para ser propriedade daquele que sobe para os
céus.
A voz de Cristo, o
primeiro vivente, desperta-nos e liberta-nos, mas para tal é necessário
permanecer e confiar, estar atento à sua presença discreta de jardineiro que
desce até ao nosso jardim.
Ilustração: “Noli me
tanger”, de Lambert Sustris, Apartamento do Rei, Palácio de Versalhes.
Acredito que podemos fazer como Maria e, permanecendo fiéis e confiantes, encontrar a alegria,ainda que sombreada pela tristeza e a angústia do vazio, da ausência. O nome, pronunciado
ResponderEliminarpelo Pai, baixinho,preencherá plenamente esse vazio.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarComo nos recorda no texto da Meditação que teceu …” A celebração da Memória de Santa Maria Madalena é uma oportunidade para nos encontrarmos com a tristeza e a alegria de uma mulher que soube permanecer, que soube confiar, e por causa dessa esperança e confiança passou da condição daquela que procura àquela que foi encontrada, daquela que deseja possuir àquela que é já propriedade.”…
À semelhança de Maria Madalena temos sede e desejo de Deus mas Deus deseja igualmente a nossa presença. Saibamos sem prendê-l’O, tocá-l’O, no silêncio, e sem palavras, escutar o que Ele tem para dizer-nos.
Como nos salienta …” A voz de Cristo, o primeiro vivente, desperta-nos e liberta-nos, mas para tal é necessário permanecer e confiar, estar atento à sua presença discreta de jardineiro que desce até ao nosso jardim. “
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas e belas, que reconfortam-nos, ajudam-nos a reflectir e que dão-nos coragem e confiança para continuar a caminhada, e aceitar os desafios que a vida vai-nos colocando, independentemente das interrogacções, das questões que alguns de nós possam colocar.
Que o Senhor o ilumine, o guarde e o abençoe.
Boa noite e bom descanso.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
Frei José Carlos,
ResponderEliminarLi e reli o texto que propôs para a Meditação do Evangelho de São João,muito profundo e maravilhosamente ilustrado,que me ajudou e muito a estar mais unida ao meu Senhor,assim como Maria Madalena,grande mulher,soube permanecer e confiar plenamente no seu Senhor.Que o Senhor nos ajude a dar testemunho deste grande Amor ao seu Mestre,como ela soube.Obrigada,Frei José Carlos,pelas belas palavras partilhadas,ricas de sentido.Bem-haja.Que o Senhor o abençoe e o proteja.
Um abraço fraterno.
AD