São certamente poucos os homens e mulheres que na sua infância não discutiram ou disputaram com os seus irmãos, primos e amigos a altura que tinham. Alinhados uns ao lado dos outros, por vezes em bicos de pé, para se chegar à altura do que estava ao lado e era mais alto, aferia-se quem era o maior.
Passada a infância e
chegados à idade adulta continuamos a disputar a grandeza, continuamos a
preocupar-nos sobre quem é o maior. A altura deixou de ter importância, mas o
seu lugar foi ocupado pela riqueza, pelo prestígio, pelo poder ou pelo
dinheiro. Afinal quem é o mais rico, o mais belo, o mais influente?
A discussão que os
discípulos vinham tendo no caminho enquanto atravessavam a Galileia, e que não
revelam a Jesus por vergonha, é afinal uma discussão que se mantém, que se
perpetua, que podemos dizer que é inerente a todos nós enquanto homens e
mulheres.
Naturalmente Jesus
percebeu que os seus discípulos, como todos os homens, aspiravam aos lugares de
poder e prestígio, aos primeiros lugares, a ser o maior. Quantas vezes não os
teria visto correr para os primeiros lugares da mesa, para os lugares mais
próximos da sua pessoa!
Diante desta
inevitabilidade, desta fonte de tantas lutas e violência, Jesus inverte a nossa
lógica e propõe-nos uma outra visão. Quem quiser ser grande deve fazer-se o
mais pequeno de todos, deve fazer-se o último de todos.
Jesus recorda aos
discípulos e a cada um de nós que a verdadeira grandeza se encontra no dom de
si, no dom do serviço gratuito e total. Só quem se entrega é verdadeiramente o
maior, só quem serve é verdadeiramente grande.
Procuremos pois o dom
de nós, o serviço livre, que nos pode alcançar a grandeza do primeiro lugar.
Ilustração: “Cristo e
a criança”, de Carl Heinrich Bloch, in Igreja de Sankt Nikolai, Holbaek.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarA forma como inicia o texto da Meditação que teceu sobre o excerto do Evangelho de São Marcos (9,34) fez-me sorrir. Nele aborda uma das problemáicas mais importantes do ser humano, da nossa condição, da nossa vivência, o querer ser …” o mais rico, o mais belo, o mais influente” … Fonte da maior conflitualidade com que cada um de nós sempre se debateu e debate nas diferentes dimensões da nossa existência, assim como as diferentes instituições e o mundo em geral. Como nos leva a praticar o que de menos bom há no ser humano, passando pela auto-destruição, e igualmente pelo sofrimento do próximo, Frei José Carlos. Pergunto-me como podemos participar na construção de um mundo melhor?
Que o Senhor nos dê a sabedoria e o discernimento para aceitar a visão de Jesus e viver como Frei José Carlos nos sugere … “Jesus recorda aos discípulos e a cada um de nós que a verdadeira grandeza se encontra no dom de si, no dom do serviço gratuito e total. Só quem se entrega é verdadeiramente o maior, só quem serve é verdadeiramente grande.”…
Grata, Frei José Carlos, pela profunda partilha que nos dá confiança, pela bela ilustração. Que o Senhor o ilumine, o guarde e o abençoe.
Continuação de um bom dia.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva