segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Aumenta a nossa fé! (Lc 17,5)

Aumenta a nossa fé, é o pedido que os discípulos formulam a Jesus depois de este lhes ter apresentado a lei do perdão, a necessidade de perdoar até sete vezes se um irmão nos ofender durante o dia.
Pedido mais que verdadeiro, mais que necessário, face à nossa fragilidade, face ao assumir que o outro nos ofende esquecendo-nos de quanto nós mesmos ofendemos. Pedido necessário diante da nossa dificuldade em nos colocarmos no lugar do outro, em perceber as suas fraquezas e debilidades, que não somos melhores ou não fizemos melhor.
E diante de tal pedido Jesus constata como a nossa fé é nula, miserável, porque se fosse pequenina, ainda que do tamanho de um grão de mostarda, ela nos possibilitaria coisas extraordinárias como o arrancar de uma árvore o seu lançamento no mar, ou mais ainda o perdão das faltas do outro.
De facto, restringidos à nossa condição humana com as suas fraquezas e debilidades, com os desejos de poder e superioridade, é impossível perdoar. Não faz parte da nossa natureza de predadores, da lei brutal da vida, em que vencem os mais fortes e os melhor apetrechados para a sobrevivência. Aí não há lugar para o perdão, apenas para a conquista e a vitória.
O perdão das faltas dos outros, ainda que muitas ou graves, torna-se assim uma manifestação de um puro dom, de uma realidade que nos é extrínseca, de uma dimensão da fé de que não somos donos nem capazes de limitar na sua grandeza. O perdão é vivência do divino, é manifestação da presença de Deus, é reconstrução da divindade perdida pela falta cometida e pela ofensa assumida.
Não é de estranhar por isso que Jesus tenha levado esta necessidade ao ponto de instituir um sacramento, um momento processual e vivencial em que nos encontramos com as nossas faltas, pedimos perdão delas, e aumentamos a fé com a reconstrução do estado da graça que é natural à divindade.
Necessitamos por isso, todos nós, e face às faltas cometidas e sofridas, pedir antes de mais a fé, esse dom de Deus para nos reencontrarmos com o irmão no perdão e com o próprio Deus na alegria do perdoado.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Reflicto no texto da Meditação que partilha connosco. Recordando-nos o Evangelho do dia, é manifesto o apelo, a exortação ao perdão ao irmão, com que nos defrontamos quase diariamente, e muitas vezes, não somos capazes de perdoar verdadeiramente porque não admitimos as nossas fragilidades, os nossos erros, o quanto precisamos também de ser perdoados.
    Como nos diz num mundo ...” em que vencem os mais fortes e os melhor apetrechados para a sobrevivência. Aí não há lugar para o perdão, apenas para a conquista e a vitória.”…
    E como nos salienta ...” O perdão das faltas dos outros, ainda que muitas ou graves, torna-se assim uma manifestação de um puro dom, de uma realidade que nos é extrínseca, de uma dimensão da fé de que não somos donos nem capazes de limitar na sua grandeza. O perdão é vivência do divino, é manifestação da presença de Deus, é reconstrução da divindade perdida pela falta cometida e pela ofensa assumida.”…
    Saibamos reconhecer que precisamos ser humildes, conscientes das nossas faltas e fragilidades e como nos exorta ...”todos nós, e face às faltas cometidas e sofridas, pedir antes de mais a fé, esse dom de Deus para nos reencontrarmos com o irmão no perdão e com o próprio Deus na alegria do perdoado.”
    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha desta Meditação, abordando um tema da maior relevância na nossa vida familiar, profissional, convivial, abrangendo a nossa dimensão relacional com o próximo, o nosso irmão e com Deus. É uma partilha profunda que nos desinstala, ajudando-nos no nosso processo de transformação. Bem-haja.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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