terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Quem permanece nele não peca (1Jo 3,6)

Quando João Baptista viu vir Jesus ao seu encontro exclamou “eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. João reconhecia naquele Jesus que vinha ao seu encontro, ao seu baptismo de água para o arrependimento, aquele que era capaz de realizar a libertação de todo o pecado do mundo, de proceder ao baptismo do Espírito como lhe tinha sido anunciado.
São João Evangelista, na sua Primeira Carta, retoma esta mesma ideia e exclamação de São João Baptista, mas alarga a sua amplitude, torna-a mais abrangente e assim podemos ler que não só Jesus tira o pecado do mundo, pelo seu sacrifício de amor, como também todo aquele que permanece em Jesus não peca.
Há assim uma permanência, uma sintonia e uma unidade que permitem que aquele que vive em Jesus, com Jesus e para Jesus não peque. Podemos falar de uma certa transfiguração, de uma mudança ontológica que nos configura com aquele que é o sem pecado e portanto nos comunica essa mesma condição.
Contudo, e aqui se coloca o desafio, para que tal aconteça não podemos deixar de ter sempre presente que somos filhos de Deus, nascemos daquele que é Justo e portanto a justiça e a sua prática, aliada à esperança da acção salvadora de Jesus, nos conduzem a essa pureza que identifica o Cordeiro de Deus e Verbo de Vida.
A condição de sem pecado constitui-se assim a partir da identificação e da fidelidade a essa mesma identificação, da configuração com o Filho de Deus e a sua acção redentora, do assumir que somos outros filhos convocados a uma obra redentora. Como nos diz São Paulo somos chamados a completar em nós o que falta à paixão de Cristo, e na medida em que o procuramos fazer permanecemos no amor de Deus e em Jesus sem pecado.
Peçamos por isso ao Senhor que aumente em nós a esperança e a confiança, para que procuremos em cada dia e em cada situação da nossa vida nos irmos configurando cada vez mais a Cristo, verdadeiro Homem e verdadeiro Deus.

Ilustração: “São João Baptista”, atribuído a Caravaggio, Kunstmuseum Basel.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Li com muito interesse este belo texto,muito profundo que partilhou connosco,que nos ajuda a reflectir mais profundamente.E como o Frei José Carlos nos diz,que aquele que vive em Jesus,com Jesus e para Jesus não peque.E aqui se coloca o desafio para que tal aconteça não podemos deixar ter sempre presente que somos filhos de Deus,nascemos daquele que é Justo e portanto a justiça e a sua prática,aliada à esperança da acção salvadora de Jesus,nos conduzem a essa pureza que identifica o Cordeiro de Deus e Verbo da Vida.Peçamos por isso ao Senhor que aumente em nós a esperança e a confiança,para que procuremos em cada dia e em cada situação da nossa vida nos irmos configurando cada vez mais a Cristo,verdadeiro Homem e verdadeiro Deus.Obrigada, Frei José Carlos,pela beleza de Meditação que partilhou connosco,muito profunda gostei muito.Que o Senhor o ilumine e o proteja.Desejo-lhe um bom dia.
    Um abraço fraterno.
    AD

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  2. Frei José Carlos,

    Ontem quando li o texto da Meditação que partilha connosco e que intitulou “Quem permanece nele não peca (1Jo 3,6)” , ao ler a interpretação que faz da frase de João Baptista quando viu vir Jesus ao seu encontro exclamando “eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, retomando-a na interpretação de São João Evangelista, na sua Primeira Carta, mas salientando-nos que o mesmo …”alarga a sua amplitude, torna-a mais abrangente e assim podemos ler que não só Jesus tira o pecado do mundo, pelo seu sacrifício de amor, como também todo aquele que permanece em Jesus não peca” fiquei pela reflexão e interrogação da afirmação que fez, Frei José Carlos, se me permite.
    Hoje voltei a ler e a reflectir sobre o texto e só consigo entender que na nossa condição a possibilidade para que tal aconteça é enquadrando esse desejo de pureza como um projecto de longo alcance, ao qual está subjacente como nos afirma no texto …”uma certa transfiguração, uma mudança ontológica que nos configura com aquele que é o sem pecado e portanto nos comunica essa mesma condição.
    Contudo, e aqui se coloca o desafio, para que tal aconteça não podemos deixar de ter sempre presente que somos filhos de Deus, nascemos daquele que é Justo e portanto a justiça e a sua prática, aliada à esperança da acção salvadora de Jesus, nos conduzem a essa pureza que identifica o Cordeiro de Deus e Verbo de Vida.”…
    Façamos nossas as palavras de Frei José Carlos e com humildade e fidelidade ...” Peçamos por isso ao Senhor que aumente em nós a esperança e a confiança, para que procuremos em cada dia e em cada situação da nossa vida nos irmos configurando cada vez mais a Cristo, verdadeiro Homem e verdadeiro Deus.”
    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha deste texto profundo que nos desafia, que nos compromete em permanência. Bem-haja.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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