segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Senhor, eu não sou digno que entres em minha casa (Mt 8,8)

Ao entrar em Cafarnaum Jesus encontra-se com um centurião romano, um estrangeiro e um gentio. Um homem que tem poder sobre outros homens, que pode dizer vai e eles vão, que pode dizer faz isto e eles fazem.
Contudo, diante de Jesus apresenta-se como aquele que não tem qualquer poder; na sua impotência de curar o servo doente, vem implorar a ajuda daquele que é mais forte que ele, que pode de facto e em verdade dizer vai e faz, uma vez que à sua palavra tudo foi criado.
E quando Jesus se prontifica a ir a sua casa, curar o pobre servo que tem paralítico e nem sequer pode ser deslocado, o centurião romano humildemente diz-lhe que não é digno, que não merece a visita de Jesus à sua casa.
Quanta humildade a deste homem habituado a dar ordens e a ser obedecido, quanta fé e sabedoria. Sabe com quem se veio encontrar, reconhece a sua indigência e infidelidade, e mostra para com aquele a quem recorre o respeito divino que lhe é devido.
No portal deste Advento de 2011, o centurião romano apresenta-se como uma pista para vivermos este tempo de preparação para o Natal. Com ele também nós somos convidados a reconhecer a nossa indignidade para receber o Senhor que vem ao nosso encontro. Afinal de alguma forma também nós nos mantemos ainda na gentilidade, nesse campo da infidelidade, quando continuamos a viver como se fossemos senhores e donos do que nos rodeia, quando nos iludimos que tudo obedece às nossas ordens e desejos.
Mas com o centurião romano somos também convidados neste Advento a caminhar em direcção ao Senhor, a solicitar a cura das nossas paralisias e daqueles que amamos ou com quem vivemos. Necessitamos dizer-lhe que estamos doentes e necessitamos a sua cura, necessitamos que venha ainda que sejamos indignos. É a oportunidade do encontro e do diálogo que se nos oferece.
E depois, na humanidade de Deus que vem ao nosso encontro, nessa fragilidade de um Deus infante, oferece-se-nos a possibilidade de ver para além do visível, de desvelar o véu da humanidade em que se oculta a divindade. O Filho de Deus encarnou para se poder encontrar com o centurião e se poder encontrar com cada um de nós.
Peçamos por isso ao Senhor nosso Deus que nesta caminhada para o nascimento de Jesus nos disponhamos a acolhê-lo como aquele que pode curar todas as nossas fragilidades e paralisias.



2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Agradeço-lhe este maravilhoso e belo texto que partilhou connosco.Ao ler com muito interesse,nos ajuda a reflectir mais profundamente a nossa meditação.Gostei muito.Frei José Carlos,como nos diz no texto,peçamos ao Senhor nosso Deus que nesta caminhada para o nascimento de Jesus nos disponhamos a acolhê-lo como aquele que pode curar todas as nossas fragilidades.Ogrigada,Frei José Carlos,por esta bela Meditação.Desejo-lhe uma boa noite.
    Um abraço fraterno.
    AD

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  2. Frei José Carlos,

    Leio e medito no texto que partilha connosco. Faço a minha introspecção e interrogo-me se a preparação do Advento de 2010 e o caminho percorrido até ao início do Advento de 2011 contribuiu para transformar-me, se consegui cair menos vezes, duvidar menos, se sou mais humilde, se consegui ver para além do visível, se procurei fazer sempre o caminho para o encontro com Jesus, se sou mais solidária com o próximo, com os nossos irmãos. Na minha condição, sinto que estou longe do que desejava ter atingido, tenho um longo caminho a percorrer.
    Como o Frei José Carlos nos salienta ...” o centurião romano apresenta-se como uma pista para vivermos este tempo de preparação para o Natal. Com ele também nós somos convidados a reconhecer a nossa indignidade para receber o Senhor que vem ao nosso encontro. Afinal de alguma forma também nós nos mantemos ainda na gentilidade, nesse campo da infidelidade, quando continuamos a viver como se fossemos senhores e donos do que nos rodeia, quando nos iludimos que tudo obedece às nossas ordens e desejos.
    Mas com o centurião romano somos também convidados neste Advento a caminhar em direcção ao Senhor, a solicitar a cura das nossas paralisias e daqueles que amamos ou com quem vivemos. Necessitamos dizer-lhe que estamos doentes e necessitamos a sua cura, necessitamos que venha ainda que sejamos indignos. É a oportunidade do encontro e do diálogo que se nos oferece.”…
    Bem-haja por nos recordar que …” O Filho de Deus encarnou para se poder encontrar com o centurião e se poder encontrar com cada um de nós.”
    Façamos nossas as palavras do Frei José Carlos e “Peçamos por isso ao Senhor nosso Deus que nesta caminhada para o nascimento de Jesus nos disponhamos a acolhê-lo como aquele que pode curar todas as nossas fragilidades e paralisias.”
    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha das palavras que nos ajudam nos processos de análise, a reconhecer-nos, a não ter medo de buscar incessantemente Deus. Estamos gratos (as) por nos ajudar a fazer a preparação para o Advento.
    Peçamos ao Senhor que o abençoe e ilumine.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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