Terminada a explicação
da parábola do trigo e do joio, Jesus volta ao tema do Reino de Deus através de
duas novas parábolas, a do tesouro escondido no campo e a da pérola preciosa.
Se o encontro do tesouro
escondido no campo se inscreve numa acção de sorte, de surpresa, pois o homem
não esperava encontrar um tesouro, a pérola preciosa que o comerciante compra é
já o resultado de uma actividade, de um esforço continuado a partir do desejo.
Contudo, e apesar das
diferenças de circunstância, o procedimento que provocam é semelhante, pois os
dois homens vendem tudo o que possuem para se apoderarem do objecto encontrado,
tesouro ou pérola.
Esta atitude não deixa
no entanto de nos surpreender, e ainda mais quando a olhamos com os nossos
olhos e valores de segurança, com os nossos princípios economicistas e
financeiros actuais. Afinal que ganha o homem em comprar um campo no qual está
escondido um tesouro? E que ganha o homem ao comprar uma pérola, desfazendo-se
para isso de tudo o que possui, até de todas as outras pérolas finas que já possuía?
De certa forma estamos
diante de um desperdício, de um comportamento que poderíamos considerar
luxuoso, pois o que alcançam parece apenas servir de objecto de deleite, de
satisfação pessoal, e nada mais. Nem o homem pensa vender o campo depois de
retirado o tesouro nem o comerciante pensa vender a pérola para daí tirar algum
lucro.
As parábolas vão no
entanto mais longe e o seu sentido está para além do económico ou comercial. Afinal
o campo e a pérola que os dois homens adquirem representam as escolhas radicais,
escolhas que muito frequentemente passam aos olhos do mundo como perdas, como
sem sentido, como um empobrecimento, mas para aqueles que as assumem como uma
riqueza incomensurável.
As parábolas sobre o Reino
convidam-nos assim a escolhas radicais, a tudo arriscar para encontrar e
possuir o verdadeiro tesouro, aquele tesouro que como nos diz a parábola
provoca uma alegria enorme, um contentamento tremendo, o tesouro que é o
próprio Jesus Cristo que nos oferece a vida pela sua morte, o ganho através da
perda.
Ilustração: “Parábola
do Tesouro Escondido”, atribuído a Rembrandt, Museu de Belas Artes de
Budapeste.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarNo peregrinar da vida que o Senhor nos dê a sabedoria, o discernimento e a coragem para …” tudo arriscar para encontrar e possuir o verdadeiro tesouro, (…) o tesouro que é o próprio Jesus Cristo que nos oferece a vida pela sua morte, o ganho através da perda”, como nos exorta.
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas de esclarecimento, de estímulo, para estar disponíveis a descobrir e a saborear a alegria sem medida que é o próprio Jesus Cristo.
Que o Senhor o ilumine, o guarde e o abençoe.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
Que sejamos capazes de fazer estas "escolhas radicais" e de ser fiéis a elas é o que Deus espera de nós, para nos poder oferecer a alegria que deseja para nós.
ResponderEliminarE.C.