quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Uma lâmpada para o candelabro (Mc 4,21)

Há palavras e realidades tão quotidianas, tão comuns, que já nos são banais, que nos passam ao lado e já nem damos por elas. A luz, a iluminação, é já tão intrínseca ao nosso modo de vida que só damos por ela, pela sua presença e serviço, quando a perdemos e ficamos na escuridão.
E então, nessa imensidão do escuro e da noite descobrimos a beleza e o valor de uma pequena centelha, de uma vela acesa, do brilho das estrelas cintilantes no firmamento. Quando não havia mapas, nem satélites, nem GPS’s, era pelas estrelas que os homens se guiavam, por esses pequenos pontos brilhantes no céu nocturno, e no caminhar caseiro uma candeia levada um pouco adiante ou acima dos olhos impedia os tropeços e as quedas.
Jesus tem presentes estas realidades quando nos diz que não se acende uma lâmpada para a colocar debaixo da cama, mas para a colocar no candelabro; não se esconde a luz destinada a iluminar, mas eleva-se para que nos ilumine com maior intensidade.
Ora cada um de nós recebeu uma centelha da luz divina e assim na sua imagem e semelhança com Deus está também destinado a brilhar e a iluminar, a elevar a sua pequena chama para que ela brilhe com mais intensidade, fortalecida pela altura divina e pela amplitude do mundo à volta.
Muitas vezes e por razões sem sentido escusamo-nos a elevar a nossa luz, fechamo-la nos alqueires da nossa solidão, debaixo das camas da nossa indiferença e preguiça. É tão mais fácil e tranquilo ter a luz ali, sossegada, fechada, sem incendiar qualquer outra realidade combustível. E por vezes é tudo tão combustível, está tudo tão ressequido e possível de incêndio em nós e à nossa volta.
Mas como a Palavra divina também a ciência nos ensina, a luz necessita de oxigénio para viver, precisa de espaço e ar, precisa de ser elevada, porque encerrada morre na sua isolada combustão. O encerramento da nossa luz pequenina condena-a à morte inevitável.
Necessitamos por isso, cada um de nós, de elevar a sua luz, pequena ou grande, mais fraca ou mais intensa. E então, que alegria descobrir que ela brilha com mais intensidade, e também, que a nossa pequena luz é mais uma entre milhares que buscam elevar-se, que brilham na noite escura. Descobrimos então que não estamos sós, que a nossa luz pequenina não é única, e em conjunto conseguimos incendiar a escuridão que nos rodeia.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Que belo texto que preparou para a Meditação que partilha connosco, pelo estilo e pelo signicado espiritual que encerra, pela força que nos transmite, pela exortação que nos dirige.
    Jesus é Luz e essa Luz é a Sua palavra, o Evangelho, o testemunho de vida que nos deixou. Permita-me Frei José Carlos que transcreva alguns excertos do que escreveu.
    ...” Ora cada um de nós recebeu uma centelha da luz divina e assim na sua imagem e semelhança com Deus está também destinado a brilhar e a iluminar, a elevar a sua pequena chama para que ela brilhe com mais intensidade, fortalecida pela altura divina e pela amplitude do mundo à volta.” (…)
    …”Mas como a Palavra divina também a ciência nos ensina, a luz necessita de oxigénio para viver, precisa de espaço e ar, precisa de ser elevada, porque encerrada morre na sua isolada combustão”. (…)
    ...” Descobrimos então que não estamos sós, que a nossa luz pequenina não é única, e em conjunto conseguimos incendiar a escuridão que nos rodeia.”
    Que Jesus ilumine sempre os nossos corações, os nossos caminhos, ajudando-nos a tropeçar menos, e como filhos da Luz, possamos levá-la, num projecto conjunto, ao nosso próximo.
    Obrigada Frei José Carlos por esta maravilhosa partilha. Bem haja.
    Um abraço fraterno
    Maria José Silva

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  2. Frei josé Carlos

    Que excelente e mágnífico texto que nos propos para reflexção e meditação desta dia.A Luz verdadeira é Deus,que nos ilumina através da sua Palavra divina.
    Nós muitas vezes,por preguiça,comodidade,indiferença,deixamo-la sufocar e acaba por morrer.Temos que fazer brilhar esta luz que Deus nos dá on dia a dia da nossa exitência,não a fechemos debaixo dos alqueires.Agradeço-lhe esta bela partilha tão rica de sentido e de luz, desta Palavra que é do próprio Deus Amor.
    Louvo ao Senhor,por nos ter dado o Frei José Carlos,que nos ajuda a meditar tão profundamente.A elevar esta Luz, para que brilhe sempre.
    Bem haja. Uma boa tarde.
    AD

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