A Ordem dos Pregadores celebra hoje, dia dezoito de Janeiro a memória de Santa Margarida da Hungria, que faleceu neste mesmo dia no ano de 1270. Morreu bastante jovem, com vinte e oito anos, e depois de ter vivido vinte e quatro no mosteiro. Filha do rei da Hungria Bela IV e de Maria Láscaris, filha do imperador de Constantinopla, foi entregue ao mosteiro de Vezsprem quando tinha quatro anos de idade, devido ao voto de consagração que os pais tinham feito pouco tempo antes do seu nascimento por causa das invasões tártaras.
Viveu no mosteiro de Vezsprem até à idade dos doze anos, quando se transferiu para um novo mosteiro construído para ela por seus pais na ilha que ainda hoje encontramos no Danúbio entre a cidade de Buda e Peste. As invasões turcas destruíram o mosteiro em 1526, escapando os restos mortais de Santa Margarida graças à atenção das monjas que os retiraram na fuga e os depositaram no mosteiro das Clarissas de Bratislava.
Hoje e graças à arqueologia é possível ver o que resta do mosteiro construído pelo rei Bela para sua filha, na chamada ilha Margarida de Budapeste, e venerar algumas das suas relíquias na igreja do convento dos dominicanos de Budapeste.
Margarida viveu uma vida de grande austeridade, não só antes de fazer a profissão religiosa nas mãos do Mestre da Ordem Humberto de Romans, mas também depois, seguindo o modelo que era comum na época de grandes jejuns, bastantes disciplinas, uma grande austeridade e pobreza, que em muitos casos conduziu a mortes precoces como a dela.
Contribuiu também para a sua morte a luta sangrenta entre o seu pai Bela e o filho herdeiro do trono, irmão de Margarida, Estêvão, que depois veio a governar como Estêvão V. Critérios diversos e aspirações ao poder, com intervenção de facções oportunistas, conduziram a uma guerra sangrenta entre pai e filho e as forças vivas do país. Margarida tudo sofreu no silêncio do claustro e na oração oferecendo-se a Deus como tributo pela justiça e pela paz da família e do seu povo.
Grande devota da paixão e da cruz de Jesus, percebe-se no entanto a influência da espiritualidade oriental quando nos é contado que uma das suas orações predilectas era a da invocação do nome de Jesus, oração tão querida e fundamental para os cristãos do oriente.
Ao recordarmos a sua memória pedimos a Deus que também a nós nos ajude a ser construtores de paz e de justiça entre aqueles que vivem à nossa volta, alimentando a nossa fé e a nossa esperança na contemplação desse mesmo nome que é o do Rei da Paz, Jesus Cristo.
O painel de azulejos barrocos que ilustra esta memória encontra-se numa das paredes exteriores da capela da Granja do Marquês em Sintra, actual Base Aérea Nº1. Pelo tamanho, local em que foi colocado e outros painéis semelhantes que também ali se encontram, não podemos duvidar que foram transferidos para ali de algum convento dominicano desmantelado após a exclaustração de 1834. Arrisco-me a apontar o convento de Santa Joana de Lisboa, embora me faltem neste momentos provas para fundamentar e confirmar esta hipótese.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada por partilhar connosco o texto que escreveu sobre Santa Margarida da Hungria no dia em que a Ordem dos Pregadores celebra a sua memória. O exemplo da vida de Santa Margarida da Hungria leva-me a meditar sobre a vida da maioria dos irmãos que vivem uma existência devotada a Deus e ao seu semelhante, na total discrição, no silêncio que só a brutalidade humana faz sair do anonimato, actuando o homem, desde sempre, e na actualidade, da mesma forma como procedeu com Jesus Cristo.
Permita-me que faça minhas algumas das frases que escreveu ...” Ao recordarmos a sua memória pedimos a Deus que também a nós nos ajude a ser construtores de paz e de justiça entre aqueles que vivem à nossa volta, alimentando a nossa fé e a nossa esperança na contemplação desse mesmo nome que é o do Rei da Paz, Jesus Cristo.” Bem haja.
Que Jesus nos conduza no Caminho do Bem e da Verdade.
Um abraço fraterno
Maria José Silva