O Apóstolo Tomé não deixa
de nos cativar, de nos conquistar uma simpatia especial, uma vez que se parece
tanto connosco. Também nós gostaríamos de ver Jesus, ainda que não
necessitássemos de o tocar, bastava um vislumbre, uma pequena visão.
E contudo, Jesus diz a
Tomé como nos diz a cada um de nós que a felicidade não está na visão, que a fé
não deriva da visão, ou dos resultados dos sentidos. A felicidade e a fé são
fruto da relação, são uma consequência do caminhar com Ele.
Assim, a falta de
Tomé, o seu grande erro não foi querer ver Jesus, não foi querer colocar os
dedos no lugar dos cravos e a mão na ferida do lado. O grande erro de Tomé foi
não perceber a presença de Jesus mesmo não o vendo, mesmo não tendo estado
presente no momento em que se tinha manifestado aos outros discípulos.
A interpelação de
Jesus, quando se apresenta novamente diante dos discípulos, é dessa realidade
denunciante, pois manifesta a Tomé que tinha escutado a conversa, que sabia das
suas questões e propósitos, e portanto tinha estado presente nesse momento.
Jesus está presente em
todos os momentos e a possibilidade da visão é o resultado do caminhar ao seu
lado confiante da sua presença, sem perguntas nem pedidos de manifestação. Tal como
na barca em que Jesus se encontrava a dormir Jesus está igualmente connosco no
nosso caminhar da manhã da ressurreição.
O pedido de Tomé de
querer ver Jesus para acreditar é assim uma manifestação de impaciência, é uma
manifestação extemporânea de um desejo que só se vai tornando realidade e
viável na medida em que se caminha sem medo do risco e da invisibilidade. É no
caminho que a visão nos é oferecida.
Neste sentido, se na
nossa caminhada de fé nos assalta a dúvida e a incerteza, mas apesar disso
mantivermos o nosso seguimento, a nossa fé, a visão terminará por acontecer. A fé
abrir-nos-á os olhos até encontrarmos a plena Luz da presença de Deus.
Ilustração: “A
incredulidade de São Tomé”, Tríptico de Peter Paul Rubens, Museu Real de Belas Artes de
Antuérpia.
As vezes também temos esta impaciência, este medo do risco, estas dúvidas e incertezas. Falta-nos Fé, não é? Mas é preciso caminhar, alimentando a esperança de que vai chegar o dia em que a Luz nos inundará.É certo, não é? I.T
ResponderEliminarFrei José Carlos,
ResponderEliminarComo afirma o Apóstolo Tomé parece-se tanto connosco... A pergunta e as dúvidas do Apóstolo Tomé são aquelas que no diálogo com o Senhor fazemos algumas vezes ainda que tenhamos tido provas de que não estamos abandonados. Quantas vezes não estamos em conflito connosco próprios, interrogando Deus, não compreendo o Senhor, suplicando que nos dê a fé, a paciência e a coragem para não desistir. Por outro lado, o Apóstolo Tomé deu a oportunidade a Jesus e a todos nós que ainda que não o tenhamos visto ou tocado, Ele está no meio de nós.
Como nos salienta ...” Jesus está presente em todos os momentos e a possibilidade da visão é o resultado do caminhar ao seu lado confiante da sua presença, sem perguntas nem pedidos de manifestação. Tal como na barca em que Jesus se encontrava a dormir Jesus está igualmente connosco no nosso caminhar da manhã da ressurreição.”…
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas, maravilhosamente ilustradas, pela confiança que nos transmite, por exortar-nos a reforçar a nossa fé, a manter o nosso seguimento.
Que o Senhor o guarde e o abençoe.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva