segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Senhor, que eu veja. (Lc 18,41)

Senhor, que eu veja!
Para um cego que se encontra à beira do caminho e que Jesus manda vir ter consigo e lhe pergunta o que deseja é a resposta mais natural, afinal o milagre esperado toda a vida.
Contudo, é um pedido um tanto ou nada paradoxal, porque no conjunto de todos os presentes este cego é aquele que verdadeiramente vê quem vai a passar e por isso pode clamar: “Jesus, Filho de David tem piedade de mim”.
Assim sendo, o pedido de visão do cego vai para além da visão física, o seu desejo e o seu pedido é o da visão da glória do Messias que passa e ele reconhece.
No Evangelho de São Lucas este é o último milagre de Jesus, um milagre que restitui a visão a quem tem fé, para que possa ver tudo o que se vai passar depois e no escândalo da cruz e da morte contemple a glória do Messias.
Corroborando esta leitura aparece a multidão, que num primeiro momento se apresenta acompanhando Jesus sem mais qualquer sinal identificativo. É apenas uma massa amorfa e cujas intenções de propriedade e controle sobre aquele que passa se manifestam na repreensão ao cego que clama pelo Messias.
Eles vêem e acompanham aquele Jesus mas não sabem verdadeiramente quem ele é. Será o milagre da cura a projectar sobre esta multidão uma outra identidade e por isso quando retomam o caminho não é já uma multidão amorfa que segue Jesus, mas um povo que dá graças e louva a Deus pelo sucedido. Agora também eles vêem.
Também nós necessitamos pedir ao Senhor Jesus que tenha piedade de nós e nos abra os olhos, nós que tantas vezes o seguimos com esse mesmo espírito de propriedade, não vendo verdadeiramente quem seguimos. Que o Senhor Jesus nos abra os olhos para o vermos presente e activo na nossa vida, e sobretudo nessas realidade e situações em que nos sentimos à beira do caminho, em que parece que ele está ausente e nos abandonou.
Permite-nos Senhor ver a tua glória onde ela se oculta.

3 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Fico a reflectir no texto da Meditação que partilha connosco e que intitulou “Senhor que eu veja. (Lc 18.41)”. Como desejamos ver para além do que somos capazes de ver com a visão física, o “invisível” que passa perto de nós e que não sentimos, como uma semente cuja gestação já começou dentro de nós mas que ainda não sentimos, particularmente quando ... “nos sentimos à beira do caminho, em que parece que ele está ausente e nos abandonou.”…
    Que a lição do cego nos sirva de exemplo, e peçamos ao Senhor que reforce a nossa fé …” para o vermos presente e activo na nossa vida, e sobretudo nessas realidades e situações em que nos sentimos à beira do caminho, em que parece que ele está ausente e nos abandonou”, como o Frei José Carlos, nos exorta e reconforta.
    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, profunda e que nos recorda que Jesus não nos abandona, saibamos procurá-lo, sempre, e em especial nos momentos mais difíceis.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe um poema de Frei José Augusto Mourão, OP

    cura-nos

    cura-nos, Senhor,
    do temor e da incredulidade
    da cegueira e da desesperação,
    da tristeza sem causa e do assombramento,
    do amor e das saudades

    livra-nos do pino do dia
    em que te não esperamos
    e pesada e inepta vai a alma

    e que da tua madrugada
    nos acorde para o trabalho da fé
    e a hora da compaixão que não tem hora

    (In, “O Nome e a Forma”, Pedra Angular, 2009)

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  2. Senhor... nos meus momentos de angústia, quando tudo me parecer escuro e que Te afastaste de mim... que os meus olhos do coração Te alcancem sempre, porque sem Ti não sou nada!

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  3. Frei José Carlos,

    Agradeço-lhe,Frei José Carlos,a maravilhosa e bela Meditação que partilhou connosco,tão profunda e rica de sentido,que nos vem lembrar,que o amor de Jesus nunca nos abandona,pelo contrário,saibamos nós todos procur´-lo sempre,em todos os momentos difíceis da nossa vida,e que mais precisamos.
    Como nos diz o Frei José Carlos,permite-nos Senhor ver a tua glória onde ela se oculta.Gostei muito desta partilha.Continuação de uma boa semana.
    Um abraço fraterno.
    AD

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