terça-feira, 21 de maio de 2013

Quem era o maior (Mc 9,34)



São certamente poucos os homens e mulheres que na sua infância não discutiram ou disputaram com os seus irmãos, primos e amigos a altura que tinham. Alinhados uns ao lado dos outros, por vezes em bicos de pé, para se chegar à altura do que estava ao lado e era mais alto, aferia-se quem era o maior.
Passada a infância e chegados à idade adulta continuamos a disputar a grandeza, continuamos a preocupar-nos sobre quem é o maior. A altura deixou de ter importância, mas o seu lugar foi ocupado pela riqueza, pelo prestígio, pelo poder ou pelo dinheiro. Afinal quem é o mais rico, o mais belo, o mais influente?
A discussão que os discípulos vinham tendo no caminho enquanto atravessavam a Galileia, e que não revelam a Jesus por vergonha, é afinal uma discussão que se mantém, que se perpetua, que podemos dizer que é inerente a todos nós enquanto homens e mulheres.
Naturalmente Jesus percebeu que os seus discípulos, como todos os homens, aspiravam aos lugares de poder e prestígio, aos primeiros lugares, a ser o maior. Quantas vezes não os teria visto correr para os primeiros lugares da mesa, para os lugares mais próximos da sua pessoa!   
Diante desta inevitabilidade, desta fonte de tantas lutas e violência, Jesus inverte a nossa lógica e propõe-nos uma outra visão. Quem quiser ser grande deve fazer-se o mais pequeno de todos, deve fazer-se o último de todos.
Jesus recorda aos discípulos e a cada um de nós que a verdadeira grandeza se encontra no dom de si, no dom do serviço gratuito e total. Só quem se entrega é verdadeiramente o maior, só quem serve é verdadeiramente grande.
Procuremos pois o dom de nós, o serviço livre, que nos pode alcançar a grandeza do primeiro lugar.
 
Ilustração: “Cristo e a criança”, de Carl Heinrich Bloch, in Igreja de Sankt Nikolai, Holbaek.
 

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    A forma como inicia o texto da Meditação que teceu sobre o excerto do Evangelho de São Marcos (9,34) fez-me sorrir. Nele aborda uma das problemáicas mais importantes do ser humano, da nossa condição, da nossa vivência, o querer ser …” o mais rico, o mais belo, o mais influente” … Fonte da maior conflitualidade com que cada um de nós sempre se debateu e debate nas diferentes dimensões da nossa existência, assim como as diferentes instituições e o mundo em geral. Como nos leva a praticar o que de menos bom há no ser humano, passando pela auto-destruição, e igualmente pelo sofrimento do próximo, Frei José Carlos. Pergunto-me como podemos participar na construção de um mundo melhor?
    Que o Senhor nos dê a sabedoria e o discernimento para aceitar a visão de Jesus e viver como Frei José Carlos nos sugere … “Jesus recorda aos discípulos e a cada um de nós que a verdadeira grandeza se encontra no dom de si, no dom do serviço gratuito e total. Só quem se entrega é verdadeiramente o maior, só quem serve é verdadeiramente grande.”…
    Grata, Frei José Carlos, pela profunda partilha que nos dá confiança, pela bela ilustração. Que o Senhor o ilumine, o guarde e o abençoe.
    Continuação de um bom dia.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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