Jesus entrou na sinagoga como habitualmente fazia aos sábados e faziam também todos os seus contemporâneos e encontrou ali um homem com uma mão atrofiada.
Sem qualquer sinal prévio, apenas expectantes por aquilo que tinham ouvido e visto, os fariseus olhavam com ansiedade os passos e gestos de Jesus, esperando que tivesse a ousadia de curar ao sábado para o poderem acusar.
Face a esta expectativa, e conhecendo os seus desejos, Jesus chama o homem com a mão atrofiada para o centro da cena, convicto do que vai fazer, do que deve fazer para mostrar àqueles homens que tinham não só o coração empedernido mas uma visão completamente distorcida da lei e do sábado.
É possível salvar e dar a vida ao sábado? Afinal é para o homem e a sua salvação que Deus criou o sábado ou pelo contrário para a sua condenação e morte, para a recusa da vida?
E eles ficaram calados porque a resposta era óbvia, era para a vida e para a salvação do homem que Deus tinha criado o sábado, mas eles tinham distorcido todo o seu sentido e portanto mais que um dia de libertação tinham-no transformado num dia de opressão e condenação.
Para eles curar ao sábado, fazer o bem e dar a vida, era um delito que merecia a pena de morte, enquanto que a morte pela violação do sábado se transformava numa obra boa e uma forma de dar glória a Deus. Estranha substituição, estranha moral que privilegia a morte, a destruição e o mal em favor da vida, do bem e da edificação do homem.
Jesus não podia pactuar com eles, com a sua hipocrisia mortífera, e por isso mesmo sabendo que a cura que iria operar lhe acarretaria a perseguição e a morte, curou a mão do homem e expôs-se à verdade do sentido do sábado e da sua pessoa divina face a esse mesmo sábado. Não só o sábado tinha sido criado para o homem como ele era o senhor do sábado, também para ele o sábado tinha sido criado.
Face a este acontecimento, com a outros da vida de Jesus, não podemos deixar de nos interrogar, de olhar para a nossa vida e atitudes quotidianas, e tomar consciência das muitas vezes que nos deixamos conduzir e governar mais por princípios de condenação e morte do que por princípios de edificação e vida; e face a eles exercitarmo-nos numa conversão mais convicta e fiel, porque o Senhor chamou-nos e chama-nos em cada dia à vida e à sua glorificação pela nossa dignidade humana.
Frei José Carlos
ResponderEliminarAgradeço-lhe esta partilha maravilhosa que acabou
de nos proporcionou para meditação e reflexão deste dia que muito gostei.
Este acontecimento e outros da vida de Jesus são
realmente muito importantes para a nossa vida
quotidiana,não podemos deixar de nos interrogar,e
de olharmos para as nossas atitudes e tomarmos consciência, que muitas vezes deixamo-nos conduzir mais por princípios de condenação e morte,estamos agarrados mais à letra e quando na verdade a letra mata,o espírito é que vivifíca e
dá vida.O Senhor chamou-nos para a vida e a sua
glorificação em cada dia .
Frei José Carlos ,gostei muito pela bela partilha.
Um abraço fraterno.
AD
Frei José Carlos,
ResponderEliminarO texto que connosco partilha é profundo, intemporal, faz-nos reflectir, questiona-nos sobre os nosssos comportamentos quotidianos não importa o dia, o lugar e a dimensão dessa actuação, seja familiar, profissional, social, politica ou religiosa.
Um dia lembrou-nos que nos comportamos, algumas vezes como os fariseus. É verdade. Que difícil, Frei José Carlos, não pretendermos ser mais legalistas do que a própria lei determina, regra ou princípios, ter uma visão limitada das mesmas, enfim esquecermos da humanização das mesmas, pô-las ao serviço do Bem e da Humanidade, como Jesus fez, manifestando o amor ao próximo, a compaixão.
Como afirma ...” Para eles curar ao sábado, fazer o bem e dar a vida, era um delito que merecia a pena de morte, enquanto que a morte pela violação do sábado se transformava numa obra boa e uma forma de dar glória a Deus. Estranha substituição, estranha moral que privilegia a morte, a destruição e o mal em favor da vida, do bem e da edificação do homem.”
Obrigada por nos recordar que nos devemos orientar particularmente …”por princípios de edificação e vida e face a eles exercitarmo-nos numa conversão mais convicta e fiel, porque o Senhor chamou-nos e chama-nos em cada dia à vida e à sua glorificação pela nossa dignidade humana.” Bem haja.
Um abraço fraterno
Maria José Silva