quarta-feira, 29 de maio de 2013

Os discípulos estavam preocupados (Mc 10,32)

Na subia para Jerusalém Jesus ia à frente dos discípulos e estes iam preocupados, temerosos, com medo, como nos diz o Evangelho de São Marcos.
Diante de tal estado de espirito não podemos deixar de ser compreensivos, não podemos deixar de os compreender, porque ainda que as esperanças de uma revolução fossem muitas, havia uma realidade militar e política que nublava essas mesmas esperanças, que as fazia cair por terra.
E como este sentimento, esta preocupação se deveria ter agravado quando Jesus lhes revelou que o esperava o sarcasmo e a violência, a condenação e a morte ao chegarem a Jerusalém! Podemos imaginar que alguns ficaram por ali mesmo, regressaram a suas casas e às suas vidas, pois a perspectiva do Mestre era ainda mais aterradora do que a própria realidade.
Neste discurso deve-lhes ter sido difícil ouvir as últimas palavras, certamente nem tomaram conta delas, face à violência e à tragédia que as anteriores suscitavam. Teriam eles escutado, que no fim de tudo “ao terceiro dia ressuscitaria”?
Três breves palavras que invertem completamente a realidade, que abrem uma porta inaudita, e revelam uma realidade divina completamente desconhecida. Da dor e da morte Deus fará surgir a vida, uma vida nova, uma outra vida.
Deus assume que não há outra maneira de vencer a blasfémia da morte senão assumindo-a e transfigurando-a desde o seu interior. A morte terá que ser rebatida desde o seu próprio interior, a morte é vencida pela entrega da vida, pela vitalidade da vida vivida por amor.
Afinal da carne macerada e maltratada, condenada ao pó da terra, destruída, poderá brotar uma fonte de vida mais forte que tudo, mais forte que a própria destruição, uma fonte que mana para a eternidade
Testemunhas da ressurreição de Jesus vivemos nessa esperança e nessa fé, confiantes que a nossa própria vida nas suas limitações e fragilidades é pelo amor com que vivemos, desde já, uma experiência de eternidade.
 
Ilustração: Papoilas vermelhas do campo.
 

3 comentários:

  1. Lindo ! Com as papoilas maravilhosas.
    Obrigada mais uma vez.
    O Divino Espírito Santo continue a iluminá-lo.
    Deus esteja com o Amigo
    Sara de Jesus Ganhão

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  2. Frei José Carlos,

    Só podemos compreender alguns dos acontecimentos relatados no Evangelho se os situarmos no tempo e no espaço, à luz dos sinais dos tempos. A abordagem que faz da incompreensão de alguns discípulos ajuda-nos a compreender de outra forma a reacção dos discípulos para com Jesus. Como nos salienta …” Teriam eles escutado, que no fim de tudo “ao terceiro dia ressuscitaria”?” …
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, pelo estímulo e confiança que nos transmite ao recordar-nos que …” Testemunhas da ressurreição de Jesus vivemos nessa esperança e nessa fé, confiantes que a nossa própria vida nas suas limitações e fragilidades é pelo amor com que vivemos, desde já, uma experiência de eternidade.”
    Que bela ilustração! Que o Senhor o ilumine, o guarde e o abençoe.
    Continuação de boa semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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  3. Frei José Carlos,

    Agradeço-lhe esta bela Meditação do Evangelho de São Marcos,rica de sentido e muito profunda,pela confiança e esperança na fé, do Senhor ressuscitado, que nos dão força na caminhada do nosso dia-a-dia,gostei muito.Também pela beleza da sua ilustração magnífica,as Papoilas vermelhas do campo.Obrigada, Frei José Carlos,pelas palavras partilhadas connosco,são reconfortantes.Bem-haja.
    Que o Senhor o ilumine o ajude e o proteja.Desejo-lhe uma boa tarde e um bom trabalho.
    Um abraço fraterno.
    AD

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