sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Jesus escolheu doze (Mc 3,14)

A escolha do grupo dos doze Apóstolos é marcada por um conjunto de pormenores, de circunstâncias, que nos mostram que não foi uma escolha selectiva, de exclusão dos outros que não foram escolhidos.
A presença de Judas, denominado pelos evangelistas sempre como aquele que traiu Jesus, que entregou Jesus, mostra como essa ideia de selectividade por mérito, por perfeição, ou intimidade não foi a que presidiu à escolha de Jesus.
Há algo mais, algo que passa pelas circunstâncias do lugar e do modo. E se o Evangelho de São Marcos nãos nos diz que Jesus passou a noite em oração, como nos diz Lucas, diz-nos que Jesus abandonou as margens do lago, onde se encontrava, e foi para o monte, elegendo aí os doze que passariam a acompanhá-lo.
Neste lugar, neste monte, como em outros que encontramos nos Evangelhos, Jesus encaminham-nos para a relação com Deus e para essa oração que fez durante toda a noite antes de eleger os doze. É no monte que Jesus afastado das fainas da pesca e do bulício de Cafarnanum se encontra com Deus na intimidade e no projecto de cada um daqueles homens.
E depois de os chamar dá-lhes outros nomes, apelida-os de uma forma que mostra que já não são os mesmos, que houve realmente uma transformação, ainda que inconsciente em cada um deles. O nome representa a pessoa e neste caso representa também a escolha e a nova condição, bem como a missão a que são enviados.
Como tantos outros momentos da vida de Jesus, esta escolha dos Apóstolos mostra-nos como as nossas acções, os nossos projectos necessitam ser rezados, necessitam ser repassados à luz da intimidade com Deus. E ainda que depois se vejam esgotados, inviabilizados, sejam um fracasso, não terão o sabor amargo da perda e do desperdício, porque essas realidades estarão iluminadas pela vontade de Deus e transfiguradas pela sua misericórdia divina.

3 comentários:

  1. É reconfortante o seu texto, Frei José Carlos. Na escolha dos Apóstolos não podemos excluir a infalibilidade divina.Quanto a nós, se não for a oração como ingrediente consolador e revigorante,como seremos capazes de resistir à injustiça gerada pela fragilidade humana?
    Tenha uma santa noite,
    GVA

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  2. Frei José Carlos,

    É importante recordar-nos a forma como Jesus escolheu o grupo dos doze Apóstolos que O seguiram, “sem segregação ou exclusividade”, de forma livre, a qual foi antecedida de diálogo com o Pai, de oração. ...” Neste lugar, neste monte, como em outros que encontramos nos Evangelhos, Jesus encaminha-nos para a relação com Deus e para essa oração que fez durante toda a noite antes de eleger os doze.”
    Obrigada por nos recordar a importância da relação com Deus e para a oração nas nossas vidas …”Como tantos outros momentos da vida de Jesus, esta escolha dos Apóstolos mostra-nos como as nossas acções, os nossos projectos necessitam ser rezados, necessitam ser repassados à luz da intimidade com Deus.”
    Permita-me que termine da mesma forma que o fiz em outro comentário e que traduz o que sinto e desejo ... Que Jesus ilumine e abençõe, o Frei José Carlos, e todos os que se sentem como um “instrumento nas mãos de Deus”, “discípulos de Jesus”, a ser “testemunho da sua Boa Nova”, “fermento na massa para que ela se transforme em Reino de Deus.”
Bem haja.
    Desejo ao Frei José Carlos um bom fim de semana.
    Um abraço fraterno
    Maria José Silva

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  3. Frei José Carlos

    Agradeço-lhe este belo texto,uma irradiação da sua inteligência cheia de Deus,uma comunicação aos outros da Palavra de Deus que lhe jorra na alma em ondas de amor,faz brilhar aos olhos dos homens a Verdade do Evangelho.
    Pois como dizia, só na oração com Deus, as nossas acções,os nossos projectos necessitam ser rezados e repassados à luz da intimidade com Deus . Muito grata ao Frei José Carlos por esta
    partilha que me ajudou a meditar e que gostei muito.Bem haja.
    Um grande abraço fraterno.
    AD

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