sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Jesus disse-lhes: “Onde estiver o corpo, aí se juntarão os abutres” (Lc 17,37)

Jesus continua a sua instrução aos discípulos sobre o fim dos tempos, sobre o juízo final e para mostrar a inevitabilidade, mas também o conhecimento possível desse acontecimento, apresenta as histórias de Noé e de Lot.
São histórias em que os elementos tradicionalmente reconhecidos como purificadores aparecem, a água que submerge o mundo conhecido de Noé e o fogo que consome a cidade de Sodoma onde Lot habitava.
Mas se estas duas tragédias mostram um juízo, um exercício de prestação de contas por parte de Deus, revelam também que a relação com Deus, a viva vivida na fidelidade aos mandamentos do Senhor, possibilitam uma salvação desse juízo e dessa condenação.
E por isso, quando os discípulos, imitando os fariseus, perguntam pelo local de tal acontecimento, Jesus responde-lhes com essa resposta para nós hoje um pouco enigmática mas bastante concreta e perceptível para os que o ouviam.
“Onde estiver o corpo se juntarão os abutres”, porque estas aves necrófagas se juntam para devorar os corpos sem vida, os corpos caídos no deserto, e os discípulos sabiam disso.
Ora, se assim acontece na natureza, também o mesmo acontece na vida espiritual, na realidade do juízo final e do fim do mundo. Serão aqueles que estão mortos que serão devorados, que serão consumidos pelo fogo e pela água, pelos abutres, porque os vivos serão tomados e serão levados, serão preservados pela própria vida que transportam em si.
E esta vida é o conhecimento de Deus, a permanência nele. Quem conhece a Palavra de Deus e permanece nela, vive para sempre, porque esta palavra não passará ainda que passem o céu e a terra. São estas as promessas de Jesus e são também o testemunho que nos deixam Noé e Lot, que permaneceram na Palavra de Deus através da sua fidelidade.
Peçamos por isso ao Senhor que nos ajude a estar atentos à sua Palavra e a permanecer nela para não perecermos, porque a sua Palavra é vida e vida eterna.





3 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    No texto da Meditação que partilha connosco recorda-nos que se as histórias de Noé e de Lot de que Jesus se serve para falar aos discípulos sobre o “fim dos tempos, sobre o juízo final”( ...), …”mostram um juízo, um exercício de prestação de contas por parte de Deus, revelam também que a relação com Deus, a vida vivida na fidelidade aos mandamentos do Senhor, possibilitam uma salvação desse juízo e dessa condenação.”…
    Não sabemos quando chega esse momento mas devemos estar preparados e vigilantes. O importante é seguir, praticar a Palavra de Jesus.
    Como nos salienta …” Quem conhece a Palavra de Deus e permanece nela, vive para sempre, porque esta palavra não passará ainda que passem o céu e a terra. São estas as promessas de Jesus e são também o testemunho que nos deixam Noé e Lot, que permaneceram na Palavra de Deus através da sua fidelidade.”…
    Façamos nossas as palavras do Frei José Carlos, e …” Peçamos por isso ao Senhor que nos ajude a estar atentos à sua Palavra e a permanecer nela para não perecermos, porque a sua Palavra é vida e vida eterna.”
    Obrigada, Frei José Carlos, por esta profunda partilha, por nos lembrar a importância da espiritualidade, da nossa relação com Deus, do conhecimento da Palavra de Deus e da permanência nela”. Bem-haja.
    Votos de um bom fim-de-semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe um poema de Frei José Augusto Mourão, OP
    veni Sancte Spiritus

    vem, Espírito de Deus/vem como uma noite de fogo/e acorda o que em nós, na luz do dia, dorme/

    vem, memória aberta, sobre o que acontece/ e cumpra-se o que às nossas pobres visões presentes falta/

    vem, memória da casa, de corpo não enclausurada/ e que se desloque quando nos movamos/

    vem, motor do devir, que deixa a cada um o seu crescimento,/ a sua diferença e a sua desordem/

    vem, deslocação da estância, negação da estatística e do algoritmo,/que nos ensina a ordem através do ruído/
    e que só na mobilidade encontras o repouso/

    vem, força de Deus, deslocação do ponto fixo,/da casa murada e fria e defendida:/
    que um terramoto faça tremer a língua e estremecer o corpo/que não é neutro nunca se o calor o habita/

    vem, sabedoria, dizer à nossa vida que o racional é lacunar,/efeito de margem, e só há saber das ilhas/
    vem ensinar à nossa vida a finitude/e que recebamos sem êxtases inúteis nem cegueira/
    o invisível que em nós trabalha o barro/

    vem, amor derramado em nossos corações,/vem lembrar que um coração frio/
    não pode compreender uma palavra de fogo/ e que só há vida e piedade e coragem porque o amor nos move/

    vem, instante de fogo e de ternura,/alegria sem medo do ilimitado do corpo e do ilimitado do dom/
    que invocamos neste fim de tarde/ e que nos ensinas a rezar

    (In, “O Nome e a Forma”, Pedra Angular, 2009)

    ResponderEliminar
  2. falta uma melhor explicação...

    ResponderEliminar
  3. Buscava uma explicação acerca desta passagem, mas é difícil encontrar bons sites/blogs católicos. Felizmente, encontrei aqui a resposta e agradeço imensamente!

    ResponderEliminar