quarta-feira, 29 de maio de 2013

Poema “O Tempo”

Mais um poema resgatado dos velhos baús cuja autoria não está identificada mas que nos pode ajudar a tomar consciência do tempo que vivemos e como o vivemos.

Deus me pede estrita conta do meu tempo
Forçoso é do meu tempo já dar conta
Mas como dar sem tempo tanta conta
Eu que gastei sem conta tanto tempo?

Para ter minha conta feita a tempo
Dado me foi bem tempo e não fiz conta
Não quis, sobrando tempo, fazer conta
Quero hoje fazer conta e falta tempo.

Ah! Se aqueles que contam com sem tempo
Fizessem desse tempo alguma conta
Não choravam como eu o não ter tempo.

Ó vós que tendes tempo sem ter conta
Não gasteis esse tempo em passatempo
Cuidai enquanto é tempo em fazer conta.

Ilustração: Vela da Peregrinação do Externato Marista de Lisboa a pé a Fátima.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    …” Cuidai enquanto é tempo em fazer conta.”… A leitura do poema “O Tempo” levou-me mais uma vez a reflectir sobre o uso que fazemos do tempo, no qual alguns de nós se revê, “espelho meu” …, embarcado(a)s numa voragem do tempo, sem tempo, no qual no(s) deixamos enredar. Que bom quando conseguimos tomar consciência da situação em que caímos e somos capazes de modificar o que parecia não ter fim.
    Que o Senhor nos ajude a viver o quotidiano como um tempo de sabedoria, um tempo para tudo, e tenhamos a coragem de reaprender a viver.
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, tão importante na vida de todos nós, pela pertinência e actualidade da mesma, pela bela ilustração. Bem-haja. Que o Senhor o abençoe e o proteja.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que volte a partilhar o texto de uma oração.

    ORAÇÃO DO
    TEMPO

    Senhor, de todas as perguntas com que Tu me deixas, há uma que cresce dentro de mim: “que fazes do teu tempo?”.
    Sabes, perco-me nas tarefas, nas voltas a dar, nesta e naquela responsabilidade, num imprevisto ... e no meio disso tudo,
    confesso, o tempo da minha vida assemelha-se mais a uma fuga que a uma sementeira. Hoje, queria pedir-te que me desses
    a sabedoria de viver e de repartir o meu tempo. Ajuda-me a realizar o meu trabalho e o meu lazer, o meu esforço e a minha pausa como tempos de dádiva e de encontro. Como tempos que não sejam apenas tempo, mas circulação de vida, de entusiasmo, de criação e afecto.

    (In, Um Deus Que Dança, Itinerários para a Oração, José Tolentino Mendonça, 2011)

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