quarta-feira, 24 de julho de 2013

Saiu o semeador a semear. (Mt 13,3)

É sentado na barca, junto às margens do lago, que Jesus apresenta a parábola do semeador, desse semeador que lança a semente sem olhar aos terrenos, sem se preocupar onde cai a semente.
E sem que o diga, ou assuma claramente neste momento, Jesus é o grande semeador, pois deita à terra dos ouvintes a sua palavra, os seus ensinamentos. Como o semeador da parábola não se preocupa com o terreno, com a fidelidade dos ouvintes, apenas se preocupa em se fazer ouvir, em lançar a palavra.
Não é portanto estranho que diante de tamanha multidão tenha subido à barca e desde aí se tenha posto a ensinar a multidão. Sentado, como um mestre, Jesus dirige a palavra àqueles que o querem ouvir.
Mas ele não é apenas o semeador é também a semente, a semente lançada à terra desde o Céu e pelo Pai. O mistério da encarnação, do Filho de Deus que se fez homem, é esta sementeira, e portanto espera-se que a produção seja abundante.
Assim, a terra que somos deve acolher a semente da doutrina, mas deve acolher igualmente aquele Jesus de Nazaré que é o semeador e a semente, a pessoa humana com a qual se pode estabelecer uma relação.
Deus vem generosamente ao nosso encontro semeando e fazendo-se semente, pelo que nos cumpre acolher e procurar produzir o que está de acordo com as nossas capacidades. Nem mais nem menos, mas o que cada um pode segundo as suas possibilidades.
Acolhendo o semeador que é também a semente descobrimos que não há terreno nenhum que não se possa converter, que não possa alterar a sua capacidade de produção. Um solo ingrato e pobre pode transformar-se num solo rico e produtivo.
O semeador saiu a semear e vai lançado a semente, saibamos preparar o nosso coração para a acolher e para germinar para além de toda a nossa expectativa ou medo. A produção consentida por nós é fruto da graça da acção de Deus, e portanto a abundância da produção é sempre uma realidade do Reino.
 
Ilustração: “ Semeador ao por do sol”, de Vincent Van Gogh, Museu VanGogh em Amesterdão   

3 comentários:

  1. Será a nossa grande vitória: ter o coração preparado para dar frutos da semente que acolhemos e, simultaneamente,receber o Semeador que se nos oferece cada dia.

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  2. O semeador sai a lançar a semente... Mesmo aquela que cai entre as pedras pode vir a dar fruto. Basta que alguém lhe lance um pouco de boa terra. Não será esse um dos nossos papéis... colaborar com o semeador? Inter pars

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  3. Frei José Carlos,

    Como nos afirma Jesus é simultaneamente o semeador e a semente sem se preocupar onde cai a semente. A cada um de nós cumpre como salienta …” acolher e procurar produzir o que está de acordo com as nossas capacidades. Nem mais nem menos, mas o que cada um pode segundo as suas possibilidades.”…
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas, pela força e coragem que nos transmitem, por recordar-nos …” que não há terreno nenhum que não se possa converter, que não possa alterar a sua capacidade de produção”, que “a produção consentida por nós é fruto da graça da acção de Deus” e por exortar-nos a …”preparar o nosso coração para a acolher e para germinar para além de toda a nossa expectativa ou medo”.
    Que o Senhor o ilumine, o guarde e o proteja.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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