quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Carta do Padre Gaudrault a solicitar a Salazar o Convento da Batalha

Excelentíssimo Senhor
Dr. António de Oliveira Salazar
Presidente do Conselho
São Bento, LISBOA
Excelência.
Apresento a Va. Excia. os meus respeitosos cumprimentos e peço para aceitar a expressão dos meus sinceros votos pelo sucesso sempre crescente da grandiosa obra de Va. Excia. tão plena de responsabilidades.
Excelência, pensei muitas vezes na possibilidade de os Dominicanos recuperarem o Mosteiro e a Igreja da Batalha para assegurar o sucesso da Restauração da Província Dominicana em Portugal. Tendo falado sobre isso com um amigo, este sugeriu-me em submeter o projecto a Va. Excia., pois talvez recebesse favoravelmente a minha proposta. É confiado nisto que hoje venho submeter, com toda a humildade, este projecto a Va. Excia.
Compreendo que este Monumento Nacional deva ficar como propriedade do Estado, podendo nós ser os seus guardas naturais, ocupando o claustro de D. Afonso V e servindo-nos da Igreja para os nossos ofícios, bem como de outros locais, como a Sala Capitular, onde repousa o soldado desconhecido, para aí rezarmos por todos os soldados e outros caídos pela honra e glória de Portugal, para ali fazer ascender até Deus a acção de graças de Portugal, que ali encontrou a sua Libertação. De resto, foi com tal fim que este Mosteiro e esta Igreja foram erguidos e entregues outrora aos Dominicanos.
Além disso, trabalhamos hoje para restaurar a antiga e gloriosa Província Dominicana de Portugal. É-nos preciso para isso, estabelecer o nosso Noviciado e organizar os nossos Estudos Superiores, porque até aqui os nossos noviços e estudantes são obrigados a expatriarem-se durante oito ou nove anos a fim de tomarem o hábito dominicano e cursarem os estudos respectivos.
Eu desejaria estabelecer neste Mosteiro da Batalha ou o nosso Noviciado ou o nosso Estudo Geral de Filosofia e Teologia, o que concorreria para uma melhor cultura e maior honra de Portugal.
Para tal fim ser-nos-ia, evidentemente, necessário ocupar todo o claustro de D. Afonso V, adaptando-o às nossas necessidades. Entretanto, porque se necessita de tempo para esta adaptação, estaríamos dispostos a ocupar temporariamente com alguns religiosos, só uma parte do claustro, se ela estiver adaptada às nossas necessidades, na esperança de poder ocupar todo o claustro, conforme a intenção a cima mencionada.
Tenho, portanto a honra, Sr. Presidente, de submeter a Va. Excia. este projecto de reocupação pelos Dominicanos do Mosteiro e da Igreja da Batalha, como guardas naturais deste Monumento Nacional, para nele estabelecer, logo que for possível, ou o Noviciado ou o Estudo Geral de Filosofia e Teologia.
Ficaríamos extremamente agradecidos a Va. Excia. por este gesto generoso em nosso favor, e traduziríamos este reconhecimento com as preces quotidianas por Va. Excia. e por suas intenções.
Se o meu humilde pedido for favoravelmente atendido por Va. Excia. poderíamos discutir algumas particularidades e chegarmos a um bom acordo e resultado sobre este importante problema.
Por minha parte, procuraria falar com S. Excia. o Sr. Bispo de Leiria a fim de obter a licença necessária.
Queira aceitar, Sr. Presidente, a expressão da minha maior consideração e creia-me, de Va. Excia. o mais dedicado servidor. Fr. Pio Maria Gaudrault, O.P.
Vigário Geral dos Dominicanos









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