sábado, 21 de janeiro de 2012

Carta de D. Laura de Avelar e Silva Benfeitora dos Estudantes Dominicanos

Se ontem divulgávamos uma nota das despesas da formação dos jovens dominicanos em Saint-Maximin no ano de 1926 e referíamos como as notas à margem manifestavam a existência de benfeitores que patrocinavam os estudos desses dominicanos, hoje apresentamos uma pequena carta que D. Laura de Avelar e Silva escreveu aos padres dominicanos em Portugal em Março de 1925 e na qual refere que inclui quinhentos mil reis para se poder liquidar as dívidas que existiam em Espanha.
É interessante ver a sua preocupação com o “desemprego” do destinatário da carta, mas sobretudo o sentimento de partilha de responsabilidade quando usa o plural no “saldarmos”, como se a divida da formação dos dominicanos também fosse sua.
Como se pode ver na nota que foi escrita no fundo da carta “estes 500 mil reis deviam ser para pagar em Córias a viagem do António Oliveira de lá para Saint-Maximin”.
António era o nome de baptismo de frei Clemente de Oliveira, que em 1923 passou do Convento de Córias, pertencente à Província de Espanha e onde fez o primeiro ano de Filosofia, para Saitn-Maximin onde terminou os estudos.

Lisboa 2 de Março de 1925

Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor
Também eu tive muita pena de não ter estado em casa quando Vossa Reverência fez o favor de me vir procurar. Mas tenho tido uma questão judicial que muito me preocupava e que muito me fez sair. Graças a Deus foi agora julgada e a nosso favor como era de justiça.
Incluo aqui 500$000 reis para Vossa Reverência fazer o favor de comprar o cheque das pesetas e as mandar ao seu destinatário para saldarmos as nossas contas em Espanha.
Então arranjou alguma capelania boa? Conseguiu alguma coisa nas Picoas?
Esperando o prazer de o ver e poder conversar, sou com a maior consideração de Vossa Reverência atenciosa venerada e muito obrigada
Laura de Avelar e Silva

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Li com muito interesse todos os textos sobre a Ordem Dominicana,as ilustrações maravilhosas e cartas que tem partilhado connosco.Bem-haja Frei José Carlos,gostei muito,mas mesmo muito.Que Deus o ajude e o ilumine.Uma boa tarde.
    Um abraço fraterno.
    AD

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  2. Frei José Carlos,

    Li com interesse a carta de uma das benfeitoras das despesas da formação dos jovens dominicanos e os comentários que fez à mesma, salientando-nos a atenção para alguns detalhes ...” É interessante ver a sua preocupação com o “desemprego” do destinatário da carta, mas sobretudo o sentimento de partilha de responsabilidade quando usa o plural no “saldarmos”, como se a divida da formação dos dominicanos também fosse sua.”…
    Se me permite, como a compreendo bem, Frei José Carlos. Quando nos sentimos parte de uma comunidade seja de que tipologia for, sentimos e vivemos o que nela acontece, com a devida salvaguarda pelo respeito e pela privacidade de cada um de nós.
    Ao longo da vida vamos construindo várias famílias e, por vezes, os laços mais estreitos, nem sempre são com a família biológica ou o que dela ainda existe.
    A amizade, a solidariedade, a capacidade de escuta, a disponibilidade, as afinidades, vão-nos ajudando a tecer outras pontes, com a graça de Deus.
    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha. Bem-haja.
    Votos de um bom domingo.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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