quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Jesus tomou-a pela mão e levantou-a. (Mc 1,31)

A visita de Jesus à casa de Pedro é a oportunidade para num acto quase banal mostrar o seu poder, a sua força e a sua missão junto da humanidade.
Ao entrar na casa de Pedro Jesus encontra a sogra daquele de cama e com febre, impossibilitada de os servir, ainda que devamos admitir que se era a sogra haveria certamente uma filha capacitada para servir o marido e os amigos que trazia. A não ser que Pedro fosse já viúvo e vivesse com a sogra!
Mas como esta é uma questão irrelevante, devemos centrar-nos na narração e no pormenor de que o evangelista faz menção, pois não é um acessório, não é por acaso, havia mesmo a necessidade de haver alguém que se encontrasse doente e alguém que fosse já exemplo de idade avançada.
Porque o que Jesus vai fazer, na simplicidade do gesto, na ausência de palavras ou ordens, sem grande manifestação de poder, é a imagem, dimensionada àquela realidade familiar e caseira, da sua missão e do seu poder salvador, do mistério da sua encarnação.
Ao estender a mão à sogra de Pedro, Jesus estende a mão a toda a humanidade, a essa humanidade já velha e prostrada na sua debilidade e exclusão da face de Deus. E estende-lhe a mão para a curar, para a erguer, para lhe dar nova dignidade e estatuto, uma nova condição para o serviço que afinal a sogra de Pedro realiza depois de curada, como deve realizar também a humanidade resgatada e curada.
Neste sentido, e para que tenhamos uma completa compreensão do acontecimento, é necessário ter presente que São Marcos utiliza nesta narração o verbo “êgeiren”, o mesmo verbo que vai utilizar para expressar o acontecimento da ressurreição de Jesus. Assim, quando Jesus estende a mão à sogra de Pedro e a levanta da cama curada, estamos diante de uma metáfora do mistério da ressurreição, uma imagem do que acontece com a humanidade depois de Jesus lhe estender a mão através da encarnação e da redenção.
E se a sogra de Pedro serve Jesus e os apóstolos é também a essa missão que o Senhor nos chama e convida depois de nos resgatar, de nos levantar da nossa condição pecadora. O testemunho da cura operada por Jesus é assim o serviço aos demais na alegria e no amor.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Obrigada por nos ajudar na interpretação desta passagem do Evangelho de São Marcos, de forma simples e profunda e que tão maravilhosamente ilustrou e que hoje partilha como Meditação connosco. Permita-me que cite algumas das frases que escreveu:
    ...” Ao estender a mão à sogra de Pedro, Jesus estende a mão a toda a humanidade, a essa humanidade já velha e prostrada na sua debilidade e exclusão da face de Deus.”…
    ...” quando Jesus estende a mão à sogra de Pedro e a levanta da cama curada, estamos diante de uma metáfora do mistério da ressurreição, uma imagem do que acontece com a humanidade depois de Jesus lhe estender a mão através da encarnação e da redenção”,
    e que faça minhas as palvras com que terminou:
    …” O testemunho da cura operada por Jesus é assim o serviço aos demais na alegria e no amor.”
    Bem haja Frei José Carlos por nos recordar que o que Jesus nos pede está ao nosso alcance.
    Um abraço fraterno
    Maria José Silva

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