segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Fundação da Confraria do Santíssimo Nome de Jesus no Convento de São Domingos de Lisboa

O Breve passado aos dominicanos em 1274 pelo Papa Gregório X, depois do Concilio de Lyon, com o pedido para que pregassem e difundissem a devoção ao Santo Nome de Jesus, rapidamente deve ter chegado a Portugal depois da celebração do Capítulo Geral de Milão em 1278, no qual entre outras coisas se determinou a veneração do nome de Jesus através da inclinação e veneração ao crucifixo.
Ordinamus et mandamus quod priores diligenter faciant observari constitucionem felicis recordacionis domini Gregorii pape editam in concilio Lugdunensi scilicet quod quandocumque nomen domini Ihesu Christi nominatur omnes fratres inclinent capita sua propter reverenciam crucifixi.”
Assim e em consonância com as determinações papais e as admonições do Capítulo de Milão, pouco tempo depois se deve ter dedicado na igreja do convento de São Domingos de Lisboa um altar ao Santíssimo Nome de Jesus.
Neste termos ficou a devoção até ao ano de 1432, quando reinando D. João I grassou no país e de modo particular em Lisboa uma grave epidemia de peste. É neste contexto e com uma grande onda de penitência e clamor que aparecem os frades de São Domingos e de modo especial D. frei André Dias, antigo bispo de Megara, cidade da Grécia, e do qual bispado tinha renunciado para regressar à sua cidade natal de Lisboa.
É ele, através das suas pregações e exortações, que conduz o povo à devoção ao Santíssimo Nome de Jesus, à celebração de uma solenidade e à fundação de uma Confraria.
Assim, no dia 20 de Novembro, que foi um domingo, desse ano de 1432 cantou-se Missa com toda a solenidade na capela do Senhor Jesus e o mesmo bispo D. frei André Dias pregou não só as glórias mas também as eficácias do Santíssimo Nome de Jesus, levando muitos dos presentes a quererem inscrever-se na confraria.
Terminado o sermão, benzeu em nome do Senhor Jesus uma grande talha de água para se distribuir pelos doentes. Vistos os prodígios operados pela água milagrosa acorreu tamanho número de gente que teve que se benzer repetidas vezes.
Ficando Lisboa livre da peste, já pelo Natal regressavam à capital aqueles que dela tinham fugido, fez-se então, no primeiro dia do ano, uma solene festa em acção de graças ao Senhor Jesus, iniciando-se a procissão na igreja da Senhora da Oliveira e terminando no convento de São Domingos, onde se ordenou a confraria do Santíssimo Nome de Jesus e em cujos livros se inscreveram os principais do Reino.
D. frei André Dias com outros membros da confraria redigiu os estatutos que foram confirmados pelo Cardeal Ranuncio, Penitenciário Maior do Papa. A estes estatutos se juntaram mais tarde outras leis que foram confirmadas pelo Cardeal Henrique, Legado à latere neste reino.
Pela mesma causa se instituiu no convento de São Domingos do Porto, no altar do Santo Cristo uma confraria do Nome de Jesus. Entre os miraculados dessa cidade encontram-se Leonor Leitoa e uma filha de Henrique de Sousa, Conde de Miranda.
De então para cá, ou seja 1729, vem todos os anos o Cabido da Sé com o Senado da Câmara, em procissão, dar graças a Deus pela saúde da população à dita capela do Santíssimo Nome de Jesus. Também de então para cá ficou o costume de se benzer uma talha de água com um dos espinhos da coroa de Cristo, relíquia de grande estimação e que possui este convento de São Domingos de Lisboa, pois com essa água se acham com saúde muitos enfermos.

3 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Foi com curiosidade e satisfação que li o texto que escreveu sobre a Fundação da Confraria do Santíssimo Nome de Jesus no Convento de São Domingos de Lisboa que connosco partilha, na sequência do texto que preparou sobre a celebração da memória do Santíssimo Nome de Jesus.
    O contexto em que surge a criação da Fundação, os pormenores históricos, entre outros que nos transmite, são de muito interesse e constituem informação relevante sobre a História da Província da Ordem de São Domingos.
    Permita-me que saliente um dos parágrafos que me faz meditar e encoraja ...”Terminado o sermão, benzeu em nome do Senhor Jesus uma grande talha de água para se distribuir pelos doentes. Vistos os prodígios operados pela água milagrosa acorreu tamanho número de gente que teve que se benzer repetidas vezes.”
    Obrigada Frei José Carlos sobre a temática escolhida, o detalhe da informação e o desvelo com que prepara a mesma. Bem haja.
    Um abraço fraterno
    Maria José Silva

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  2. Olá a todos
    Primeiramente gostaria de parabenizar frei José Lopes pela idealização deste blog.
    Escrevo da cidade do Rio de Janeiro (Brasil) e gostaria de saber aonde poderia encontrar mais informações sobre a confraria do Bom Jesus de Lisboa (século XV), bem como de Mestre André Dias. Estou desenvolvendo uma pesquisa de doutorado acerca do laudário do bispo de Mégara, entretanto, estou encontrando dificuldade em finalizar os trabalhos devido à exígua fonte de informações sobre a biografia do religioso e sua obra. Caso alguém possa me ajudar, por favor entre em contato pelo e-mail - dianamarch72@hotmail.com
    Agradeço-vos antecipadamente e envio a todos votos de um magnífico e abençoado 2011.
    Diana

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  3. Anónimo disse:

    Frei José Carlos

    Agradeço-lhe o mais belo texto que escreveu e partilhou connosco,em que falava da Fundação da Confraria do Santíssimo Nome de Jesus.
    O mais belo e maravilhoso texto que gostei muito
    de o ler e me ajudou a meditar mais profundamente
    no Santíssimo Nome de Jesus
    Um abraço fraterno.
    AD

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